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ToggleUm ano de guerra na Ucrânia, onde Otan/EUA armam Zelenski para bombardear e tentar destruir Putin: quem levou a melhor?
Resultado visível para a humanidade, além das mortes cruéis provocadas pela invasão do território ucraniano, na região do Donbass, Lugansk e Donesck, pela Rússia, sob argumento de defesa prévia de seu território povoado por maioria russa: desarticulação geral da economia global.
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Como, por enquanto, embora a Ucrânia esteja destroçada e a Rússia, não, não há vencedor, nem disposição para o diálogo, o conflito deverá aprofundar-se.
Ou melhor, está se aprofundando, pois os mais interessados em sua continuidade são os Estados Unidos, visto que são os que mais lucram com sua indústria armamentista, enquanto avança a instabilidade e a miséria global.
Tio Sam se arregimenta para obrigar, especialmente, aliados europeus a irem à guerra, com capital americano, bancado pela dívida pública que eleva lucratividade dos financistas anglo-americanos.
Mas, o fato é que não deu certo, até agora, o propósito de Tio Sam de, em nome de suposto fortalecimento da democracia, sancionar a Rússia para sucumbi-la ao bloqueio econômico patrocinado pelo dólar.
Kremlin
Quem está com a bola cheia debaixo do braço é o dono das matérias primas que impõe preço cotado em sua moeda, o rublo
Guerra monetária de Putin
Apoiado nos seus ativos econômicos reais – minérios, petróleo, gás, alimentos –, dos quais dependem a Europa, Putin deu um golpe de karatê na moeda americana, hegemônica nas relações globais.
O abalo consequente sobre a poderosa economia americana agitou a economia mundial e produziu instabilidade como norma geral.
O chefe russo descolou o rublo do dólar e exigiu, pelas mercadorias russas, pagamento em rublo.
Para tanto, os clientes da Rússia tiveram, ao longo do primeiro ano da guerra, de converter suas moedas, cotadas em dólar, transformando-as em rublo, depositadas no Banco Central da Rússia, para comprar as mercadorias indispensáveis a sua sobrevivência.
Putin aprendeu com Colbert, poderoso ministro das Finanças de Luiz 14: a moeda – finanças públicas –, dizia, é o nervo vital da guerra, o que, aliás, é, também, o ensinamento de Tio Sam, para manter a hegemonia do dólar, desde Bretton Woods, 1944, pós segunda grande guerra.
A diferença, agora, é que a Rússia, com emissão estatal, sobre a qual não paga juros, está armada, até os dentes, para rivalizar com Estados Unidos, ao mesmo tempo em que se aliou, na véspera da guerra, à poderosa China.
Adversários de joelhos
A estratégia monetária de Putin colocou Europa de joelhos e abalou Washington.
Os europeus – e o resto do mundo –, que compram da Rússia petróleo, gás, minérios e, alimentos, cotados em dólar, foram obrigados a se renderam à senhoriagem monetária fixada por Moscou.
Banco Central russo, na prática, virou Bolsa de Chicago.
A conversão do dólar em rublo se tornou obrigatória.
Com isso, Washington, ao perder senhoriagem pelo dólar em circulação, depois de sua emissão pelo BC americano, viu seu poder monetário produzir involuntariamente inflação global.
Os clientes da Rússia, ao terem que usar dólar para depositá-lo no Banco Central da Rússia, de modo a dispor das mercadorias de que necessitam, viram suas reservas em moeda americana perder valor relativo diante da valorização das matérias primas russas cotadas em rublo.
Mercadorias X moeda: quem vale mais?
A valorização do valor de troca é, na guerra na Ucrânia, dada pelas mercadorias a serem consumidas, não mais pela moeda que vai adquiri-las, no jogo da guerra monetária colocada em cena por Putin.
Os preços das matérias primas subiram no mercado internacional acima da cotação das moedas e a inflação, bombeada pela desdolarização, disparou, acentuada pela conversão obrigatória em rublo cobrada, soberanamente, pelo líder russo.
Velho continente colonizado pelo dólar
A Europa foi duplamente castigada: o euro desvalorizou em escala global e, ainda, sofre penalização adicional, porque, frente às sanções americanas à Rússia, teve que comprar mais caro, especialmente, dos Estados Unidos, gás, petróleo e alimentos.
O terreno economicamente minado europeu tende a se transformar em palco de lutas revolucionárias com avanço do desemprego e pressões inflacionárias.
Na prática, Europa vive os tormentos financeiros impostos pelo mercado decorrente da sabotagem econômica e financeira americana.
Como o poder de compra dos salários na Europa despencou, a inflação disparou.
A inflação, na Europa, decorre não do excesso de demanda, mas da escassez produzida pela guerra.
Não é à toa, por exemplo, que os brasileiros, que tinham mudado para Portugal, estão de volta aos borbotões, fugindo da fome.
As pressões americanas sobre Putin, para que ele fixe limite para o preço de suas matérias primas ao ocidente, foram recebidas com sorriso sarcástico por Moscou.
Quem está com a bola cheia debaixo do braço é o dono das matérias primas que impõe preço cotado em sua moeda, o rublo.
Sem luz no horizonte
As matérias primas se valorizam relativamente ao papel moeda sujeito às especulações e desvalorizações abruptas, ao sabor das ondas do mar, que trazem as mercadorias, como diria Shakespeare, em Mercador de Veneza.
Para se assegurar, econômica e financeiramente, a Rússia aprofundou relações comerciais com a China, para utilização de moedas locais, rublo por yuan e vice-versa, nas trocas bilaterais.
Elas, por sua vez, expandiram-se, ao longo de 2022, prometendo prosseguir, cada vez mais forte, em 2023, mantida acesa a guerra, bombeadora da alta dos preços.
Ao mesmo tempo, esse exemplo, dado pela maior aproximação das duas potências – comercial e armamentista –, está a influenciar, em escala global, as relações bilaterais.
Esvaziou-se o poder relativo do dólar de impor sua hegemonia, o que tem resultado em fragilização do poder unipolar americano para dar lugar ao poder multipolar, puxado por Rússia-China.
Estados Unidos insistirão na sua estratégia que se mostra sem utilidade para a humanidade, ao longo do segundo ano de guerra, que ora se inicia.
“Tudo que é útil é verdadeiro; se deixa de ser útil, deixa de ser verdade.” (Keynes)
Putin, que acaba de sair do acordo nuclear que mantém com Estados Unidos, diz que não afrouxará as cordas, enquanto Zelensky não baixar as armas, fornecidas por OTAN-EUA.
Templo nublado na cena mundial.
César Fonseca | Patria Latina
Com informações de Carta Capital.
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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