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Cedo ou tarde, México vai recuperar territórios roubados pelos EUA, afirma general russo

Em entrevista concedida nesta segunda (27) a um portal russo, Nikolai Patrushev fez diferentes críticas ao imperialismo estadunidense
Juan Pablo Duch
La Jornada
Moscou

Tradução:

“Sem dúvida, cedo ou tarde, os vizinhos do sul dos Estados Unidos vão recuperar os territórios que lhes roubaram” porque esse país “se converteu em grande potência por suas conquistas econômicas mediante ações cínicas para se apoderar de territórios, recursos, explorar povos e beneficiar-se das desgraças militares de outros”. 

Mas os Estados Unidos nunca deixaram de ser uma espécie de “roupagem feita de retalhos que se pode desfazer com facilidade pelas costuras” e voltar a suas origens, dividindo-se em Norte e Sul.

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Nesse sentido “ninguém pode descartar que o Sul se desloque para o México, de cujas terras se apoderaram os estadunidenses em 1848. E são mais de dois milhões de quilômetros quadrados”.

Assim o afirma o presidente do Conselho de Segurança da Rússia, general Nikolai Patrushev, em uma extensa entrevista que publicou nesta segunda-feira (27) o diário oficial Rossiskaya Gazeta, na véspera de que se inaugure a segunda “cúpula pela democracia”, patrocinada pela Administração de Joe Biden.

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Considerado uma das pessoas mais próximas ao presidente Vladimir Putin, Patrushev arremeteu com tudo contra os Estados Unidos e desde o princípio lançou a mesma advertência que – de um tempo para cá, conforme aumenta a tensão nos campos de batalha na Ucrânia e fora deles, com quem fornece a Kiev apoio financeiro e militar –, se escuta em qualquer intervenção de um representante do Kremlin: “a Rússia possui armamento moderno único que é capaz de destruir qualquer adversário, incluído os Estados Unidos, no caso de que sua existência se veja ameaçada”. 

Com respeito à cúpula virtual que organiza Washington, critica que “enquanto proclama lemas democráticos de forma oportunista e imprópria, leva muito tempo sendo o campeão em matéria de violação da soberania dos Estados, no número de guerras e conflitos que desatou e na caça brutal e ilegal de cidadãos de outros países”. 

Por isso, exemplifica, “os líderes da América Latina não ocultam que se tornou generalizado o convencimento de que os Estados Unidos jogam um papel destrutivo. A base de Guantánamo se considera um roubo direto da soberania cubana. E este é só um dos muitos exemplos da permanente usurpação da independência dos países latino-americanos”, salienta.

Em entrevista concedida nesta segunda (27) a um portal russo, Nikolai Patrushev fez diferentes críticas ao imperialismo estadunidense

Kremlin
Nikolai Patrushev: "Se os EUA decidirem realmente avançar para a democracia, não faremos mais que receber a notícia com satisfação"




Aliados europeus

Quem também se desempenhou como diretor do Serviço Federal de Segurança (FSB, sigla em russo da dependência sucessora da KGB soviética), dedicou parte de suas reflexões aos aliados europeus dos Estados Unidos: “Washington tem um interesse direto em que se produza o colapso da União Europeia e, desse modo, poder eliminar seu competidor econômico, impedindo que a Europa prospere graças à cooperação com a Rússia”. 

Segundo ele, “os estadunidenses já fizeram tudo o que está ao seu alcance para privar a Europa de sua condição de poderoso ator econômico. Em muitos aspectos, por essa precisa razão Washington promoveu as sanções anti russas”. 

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Crê que o colapso da União Europeia “não está longe” porquanto os europeus “não tolerarão esta superestrutura supranacional, que não só não se justifica a si mesma, mas sim que empurra o Velho Continente a conflito aberto com o nosso país”. 

E sentencia: “Estados Unidos estão dispostos a lutar contra a Rússia não só até o último ucraniano, mas sim também até o último europeu”.


Usam a Ucrânia

Patrushev está convencido de que Washington e Londres “utilizam a Ucrânia”, já que “não lhes importa provocar um conflito pan-europeu, ou incluso mundial, acreditando que podem sair com a sua”. Diz que o comportamento destes países recorda “como os mesmos anglo-saxões fomentaram os nazistas na década de 1930, com a esperança de voltá-los contra a União Soviética”.

Assegura que, nessa mesma linha, as farmacêuticas ocidentais, que “trabalharam em seu dia em desenvolver gases venenosos por encomenda da Alemanha nazista”, agora deixaram de fornecer à Rússia uma série de medicamentos, incluídos os de vital importância”. Por isso, indica, os métodos de “agressão econômica” do Ocidente não são “mais suaves e humanos” que a luta contra o exército russo. 

Enfatiza que “desde 1945, no mínimo, a fonte de qualquer escalada de tensão à escala mundial tem sido o desejo irrefreável das autoridades estadunidenses de manter seu papel dominante no mundo. Como eles acreditam, duas grandes potências, Rússia e China, o impedem agora”. 

Por isso que “depois das tentativas de pressionar a Rússia, Washington se ocupará da China”, estima.


Estratégia do Indo-Pacífico

Qualificou a estratégia do Indo-Pacífico de Washington, apresentada pela Casa Branca em meados de fevereiro de 2022, de “tentativa de criar uma Otan asiática”, uma aliança a modo e semelhança do Organização do Tratado do Atlântico Norte, que “será um novo bloco agressivo dirigido contra a China e a Rússia”. 

Porque o rearmamento da frota australiana de acordo com o pacto trilateral AUKUS (Austrália, Grã Bretanha e Estados Unidos), assim como a entrega de submarinos nucleares e o apoio militar a Taiwan e Coréia do Sul têm um objetivo de longo prazo que é “estabelecer o domínio dos EUA e da OTAN sobre a Eurásia e seu flanco oriental”, sublinhou. 

E a modo de conclusão ironiza: “Se os Estados Unidos decidirem realmente avançar para a democracia e deixar de humilhar seus aliados que não são senão vassalos, não faremos mais que receber a notícia com satisfação”.

Juan Pablo Duch | Correspondente do La Jornada em Moscou.
Tradução: Beatriz Cannabrava.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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Juan Pablo Duch Correspondente do La Jornada em Moscou.

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