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Imigração para os EUA seguirá aumentando com Biden ou Trump, afirmam especialistas

Governo Biden bateu um novo recorde ao promover 535 medidas sobre migração – mais que Donald Trump ao longo de seus quatro anos na Casa Branca
David Brooks
La Jornada
Nova York

Tradução:

Com o aumento do fluxo migratório mundial para os Estados Unidos, os mexicanos permanecem como o maior grupo de pessoas sem documento que as autoridades estadunidenses “encontram” na fronteira, e cada vez mais buscam ingressar com suas famílias.

O número total de mexicanos que tentam entrar nos Estados Unidos entre portos oficiais de entrada elevou-se de 155 mil, no ano fiscal que terminou em setembro de 2018, para 579 mil em 2023. Este aumento, de quase 300%, faz parte da crescente onda de migração mundial e do aumento das tentativas de cruzar a fronteira do México nos últimos 5 anos.

Na fronteira sudoeste dos Estados Unidos, a demografia dos migrantes também está mudando. Historicamente, assinala Ariel Ruiz Soto, analista sênior de políticas no Migration Policy Institute (MPI) em Washington, tão recentemente quanto em 2000, os mexicanos representavam mais de 90% de todos os imigrantes que tentavam cruzar sem documentos essa fronteira. Mas em 2016, os mexicanos representavam cerca da metade de todos os que tentavam cruzar sem documentos. Atualmente, embora os mexicanos continuem como o maior grupo que tenta cruzar a fronteira, só somam menos de um terço do total dos que tentaram cruzar entre pontos oficiais.

Não obstante, embora os mexicanos sejam agora uma proporção menor do total dos que tentam cruzar sem autorização, continuam como a nacionalidade número um. “Um ponto importante para os leitores, creio, é que ainda que a migração mexicana entre pontos de entrada pareça estar diminuindo relativamente às outras nacionalidades, permanece mais alta do que muitos suspeitam”, agregou Ruiz Soto em entrevista ao La Jornada.

Os especialistas em migração continuam investigando as causas particulares do aumento da migração pelo México. Adam Isacson, da Washington Office on Latin America (WOLA), assinala a tendência da elevação global de migração. Funcionários da Casa Branca costumam repetir as estatísticas que indicam que há mais migrantes em movimento ao redor do mundo hoje do que em qualquer outro momento desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). 

Isacson assinala ainda que o aumento de 280% na migração mexicana, que estão monitorando, é muito menor do que o crescimento astronômico de 323.558% de venezuelanos detectado na fronteira estadunidense entre 2018 e 2023, como também no caso dos cubanos, de 157.440%. “Isto parece indicar que as causas que impulsionam a migração de cidadãos mexicanos não são mais severas no México do que em outros lugares”, comentou em entrevista à La Jornada.

Uma mudança iniciada desde que Joe Biden assumiu a presidência, diz Ruiz Soto do MPI, é a migração familiar. “A tendência crescente é um aumento de famílias mexicanas buscando proteção após serem deslocadas internamente e outros mexicanos que decidem migrar para os Estados Unidos enquanto existir essa opção”, indicou. O número total de pessoas que chegam como famílias mexicanas cresceu de 57 mil em 2021 para 188 mil em 2023, segundo cifras oficiais dos Estados Unidos examinadas pela La Jornada.

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Governo Biden bateu um novo recorde ao promover 535 medidas sobre migração – mais que Donald Trump ao longo de seus quatro anos na Casa Branca

Foto: Mani Albrecht / U.S. Customs and Border Protection
Tanto os Estados Unidos quanto o México concordam que é preciso mais atenção aos fatores que impulsionam a migração

Isacson, da WOLA, diz que parte da explicação pode ser a mudança nas medidas dos EUA nos últimos tempos, desde as expulsões em massa de famílias antes de maio de 2023, quando estava em vigor a medida conhecida como Título 42, que serviu para expulsar, em razão da pandemia, quase todos os requerentes de asilo. 

Porém, nos últimos meses, mesmo sem essa medida, muitas famílias voltaram a tentar entrar nos Estados Unidos. Isacson informou que, ao mesmo tempo, os trabalhadores dos abrigos para migrantes na fronteira relatam que alguns dos que chegam são “famílias deslocadas pela violência e que decidem fugir do México… aparentemente muitos são de estados particularmente violentos na costa do Pacífico, muitas vezes de áreas rurais”.

Analistas nos Estados Unidos acreditam a tendência do aumento da imigração continuará, independentemente de quem seja o presidente dos Estados Unidos ou quais políticas forem aplicadas na fronteira. Como apontou o Migration Policy Institute, o governo Biden bateu um novo recorde ao promover 535 ações executivas sobre migração – mais ações do que Donald Trump ao longo de seus quatro anos na Casa Branca.

Mais de 6,3 milhões de migrantes sem documentos foram “encontrados”, ou seja, interceptados pelas autoridades estadunidenses na zona fronteiriça dos Estados Unidos desde que Biden chegou à presidência. Embora Trump não pare de falar sobre seus esforços para deportar e retornar os migrantes indocumentados, o Migration Policy Institute, usando dados oficiais, demonstra que o número de migrantes indocumentados retornados ou deportados anualmente durante a presidência de Barack Obama (2009-2017), superou os de Trump (2017-2021). No entanto, Biden está no caminho para superar seus dois antecessores neste quesito.

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Enquanto marca novos recordes de deportações de diversos tipos, o governo de Biden repete que a única solução real é uma reforma migratória integral e culpa os republicanos por fazerem tudo para frear tal iniciativa (embora quando os democratas controlaram a presidência, como o Congresso, tampouco conseguiram fazê-lo, nem durante esta administração, nem na de Obama).

Tanto os Estados Unidos quanto o México concordam que também se requer mais atenção aos fatores que impulsionam a migração não voluntária a partir do México e outros países, mas por ora, no meio do período eleitoral, a prioridade está em fazer todo o possível para frear o fluxo de seres humanos na fronteira.

Jim Cason e David Brooks | La Jornada, especial para Diálogos do Sul – Direitos reservados.
Tradução: Beatriz Cannabrava


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

David Brooks Correspondente do La Jornada nos EUA desde 1992, é autor de vários trabalhos acadêmicos e em 1988 fundou o Programa Diálogos México-EUA, que promoveu um intercâmbio bilateral entre setores sociais nacionais desses países sobre integração econômica. Foi também pesquisador sênior e membro fundador do Centro Latino-americano de Estudos Estratégicos (CLEE), na Cidade do México.

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