Pesquisar
Pesquisar

"Grande ofensiva" da Ucrânia contra Rússia fracassa e país sofre perdas catastróficas

Foram ao menos 160 tanques e 360 carros blindados, além de vidas perdidas, afirma o titular do Kremlin, Vladimir Putin
Juan Pablo Duch
La Jornada
Moscou

Tradução:

A “operação militar especial” logo cumprirá 14 meses, e a Rússia mantém os dois objetivos principais – “desmilitarizar” e “desnazificar” a Ucrânia –, declarados pelo presidente Vladimir Putin em 24 de fevereiro de 2022.

O líder russo reiterou o propósito no dia 13/05 ao se reunir em Moscou com um grupo dos chamados “enviados de guerra”, jornalistas e blogueiros russos que acompanham as tropas do país e informam nas redes sociais o que percebem a partir de distintos pontos do front.

Assista na TV Diálogos do Sul

Na ocasião, o mandatário russo fez uma retrospectiva do que levou à situação atual: o golpe de Estado na Ucrânia; a relação entre o governo ucraniano e “neonazismo”, que começou a perseguir a população de origem russa; o fato de que Estado russo nada teve a ver com a “rebelião” dos habitantes pró russos do sudeste ucranianoaliança norte-atlântica recusou a proposta da Rússia para evitar a guerra; entre outras razões.

Continua após o banner

“Nos obrigaram a defender nossa gente. Simplesmente nos obrigaram. Durante nove anos, tratamos de buscar uma solução negociada para inserir o sudeste da Ucrânia no resto do país. Queríamos isso sinceramente. Agora sabemos que nossos assim chamados sócios nos enganaram. Como se diz em linguagem popular: nos viraram a cara. Não queriam cumprir nenhum compromisso assumido e chegamos até aqui”, refletiu o mandatário. 

“E puseram em um pedestal um mentecapto como (Stepan) Bandera (líder ultranacionalista que se aliou com a Alemanha hitlerista para lutar contra a União Soviética de Stalin). Que não querem comunismo, que importa, quem o quer. Que renegam a Lenin, o fundador da Ucrânia, é assunto deles. Mas convertem em herói nacional a Bandera, um fascista. Não entendo como uma pessoa que governa a Ucrânia e tem sangue judeu em suas veias (o presidente Volodymir Zelensky) apoia os neonazistas”, continuou. 

Foram ao menos 160 tanques e 360 carros blindados, além de vidas perdidas, afirma o titular do Kremlin, Vladimir Putin

Reprodução/Twitter
Para Putin, quando a ofensiva ucraniana terminar, o exército russo tem previsto contra-atacar




Freio ao neonazismo

Segundo Putin, quando nas negociações de Istambul no ano passado, a Rússia exigiu que a Ucrânia tomasse medidas legislativas para frear o neonazismo. Kiev cedeu e, então, Moscou “retirou como gesto de boa vontade” suas tropas. Depois disso, lamentou, desconheceram todos os acordos. 

A Ucrânia sustenta que em Istambul ofereceu não ingressar à aliança norte-atlântica e declarar-se país neutro em troca de receber garantias internacionais de não ser atacada e de deixar pendente o status de Ucrânia durante dez anos para buscar uma solução para a península, incluído um possível referendo organizado pelas Nações Unidas.

Rússia: plano de paz da Ucrânia serve para prolongar conflito e receber armas da Otan

Em 4 de junho a Ucrânia iniciou “uma ofensiva em grande escala”, mas “uma semana depois, nada conseguiu e sofreu perdas catastróficas: 160 tanques e 360 carros blindados”. Otimista, estimou: “Nós perdemos só 54 tanques, mas temos dez vezes menos baixas que eles”. 

Para Putin, quando a ofensiva ucraniana terminar, o exército russo tem previsto contra-atacar, dependendo do potencial que tenham as tropas ucranianas. “Veremos qual é a situação e dependendo disso vamos dar os próximos passos”, apontou e mencionou que há “vários planos”, mas “todos são secretos, por isso não vou revelar detalhes”.

