Pesquisar
Pesquisar

Após acordo nuclear, Rússia e Turquia decidem doar grãos para África, Ásia e América Latina

Segundo Erdogan, "a Turquia se une ao grupo de potências nucleares, embora com sessenta anos de atraso”
Juan Pablo Duch
La Jornada
Moscou

Tradução:

A Turquia somou-se nesta quinta-feira (27) aos países que apostam pela energia nuclear com fins pacíficos ao realizar a cerimônia que certificou a chegada de combustível de fabricação russa ao primeiro reator de sua central nuclear de Akkuyu, na província turca de Mersin.

Os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, participaram por videoconferência do ato que contou com a presença de Rafael Grossi, secretário-geral do Organismo Internacional de Energia Nuclear, o qual assistiu na qualidade de convidado de honra. 

Irã: Não vamos negociar pacto nuclear sob ameaças e chantagens dos EUA

Ao fazer uso da palavra, Putin qualificou de “emblemático” o projeto desta primeira central nuclear da Turquia, que catalogou como o “mais importante na história de nossa relação bilateral”, que vai impulsionar os nexos econômicos entre ambos os países e “nossa cooperação multidimensional, que se baseia na boa vizinhança, no respeito recíproco e na consideração dos interesses do outro”. 

Disse também que ao certificar a chegada do combustível, a central receberá o status oficial de “planta nuclear” e em Akkuya será içada a bandeira do átomo pacífico.

Segundo Erdogan, "a Turquia se une ao grupo de potências nucleares, embora com sessenta anos de atraso”

Kremlin
Putin: "Sanções ocidentais continuam pondo barreiras à exportação de fertilizantes russos"




Grupo de potências nucleares

Erdogan, por sua parte, celebrou que “a Turquia se une ao grupo de potências nucleares, embora com 60 anos de atraso” e destacou que a central nuclear “terá um impacto positivo nos ingressos nacionais ao permitir a economia de um US$ 1,5 bilhão ao ano em importação de gás que já não será necessária”.

A central de Akkuyu, que o consórcio russo de energia atômica Rosatom e aproximadamente 400 empresas turcas começaram a construir em 2018 com um custo estimado de 20 bilhões de dólares, terá quatro reatores VVER 1200 de água a pressão com uma potência total de 4.800 megawatts e dentro de cinco anos gerará 35 bilhões de quilowatts hora (kWh) de eletricidade, equivalente a 10% do atual consumo elétrico da Turquia. 

Continua após o banner

Aleksei Lijachov, diretor de Rosatom, fez a entrega do certificado do combustível nuclear ao ministro de Energia da Turquia, Fatih Donmez.

Lijachov explicou que para o próximo ano se prevê pôr em marcha física o primeiro reator, levá-lo ao nível mínimo controlado e aumentar de modo gradual sua potência para que comece a produzir eletricidade de forma estável em 2025. 

“Os níveis planejados para os quatro reatores serão alcançados em 2028”, acrescentou o máximo responsável de Rosatom.


Farinha grátis 

A Rússia e a Turquia acordaram tamb´´em nesta quinta-feira enviar gratuitamente a farinha aos países mais afetados pela crise alimentar na África, na América Latina e na Ásia, em caso de que não seja prorrogado o chamado pacto dos cereais que, com a mediação turca e das Nações Unidas, torna possível a exportação de grãos ucranianos a partir de três portos do país eslavo.

O anúncio foi feito pelo presidente russo durante sua participação no ato que aconteceu na cidade mediterrânea de Akkuyu. 

Continua após o banner

“Estamos finalizando os detalhes da iniciativa do senhor Erdogan sobre o envio gratuito aos países mais necessitados do mundo de farinha moída pela indústria turca a partir de grãos russos”, afirmou Putin. 

E recordou que “as sanções ocidentais continuam pondo barreiras à exportação de fertilizantes russos, o que afeta sobretudo os países emergentes mais necessitados”. 

O titular do Kremlin assinalou que chegou a esse acordo com seu colega turco durante a conversação telefônica mantida pouco antes da cerimônia. 

Juan Pablo Duch | La Jornada, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.
Tradução: Beatriz Cannabrava.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

Assista na TV Diálogos do Sul


Se você chegou até aqui é porque valoriza o conteúdo jornalístico e de qualidade.

A Diálogos do Sul é herdeira virtual da Revista Cadernos do Terceiro Mundo. Como defensores deste legado, todos os nossos conteúdos se pautam pela mesma ética e qualidade de produção jornalística.

Você pode apoiar a revista Diálogos do Sul de diversas formas. Veja como:


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Juan Pablo Duch Correspondente do La Jornada em Moscou.

LEIA tAMBÉM

Rússia Uso de minas antipessoais e mísseis Atacms é manobra dos EUA para prolongar conflito
Rússia: Uso de minas antipessoais e mísseis Atacms é manobra dos EUA para prolongar conflito
Após escalar conflito na Ucrânia com mísseis de longo alcance, EUA chamam Rússia de “irresponsável”
Após escalar conflito na Ucrânia com mísseis de longo alcance, EUA chamam Rússia de “irresponsável”
Misseis Atacms “Escalada desnecessária” na Ucrânia é uma armadilha do Governo Biden para Trump
Mísseis Atacms: “Escalada desnecessária” na Ucrânia é armadilha do Governo Biden para Trump
1000 dias de Guerra na Ucrânia estratégia de esquecimento, lucros e impactos globais
1000 dias de Guerra na Ucrânia: estratégia de esquecimento, lucros e impactos globais