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Acusado de desviar doações, Bannon replica Trump e diz ser vítima de "perseguição política"

Estrategista direitista poderia enfrentar condenações de até 15 anos de prisão se for declarado culpado
David Brooks
La Jornada
Nova York

Tradução:

Com um sorriso desafiante e suas mãos algemadas e declarando-se vítima de uma perseguição política, Stephen Kevin “Steve” Bannon, o estrategista direitista e ex-assessor de Donald Trump, apresentou-se perante um tribunal em Nova York ao ser acusado de fraude e lavagem de dinheiro no manejo de doações cidadãs a um projeto privado para financiar a construção do muro fronteiriço contra o México, enquanto que em Washington uma investigação federal está investigando o manejo possivelmente ilegal de um comitê de ação política do ex-presidente.

Bannon foi liberado sem fiança depois de declarar-se não culpado das acusações de fraude, lavagem de dinheiro e conspiração em torno do projeto chamado “Nós construímos o muro”, ao qual milhares de indivíduos doaram mais de 25 milhões de dólares em fundos que Bannon prometeu que seriam utilizados exclusivamente para esse propósito. No entanto, segundo a acusação formulada pela promotoria de Manhattan, centenas de milhares de dólares deste fundo foram transferidos por Bannon para seus gastos pessoais, como a outras entidades e para pagamentos a outras duas pessoas que formavam parte do projeto.

Não foram as fake news nem a fraude eleitoral: o que levou Steve Bannon à prisão nos EUA?

“A simples verdade é que é um crime lucrar com as contribuições de doadores sob pretensões falsas”, afirmou o promotor distrital de Manhattan, Alvin Bragg, o qual explicou que as acusações foram formuladas aqui porque entre os doadores havia centenas de residentes em Nova York. Bannon poderia enfrentar condenações de até 15 anos de prisão se for declarado culpado. 

As acusações são similares às que promotores federais formularam contra Bannon há um par de anos, mas esse caso foi anulado quando Trump indultou seu sócio no último dia de seu período presidencial no início de 2021. 

Os indultos presidenciais só podem ser emitidos em referência a delitos federais, e não a acusações formuladas por autoridades estaduais e locais, como o caso que agora procede em Nova York. Seus dois sócios que foram acusados no caso federal declararam-se culpados em abril. 

Estrategista direitista poderia enfrentar condenações de até 15 anos de prisão se for declarado culpado

Reprodução | Youtube
Bannon acredita que está "acima da lei”, diz procuradora-geral do estado de Nova York




A mesma ladainha

Bannon, como sempre, acusou este caso de ser politicamente motivado. “Nunca me calarão”, comentou a repórteres ao chegar ao escritório do promotor. Há um par de dias afirmou que este caso “é nada menos que o uso político partidário… do sistema de justiça criminal”. 

A procuradora-geral do estado de Nova York, que trabalhou com o promotor de Manhattan neste caso, respondeu que se trata de fazer com que “poderosos interesses políticos prestem contas”, sublinhando que Bannon acredita que “está acima da lei”.

“Amanhã se desencadeará o inferno”, anunciou Bannon a Trump sobre ataque ao Capitólio

Em outro caso não relacionado, Bannon foi declarado culpado em julho por acusações de desacato de uma ordem para comparecer diante do comitê da câmara baixa do Congresso que continua investigando o ataque contra o Capitólio de 6 de janeiro de 2021, e está em espera de uma condenação que poderia ser de até dois anos de prisão. 

Por separado, o Departamento de Justiça, como parte de sua investigação dos atos em torno do ataque contra a Capitólio, está examinando agora o manejo e o gasto do comitê de ação política “Save America” criado por Trump depois de sua derrota eleitoral, e pelo qual arrecadou milhões de dólares em doações ao promover sua falsa versão de que lhe foi negado o triunfo por uma fraude massiva, reportou a ABC News. 

Ao mesmo tempo, o Departamento de Justiça está solicitando que se reverta a decisão de uma juíza que parou temporariamente a investigação criminal sobre os documentos secretos confiscados de Trump pelo FBI, argumentando que isto causará “prejuízo irreparável” à nação.

David Brooks, correspondente do La Jornada em Nova York.
Tradução: Beatriz Cannabrava.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.
David Brooks Correspondente do La Jornada nos EUA desde 1992, é autor de vários trabalhos acadêmicos e em 1988 fundou o Programa Diálogos México-EUA, que promoveu um intercâmbio bilateral entre setores sociais nacionais desses países sobre integração econômica. Foi também pesquisador sênior e membro fundador do Centro Latino-americano de Estudos Estratégicos (CLEE), na Cidade do México.

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