Continua após o banner

O titular do Kremlin sustenta que a Ucrânia bombardeou deliberadamente com mísseis estadunidenses Himars a represa da hidroelétrica de Kajovka, o que provocou a inundação da região de Kherson, e ambos os lados do rio Dniéper, embora admitiu que “a parte russa não detectou grandes explosões antes de que se destruísse o dique de contenção” que soltou a torrente de água”.

“Não obstante, vou dizer algo que pode soar estranho: lamentavelmente isto (a destruição da represa) frustrou a contraofensiva (ucraniana) nesta frente”, porque, agregou, “estávamos preparados para dar-lhes o que merecem”. 

Assista na TV Diálogos do Sul

Em relação às incursões em Belgrado e outras regiões fronteiriças da Rússia, de grupos russos que se dizem inimigos do Kremlin, Putin afirmou que aí “operam mercenários polacos” (país membro da aliança norte-atlântica). 

“Estamos trabalhando para que a sociedade saiba que detivemos agentes dos países vizinhos”, anunciou o chefe do Executivo russo, mas – agregou – “nós somos um Estado, não um regime terrorista (como a do Ucrânia) que tem severas regras de contraespionagem. Creio que devemos aplicar as mesmas restrições”. 

Continua após o banner

Por isso, “se isto continua (as incursões), possivelmente teremos que estudar a questão, e isto eu o digo com muito cuidado, de criar no território da Ucrânia uma espécie de ‘zona sanitária’ a uma distância que torne impossível alcançar nosso território”. Só a região de Belgorod compartilha 540 quilômetros de fronteira com a Ucrânia. 

Diante das queixas de que não há suficiente munição na frente de batalha, Putin afirmou: “Em um ano a produção dos principais tipos de armas quase triplicou e nos rubros mais demandados, o incremento alcançou 10 vezes”, mas reconheceu que, apesar do rearmamento que começou há oito anos, o exército russo tem capacidade de mais projéteis de alta precisão, equipamentos de comunicações e drones.

Continua após o banner

“Durante a operação militar especial ficou claro que havia muitas coisas que faltavam(…) Devemos fabricar, por exemplo, drones de ataque e inteligência. Mas isso requer tempo”, precisou.

A Ucrânia, por sua vez, recebe todo o armamento dos Estados Unidos e seus aliados, enquanto sua indústria militar quase não pode produzir nada, comparou Putin.

“O complexo militar industrial ucraniano simplesmente não existe. O que produzem? Lhes trazem as munições, lhes trazem o equipamento, lhes trazem as armas, lhes trazem tudo. Assim não se pode sobreviver, não se pode aguentar muito tempo”, apontou.

Juan Pablo Duch | La Jornada, especial para Diálogos do Sul – Direitos reservados.
Tradução: Beatriz Cannabrava.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

Assista na TV Diálogos do Sul


Se você chegou até aqui é porque valoriza o conteúdo jornalístico e de qualidade.

A Diálogos do Sul é herdeira virtual da Revista Cadernos do Terceiro Mundo. Como defensores deste legado, todos os nossos conteúdos se pautam pela mesma ética e qualidade de produção jornalística.

Você pode apoiar a revista Diálogos do Sul de diversas formas. Veja como:


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Juan Pablo Duch Correspondente do La Jornada em Moscou.

LEIA tAMBÉM

Eleições nos EUA comícios, ameaças, violência política e as últimas promessas de Harris e Trump (1)
Eleições nos EUA: comícios, ameaças, violência política e as últimas promessas de Harris e Trump
Benjamin Netanyahu uma Besta humana livre para matar
Benjamin Netanyahu: uma Besta humana livre para matar
Ucrânia coloca Europa em uma nova encruzilhada energética
Ucrânia coloca Europa em uma nova encruzilhada energética
Espanha cúpula do Sumar silenciou sobre acusação de violência sexual contra líder do partido
Espanha: cúpula do Sumar silenciou sobre acusação de violência sexual contra líder do partido