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Cannabrava | Eleição no Líbano renova o parlamento e promete mudanças

EUA estão a saquear a Síria escandalosamente, ante indiferença da comunidade internacional
Paulo Cannabrava Filho
Diálogos do Sul
São Paulo (SP)

Tradução:

Impressiona a insensibilidade da comunidade internacional, refletida, claro, na apatia da mídia. A Síria está sendo saqueada diuturnamente pelos Estados Unidos, em flagrante violação da Carta das Nações Unidas, e o mais elementar do direito internacional, direitos humanos violados, impunemente.

Estados Unidos mantêm dezenas de bases militares na Síria, numa verdadeira ocupação em região rica em petróleo e de campos de trigo. Trigo e petróleo roubados, com as sequelas que isso está a causar em toda a região. Roubo à mão armada. Como roubaram o ouro e as refinarias da Venezuela.

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O governo sírio tem denunciado que, além dessa ocupação ilegal por tropas ianques, estão estimulando atividade de grupos terroristas, na região nordeste do país, província de Hasakah, cortando inclusive a comunicação com o vizinho Iraque. Carregamento de trigo para alimentar população do Iraque saqueado pelas tropas ianques.

Além da ocupação ilegal, Estados Unidos estão aplicando na Síria as sanções previstas na Lei César (Caesar Syria Civilian Protection Act), que desde 2019 pune empresas que façam negócios com a Síria. A área ocupada pelos EUA está livre desse bloqueio, o que é uma afronta a todo o povo sírio, e por extensão, a todo Oriente Médio de população majoritariamente árabe. 

Na teoria, os Estados Unidos querem que o povo em desespero por falta de comida, medicamentos e energia, derrube o governo para incluir a Síria e também o Líbano como mais uma de suas colônias. 

EUA estão a saquear a Síria escandalosamente, ante indiferença da comunidade internacional

Monitor do Oriente
Eleição no Líbano renova o parlamento e promete mudanças




Inferno para o povo sírio

Esse inferno para o povo sírio começou em 2011, com o desembarque de tropas especiais e agentes da Cia, para realizar uma operação de ocupação e desestabilização por meio de grupos terroristas. É a nova especialidade dos falcões belicistas ianques: terceirizar a guerra.

Um mínimo de ianques, altamente especializados, e usar a população local como bucha de canhão e mercenários bem pagos. O Al-Qaeda foi criado nessa ocasião e posteriormente o Exército Sírio Livre, ambos, treinados, armados e financiados pelo imperialismo. 

Síria, Somália e Iêmen são bombardeados, mas não recebem mesma atenção que Ucrânia

O governo sírio, com suas forças armadas, não conseguiu vencer os invasores, tal o volume de forças empregadas pelos ianques, e pediu ajuda à Rússia. A Rússia não tem bases militares espalhadas por aí, nem tropas disponíveis, pois sua política não contempla conquistar mais terras do que já tem. Ajuda como pode, com assessores e com aviação. Com a Rússia concentrada na Ucrânia, o Pentágono aproveita para ampliar sua presença na Síria. 

Tática repetida na Ucrânia, que se complementa com o controle dos meios de comunicação, uníssonos em ignorar os fatos reais e enaltecer a ação civilizatória ou humanitária dos Estados Unidos. Por isso insistimos. A paz nas regiões conflagradas – Síria, Palestina, Iraque, Afeganistão, Iêmen, Ucrânia, entre tantos – depende unicamente de Washington.


30 anos de guerras

Nos últimos 30 anos, nunca houve um único ano sem guerra, guerra promovida pelos governos dos Estados Unidos, sejam eles democratas ou republicanos. O governo Obama, por exemplo, do qual o hoje presidente Biden foi vice, não ficou um só dia sem guerra.

Você olha o mapa, Síria e Líbano aparecem como se fossem um só país. Já foram. Agora são dois Estados que se dão bem pois enfrentam um destino comum diante da voragem dos imperialistas europeus e estadunidenses.

Beirute, na belle époque, era a cidade luz do oriente do Mediterrâneo. Líbano das terras férteis exportava alimentos. A requintada culinária libanesa é incomparável. Agora, por toda parte, ruinas.


Como tudo começou

Tudo começou em 1948 com a criação, pelas potências imperiais da época, do enclave colonial que evoluiria para o que é hoje, o Estado Teocrático Sionista expansionista de Israel, braço armado do imperialismo.

Agora mesmo, as autoridades palestinas estão pedindo ao governo de Israel que impeça que uma denominada Marcha das Bandeiras, organizadas por “colonos”, passe pelo bairro muçulmano na zona ocupada de Jerusalém Leste. Cada vez que os israelenses entram nessas áreas, entram quebrando, agredindo os palestinos.

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Por isso tudo o que ocorre no Líbano importa. E as eleições parlamentares de domingo foram das mais importantes. Os resultados recolhidos de despachos de Prensa Latina indicam que dos 4 milhões de libaneses inscritos como eleitores, compareceram 41%, 8 pontos a menos que na eleição de 2018.

Resistência islâmica 16 assentos. Inclui o Hizbollah (Partido de Deus) e três aliados; Amal, 15, o que soma para a esquerda 31 assentos. Perderam a maioria que conquistaram na anterior legislatura, quando tinham 70 das 128 cadeiras do parlamento.

Na verdade, a correlação de forças continua a mesma com a ascensão das novas forças, como os Independentes, Sociedade Civil, socialistas e comunistas, particularmente com a presença de jovens no parlamento.

Esse parlamento terá a missão de escolher o novo presidente. Pela nova composição, é de inferir-se que haverá mudanças. Afastados que foram velhos oligarcas, as forças jovens terão que programar a reconstrução do Líbano.

  • Corrente Patriótica Livre, dos cristãos, 21 mais 3 do partido armênio Tashnag

  • Forças Libanesas, 18

  • Independentes, 13

  • Sociedade civil, 15

  • Partido Socialista Progressista, 9

  • Movimento Futuro, 6

  • Falangistas, 5

  • Movimento Independência, 2

  • Corrente Marada de Frangie, 2

  • Associação de Projetos Benéficos Islâmicos, 2

  • Organização Popular Nasserista, 1

  • Partido Nacional Liberal, 1

  • Grupo Islâmico, 1

  • Partido União, 1


Paulo Cannabrava Filho, editor da Diálogos do Sul.


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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
Paulo Cannabrava Filho Iniciou a carreira como repórter no jornal O Tempo, em 1967. Quatro anos depois, integrou a primeira equipe de correspondentes da Agência Prensa Latina. Hoje dirige a revista eletrônica Diálogos do Sul, inspirada no projeto Cadernos do Terceiro Mundo.

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