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O conto de Santo Agostinho e o terrorismo de EUA e Israel sob a bandeira da autodefesa

História ilustra com exatidão as relações atuais entre o imperialismo estadunidense, israelense e o povo palestino
Carlos Russo Jr
Diálogos do Sul Global
Florianópolis (SC)

Tradução:

É de Noam Chomsky a reflexão envolvendo Santo Agostinho. Agostinho conta a história de um pirata capturado por Alexandre, o Grande, que lhe perguntou: “Como você ousa atormentar os que navegam? 

Responde-lhe o pirata: “E como você ousa desafiar o mundo inteiro? Se por fazer isso apenas com um navio pequeno, sou chamado de ladrão; mas você, que o faz com uma esquadra de guerra, é somente chamado de imperador”.

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Agostinho considera “excelente” a resposta do pirata. E, assinala Chomsky, ela ilustra com exatidão as relações atuais entre os EUA, Israel, os palestinos e outros Estados ditos Islâmicos.

Um Estado pode se tornar terrorista sob a bandeira da autodefesa?

A história de Santo Agostinho ajuda a esclarecer o significado do conceito de terrorismo e de “seus leais cortesãos”, uma vez que somente atos praticados contra os “USA, Israel e seus aliados contam como atos de terror” (Chomsky).

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História ilustra com exatidão as relações atuais entre o imperialismo estadunidense, israelense e o povo palestino

Foto: State of Palestine – MFA/Twitter
Para o opressor, os problemas só começam quando as baratas tontas ficam enlouquecidas de ódio, erguem a cabeça e os imitam

A resposta global à guerra Israel-Hamas é repugnante, diz a relatora da ONU para o conflito, Francesca Albanese. Ela afirma que uma facção terrorista cometeu crimes injustificáveis, mas critica a resposta de Tel Aviv. Albanese clama por um cessar-fogo imediato e afirma que a comunidade internacional, cujas ações descreve em termos como “repugnantes” e “cínicas”, tem falhado.

Só reconhecimento do Estado Palestino vai dar fim à violência israelense

A relatora diz ainda que a ocupação dos territórios palestinos, que chama de um movimento colonizador feito por Israel, agride os dois povos. “A colonização de povoamento aprisiona tanto os palestinos quanto os israelenses. Claro, com responsabilidades diferentes.”

E encerra: “O Hamas tem uma espécie de filosofia que não é diferente da de Israel: não distingue entre civis e militares. Nesse sentido, para mim, são iguais. Mesmo que todos os membros do Hamas sejam mortos, manter uma população inteira oprimida e privada de seus direitos gera resistência”, concluiu a relatora da ONU.

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Há mais de sessenta anos, Israel bombardeia cidades árabes, provoca o êxodo de palestinos e, depois, invade os campos de refugiados onde eles são aprisionados, matando civis a mão cheia, sem que ocorra um único arremedo de retaliação sequer. Envia soldados a cidades do Líbano em “operações antiterrorista”, onde eles matam, destroem; realizam operações de aprisionamento de seres humanos e os enviam a verdadeiros campos de concentração sob condições sub-humanas. E isto não é terrorismo?


Aniquilar os “araboushim”

O cientista político israelense Yoram Peri observou que um milhão de jovens judeus aprenderam no serviço militar “que a tarefa do exército não é apenas defender o país contra exércitos estrangeiros, mas também aniquilar os direitos de pessoas inocentes, apenas porque são “araboushim” vivendo em terras que Deus nos prometeu”. Ou seja, são formatados para, se necessário, poderem participar de atos terroristas, protegidos pelo deus de Moisés!

M. Begin, quando primeiro-ministro de Israel, denominava os palestinos de “bestas de duas pernas”. Exatamente a mesma expressão utilizada pelo atual comandante do exército, que chamou os palestinos de “animais. ”

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Outro primeiro-ministro, Ariel Sharon, após comandar os massacres de Sabra e Chalita, aconselhou à polícia que a melhor maneira de lidar com os manifestantes palestinos é “arrancar-lhes os testículos. ”

No princípio do século 21, a imprensa israelense publicou detalhadas ações terroristas praticadas por colonos e pelas forças de ocupação israelense nos territórios da Cisjordânia. Colonos ditos ultraortodoxos, representados no governo fascista de “Bibi” Netanyahu.

Estas denúncias incluíam além da emigração forçada do palestino, o roubo de todos seus parcos pertences, também humilhações, tal qual obrigarem os “araboushim” a urinarem e defecarem uns nos outros e a rastejarem e lamber o solo dando loas ao Estado de Israel.

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O escritor israelense Boaz Evron descreveu de modo sucinto a técnica da ocupação israelense: “mantê-los sob controle, sabendo que permanece uma espada sobre cada cabeça… talvez isso faça mais sentido que as chacinas, que voltarão, sempre e quando convenha”.


O terrorismo praticado pelo Hamas nunca pode ser justificado, mas explica-se

O cientista político Raja Shehadah disse há quase 40 anos: “Os palestinos têm poucas opções. Ele tem que resistir constantemente à dupla tentação de ou aceitar os planos de seus opressores em mudo desespero, ou enlouquecer, reprimindo o ódio pelo opressor e por si mesmo, o oprimido. ”

Para o opressor, os problemas só começam quando as baratas tontas ficam enlouquecidas de ódio, erguem a cabeça e os imitam!

Basta aos discursos! Líderes precisam agir. Israel já matou 700 crianças palestinas

Para os USA, jamais o exército israelense, que invadirá o gueto de Gaza, praticará atos de terrorismo; sua violência será justificada como luta antiterror, mesmo que extermine dezenas de milhares de palestinos, incluindo mulheres, crianças, civis, destrua hospitais. Aliás, os bombardeios indiscriminados já vitimaram milhares de civis, incluindo funcionários da ONU.


O que importa é exterminar a Raça Palestina

A direita israelense, mesmo a maior parte dos israelenses, JAMAIS aceitaram a criação de Dois Estados, que foi a decisão da ONU: um Judeu, outro Palestino. Mesmo que o Palestino fosse minúsculo, desarmado, pobre, dominado por Israel- USA, mas livre, deles, dos palestinos!

Agora, ao terror de uma milícia armada, irá se contrapor o TERRORISMO DE ESTADO, sem piedade, cruel, exterminador, tal o foi ataque nazista ao Gueto Judeu de Varsóvia!

Afinal, como disse Santo Agostinho, o bandido era o pirata. Nunca o Império!

Carlos Russo Jr. | Colunista na Diálogos do Sul.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Carlos Russo Jr Carlos Russo Jr., coordenador e editor do Espaço Literário Marcel Proust, é ensaísta e escritor. Pertence à geração de 1968, quando cursou pela primeira vez a Universidade de São Paulo. Mestre em Humanidades, com Monografia sobre “Helenismo e Religiosidade Grega”, foi discípulo de Jean-Pierre Vernant.

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