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ToggleOs Estados Unidos sempre viveram com medo: sua história oficial é marcada por “ameaças” constantes. Indígenas, afro-estadunidenses, mexicanos, caribenhos, chineses, irlandeses, judeus, japoneses, mais recentemente árabes, agora outra vez mexicanos e outros latino-americanos e, uma vez mais, chineses, tomaram turnos como ameaças.
E durante um século e meio prevalecem as ameaças, dentro e fora do país, de anarquistas, socialistas, comunistas e outros vermelhos. E não só se declara guerra contra outros países considerados “ameaças à segurança nacional”, mas também contra fenômenos de todo tipo: guerra contra a pobreza, guerra contra as drogas, guerra contra o crime e contra o “terrorismo”. Apesar de ser o país mais poderoso da história da humanidade, é talvez o mais medroso jamais visto.
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Parece que os Estados Unidos agora estão sob ameaça, outra vez, pelo “socialismo”. Na semana passada, a câmara baixa do Congresso aprovou por ampla maioria uma resolução condenando “os horrores do socialismo”. A iniciativa – uma das primeiras medidas impulsadas pela nova maioria republicana na câmara baixa, mas que foi apoiada também por 109 democratas, entre esses Nancy Pelosi e o novo líder da bancada democrata Hakeem Jeffries – conclui que “o Congresso denuncia o socialismo em todas as suas formas e se opõe à implementação de políticas socialistas nos Estados Unidos”
A resolução condena, entre outras coisas, a revolução russa de há mais de um século e a chinesa, e também denuncia como grandes criminosos Lenin, Stalin, Mao, Pol Pot, Fidel Castro, Hugo Chávez, Nicolás Maduro, entre outros.
Ressalta que os Estados Unidos foram fundados sobre “a santidade do indivíduo, ao qual o sistema coletivista do socialismo em todas suas formas está fundamental e necessariamente oposto”.
Party for Socialism and Liberation (PSL)
Membros do Partido pelo Socialismo e Libertação (PSL) marcham no Colorado
Socialismo e a “tomada do poder” nos EUA
Será que o socialismo está a ponto de tomar o poder nos Estados Unidos? Bem, o fato é que os jovens cada vez mais desaprovam o capitalismo e 49% da população entre 18 a 39 anos percebem positivamente o socialismo, segundo a Gallup – e conservadores desde sempre atacaram programas de bem-estar social como Seguridade Social e Medicare ao qualificá-los de “socialistas”.
Não faltaram outras ameaças, incluindo a sempre popular entre a direita: os mexicanos. Na primeira audiência do Comitê Judicial, o novo presidente desse comitê, Jim Jordan – um dos legisladores que abertamente apoiaram o intento de golpe de Estado de Trump – denunciou que “os cartéis de contrabando mexicano estão explorando a fronteira aberta para aterrorizar comunidades estadunidenses”.
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E há “ameaças” até no interior do próprio Congresso: os republicanos expulsaram a deputada democrata Ilhan Omar – refugiada somali e muçulmana – do Comitê sobre Assuntos Exteriores, em parte por suas posições críticas contra Israel e outros temas. Republicanos argumentaram que sua presença nesse comitê provoca “preocupações de segurança nacional”.
Mas a semana culminou com uma “ameaça tão grave que estava a ponto de tornar-se uma crise de escala mundial, a qual provocou a suspensão de uma viagem do chanceler estadunidense e que requereu uma ordem do supremo comandante em chefe do aparelho militar mais poderoso da história, com um orçamento de mais de 800 bilhões de dólares anuais, tudo por… um globo.
No sábado, Biden deu a ordem de derrubar, com um avião caça F-22 disparando um míssil, o suspeito globo espião chinês na costa das Carolinas. Biden felicitou os militares pela grande conquista. Tudo começou quando foi revelado há alguns dias que o globo estava sobrevoando Montana perto de instalações de mísseis nucleares intercontinentais. O governo de Washington também divulgou que havia detectado um globo parecido sobre a América Latina.
As ameaças estão por toda parte – em cima, abaixo, fora, dentro e por todos os lados. “Ay nanita”.
Bônus Musical 1 | Nena – 99 Red Balloons
Bônus Musical 2 | Fifth Dimension – Up Up and Away
David Brooks | Correspondente do La Jornada em Nova York.
Tradução: Beatriz Cannabrava.
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