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ToggleNa semana passada, o governo de Joe Biden anunciou uma série de sanções contra estrangeiros para marcar o Dia Internacional dos Direito Humanos e o Dia Internacional contra a Corrupção. Na lista quase nunca há um aliado dos Estados Unidos (por exemplo Israel ou Arábia Saudita, entre outros exemplos tão respeitáveis) mas sempre estão os “adversários”, incluindo Rússia, China, Irã, Cuba, Venezuela etc. Porém o mais notável a estas alturas é que Washington deixou fora de sua lista dos denunciados um país que comete violações graves em torno aos direitos humanos e cujo sistema político está envenenado com a corrupção.
O que se autoproclama juiz do mundo sobre os direitos humanos é o país que impulsionou mais guerras como “operações” bélicas que incluíram sequestros, assassinatos, tortura e detenções em várias partes do mundo. Só nas guerras pós 11 de setembro se calcula que morreram como consequência direta mais de 929 mil pessoas, em sua maioria civis, mais outras centenas de milhares pelas consequências indiretas dessas guerras, incluindo 38 milhões de refugiados e deslocados.
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Aquele que afirma ser o guardião da “liberdade” é o país mais encarcerado do mundo, onde entre outras coisas usa o isolamento solitário prolongado, que é considerado como uma forma de tortura pela ONU, e é o único país do chamado mundo “avançado” que ainda realiza execuções oficiais.
Este é o país que foi capaz de repetir o uso de uma técnica nazista separando à força crianças dos braços de seus pais e enjaulando-as em centros de detenção.
Reprodução/Twitter
Nos EUA, autoridades violam os direitos de proteção à privacidade ao implementar programas de espionagem sobre sua própria população
Múltiplas violações
Neste país, as autoridades violam, às vezes “legalmente”, direitos básicos, entre eles o direito ao voto de minorias, o direito ao aborto, os direitos básicos da comunidade gay, os direitos indígenas, sem falar dos direitos trabalhistas que já são muito limitados, tudo de maneira impune.
As autoridades violam os direitos de proteção à privacidade ao implementar vários programas secretos de espionagem em massa sobre sua própria sociedade.
Em torno ao direito à liberdade de expressão, há campanhas locais e estaduais para proibir livros “anti-estadunidenses” em escolas e bibliotecas. Governos de ambos os partidos perseguiram jornalistas e sua fontes, entre elos denunciantes de violações pelas autoridades, como Edward Snowden e Julian Assange.
A Anistia Internacional qualifica Snowden como “um herói de direitos humanos” e denuncia que seja perseguido pela lei estadunidense. “Quando expor um crime é tratado como se estivesse cometendo um crime, você está sendo governado por criminosos”, opinou Snowden há anos.
Intentona e corrupção eleitoral
Os EUA são um país que sofreu uma tentativa de golpe de Estado impulsionado por seu próprio presidente e realizado por organizações ultradireitistas, parte de uma ameaça neofascista que continua abertamente presente hoje. Só neste último fim de semana, uma legisladora federal, Marjorie Taylor Greene, comentou em um jantar de gala de conservadores em Nova York que “se Steve Bannon e eu tivéssemos organizado” o ataque contra o Capitólio de 6 de janeiro, “teríamos ganhado, sem mencionar que estaríamos armados”.
Em torno à corrupção, é um segredo aberto que o grande dinheiro de alguns contamina o processo eleitoral estadunidense e essa prática corrupta goza agora da proteção do Suprema Corte, que declarou há alguns anos que as contribuições ilimitadas pelos ricos às campanhas são nada menos que um exercício da liberdade de expressão!
Por outro lado, a crise financeira de 2007 foi resultado de uma das maiores fraudes da história, mas nenhum executivo de Wall Street foi julgado. E a história do ex-presidente Trump é um exemplo de como a corrupção é parte dos custos de fazer negócio e política.
Portanto, talvez o melhor presente que podem trazer os Rei Magos (que por certo provém de zonas muito suspeitas do “leste”) a Washington este ano é um espelho.
Bônus Musical
Mavis Staples – No time for crying
Playing for Change – Walking Blues
David Brooks | Correspondente do La Jornada em Nova York.
Tradução: Beatriz Cannabrava.
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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