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Ideia de Trump, "maior deportação da história dos EUA" pode ser barrada por empresários

Em meio à corrida eleitoral, assessores do republicano aparentemente decidiram desenvolver e detalhar mais a fundo suas propostas anti-imigrantes
Jim Cason
La Jornada
Washington

Tradução:

O ex-mandatário e atual candidato presidencial Donald Trump tem planos para impulsionar políticas migratórias repressivas, incluindo novos campos de detenção no Texas, pressionar o governo mexicano a reinstalar o programa “Permaneça no México” contra solicitantes de asilo e ordenar forças de segurança pública, incluindo as forças armadas, a deportar milhões de indocumentados a cada ano. 

“Com Donald Trump na Casa Branca, nossa fronteira estará fechada”, declarou o ex-mandatário em um comício eleitoral recente. “Quando Joe Biden chegou ao posto, pôs fim a toda política fronteiriça exitosa que foi implementada… abrindo deliberadamente as fronteiras”, acusou. O republicano também prometeu que, ao chegar à Casa Branca, realizará “a maior operação de deportação doméstica da história estadunidense”.

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Até recentemente, as propostas anti-imigrantes que prometia impulsionar se ganhar a presidência haviam sido só como retórica. Mas com a taxa de aprovação do presidente Joe Biden caindo aos níveis mais baixos de sua presidência e o tema da imigração convertendo-se em um dos eixos do debate político nacional, os assessores de Trump aparentemente decidiram desenvolver e detalhar mais a fundo suas propostas.

Em uma reportagem de primeira página do New York Times, nesta semana, assessores do ex-presidente descreveram os planos dramáticos, como construir novas instalações para a detenção em massa de indocumentados no Texas, pressionar o México a restaurar o programa de “Permaneça no México” – vigente sob a presidência de Trump e que essencialmente anulava o direito ao asilo – e ampliar o uso da autoridade de “remoção expedita” de imigrante para negar a eles acesso a audiências e apelações – que atualmente permitem que alguns possam esperar dentro do país enquanto suas solicitações são avaliadas pelas autoridades. 

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Tom Homan, que foi diretor da agência de imigração (ICE) durante a primeira parte da presidência de Trump, comentou ao Times que já concordou em regressar a um governo de Trump para “ajudar, organizar e administrar as maiores operações de deportação, jamais vistas neste país”. A campanha de Trump afirma que tem a intenção de levar a cabo rodadas em locais de trabalho e recrutar forças policiais locais e a Guarda Nacional para localizar indocumentados dentro do país e “deportar milhões de pessoas a cada ano”. 

Stephen Miller, que foi um estrategista de Trump sobre política migratória na Casa Branca, comentou que a maioria dessas medidas podem ser implementadas por ordem executiva sem necessidade de mudar leis, incluindo a cláusula constitucional que outorga a cidadania automática a toda pessoa nascida neste país. Miller também informou que Trump tentará de novo anular o programa DACA, que outorga legalização temporária às pessoas indocumentadas que ingressaram ao país quando eram menores de idade.

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Em meio à corrida eleitoral, assessores do republicano aparentemente decidiram desenvolver e detalhar mais a fundo suas propostas anti-imigrantes

Telesur
Muitos duvidam de que se Trump ganhar logrará organizar recursos e manejar os tribunais para implementar seus planos anti-imigrantes




Subterfúgios

Para Miller, a quem a campanha de Trump já identificou como um assessor sobre migração se logram regressar à Casa Branca, a meta de todas essas medidas é beneficiar os trabalhadores estadunidenses. “A deportação massiva será uma irrupção no mercado de trabalho que será festejada pelos trabalhadores estadunidenses, aos quais então serão oferecidos salários e benefícios mais altos para esses mesmos empregos”, que agora estão ocupados por indocumentados, indicou Miller.

Durante o período de Trump na Casa Branca e depois de sua derrota em 2020, Miller foi o assessor anti-imigrantes mais vocal e radical do ex-presidente. Mas suas ambiciosas propostas, embora gerem temor, não necessariamente funcionarão. No passado, deportações em grande escala, particularmente quando há um mercado de trabalho com grande demanda, geraram oposições não só dos defensores dos direitos dos migrantes, mas de empresários que dependem dessa mão de obra. 

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No entanto, o argumento de que os imigrantes estão prejudicando a classe trabalhadora está funcionando no âmbito eleitoral, firmam dois analistas dentro do Partido Democrata no novo livro “Onde se foram todos os democratas?”. John Judis e Ruy Teixeira argumentam que os democratas pormenorizam as preocupações sobre a imigração ilegal e isso “contribuiu a uma perda de apoio entre a classe trabalhadora, que anteriormente sustentava o partido”. 

Em particular, acusam que democratas “em grande medida têm ignorado a segurança fronteiriça e os vistos vencidos” e apontam que em 2020 alguns dos seus candidatos apelaram até a “despenalizar a imigração ilegal e outorgar seguros de saúde nacional pagos pelos contribuintes a imigrantes indocumentados”. 

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Judis e Teixeira não estão equivocados sobre o fato de que uma parte dos votantes da classe trabalhadora percebem que a imigração ilegal os prejudica. “Imigrantes ilegais do México estão roubando nossos empregos agrários, dispostos a trabalhar por 10 dólares por hora quando estamos ganhando 15”, disse um trabalhador agrário em Michigan ao La Jornada. Os autores reportam que, em suas entrevistas e grupos de enfoque ao redor do país, o ressentimento contra imigrantes “é um fator significante no abandono a candidatos democratas por votantes da classe trabalhadora”. 

Para os dois autores, a resposta a isto é que candidatos democratas se declarem mais firmemente a favor de maior controle das fronteiras e da importância de promover a imigração legal. Se suporia que, dado o fato de que o presidente Biden recentemente enviou uma proposta ao Congresso para financiar a contratação de outros 1.300 agentes fronteiriços, 1.600 oficiais de asilo e mil novos agentes de segurança pública na fronteira, a Casa Branca entende o perigo de suas políticas atuais para efeitos eleitorais.

Em Washington, muitos duvidam de que se Trump ganhar logrará organizar os recursos e manejar os tribunais para implementar seus planos anti-imigrantes radicais. Mas por ora, ao arrancar o ano eleitoral, não necessita que as propostas funcionem, apenas declarar a seus simpatizantes ao redor do país que essas são suas intenções. E nisso, é muito efetivo.

Jim Cason e David Brooks | La Jornada, especial para Diálogos do Sul – Direitos reservados.
Tradução: Beatriz Cannabrava


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Jim Cason Correspondente do La Jornada e membro do Friends Committee On National Legislation nos EUA, trabalhou por mais de 30 anos pela mudança social como ativista e jornalista. Foi ainda editor sênior da AllAfrica.com, o maior distribuidor de notícias e informações sobre a África no mundo.

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