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Em discurso de ódio, Vox quer fim do governo Sánchez por aliança com bascos e catalães

Partido ultradireitista da Espanha reuniu milhares de manifestantes em Madri, neste domingo (27), pedindo o adiantamento das eleições
Armando G. Tejeda
Diálogos do Sul Global
Madri

Tradução:

No último domingo (27), as principais ruas do centro de Madri se encheram de gente com bandeiras espanholas e com uma mensagem ultradireitista, propagada pelo partido Vox, que se converteu em menos de quatro anos na terceira força política do país, atrás do direitista Partido Popular (PP) e do Partido Socialista Obrero Espanhol (PSOE).

A manifestação para exigir um adiantamento eleitoral para “mudar o governo” reuniu mais de 25 mil pessoas, segundo a Delegação do Governo de Madri, e mais de 80 mil, segundo as cifras da formação liderada por Santiago Abascal.

O Vox realizou uma demonstração de força na praça Colón, de Madri, e nas principais capitais de província, convocando milhares de pessoas a se juntarem para expressar sua repulsa ao governo de coalizão do socialista Pedro Sánchez, ao qual reclamaram um adiantamento eleitoral ante seus recentes pactos com as formações nacionalistas bascas e catalãs.

Após agressão sexista do Vox contra ministra da Espanha, ultradireitista zomba da acusação

Apesar da mensagem de ódio difundida pelo Vox, que arremete da mesma forma contra as políticas de gênero e imigração e governos de esquerda – que se definem sempre como “socialcomunistas” – a formação de extrema direita demonstrou que continua tendo influência em uma parte importante da sociedade espanhola.

Partido ultradireitista da Espanha reuniu milhares de manifestantes em Madri, neste domingo (27), pedindo o adiantamento das eleições

Reprodução/Twitter
Santiago Abascal, presidente do Vox, durante manifestação neste domingo (27)

Nas últimas eleições gerais de 2019, o Vox se consolidou como a terceira força, numa margem muito maior que o Unidas Podemos (UP), que está em queda livre há pelo menos três anos. A extrema direita do Vox logrou mais de 3,6 milhões de votos e somou 52 deputados dos 350 que integram a Câmara. As pesquisas eleitorais mais confiáveis não só confirmam o Vox como a terceira força do país, mas advertem um aumento de eleitores e cadeiras, que poderiam superar os 60 deputados.

Isso explica o banho de massas que se deram os líderes do Vox em Madri, em um ato no qual, além de exigir a convocatória de eleições, também lançaram duras críticas às medidas adotadas esta semana pelo governo espanhol, sobretudo com a eliminação do delito de sedição em coordenação com o Esquerra Republicana de Catalunya (ERC) – uma reforma aprovada para garantir o regresso à vida política dos principais líderes que participaram na declaração unilateral falida de independência de outubro de 2017.

Os líderes do Vox também insistiram em suas críticas à ministro da Igualdade, Irene Montero, a principal defensora da lei de liberdade sexual, conhecida como a lei do “só se é sim”, que desde sua entrada em vigor provocou a soltura ou a redução das penas de até 32 estupradores. No ato do Vox, também houve apoio à deputada Carla Toscana, que na semana passada proferiu comentários machistas contra Irene Montero. Toscana afirmou que o cargo de ministra se devia a Montero “conhecer em profundidade Pablo Iglesias”, seu companheiro sentimental e fundador de seu partido, o Unidas Podemos (UP). Além disso, a ministra da Igualdade de “se vitimizar”.

Armando G. Tejeda | Correspondente do La Jornada em Madri


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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Armando G. Tejeda Mestre em Jornalismo pela Jornalismo na Universidade Autónoma de Madrid, foi colaborador do jornal El País, na seção Economia e Sociedade. Atualmente é correspondente do La Jornada na Espanha e membro do conselho editorial da revista Babab.

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