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Foto: Facebook de Verónica Abad

Noboa pode ser destituído e inabilitado após denúncia de violência feita por vice-presidenta

Verónica Abad apresentou denúncia contra Noboa e outros membros do governo, que qualificam a vice-presidenta como "inimiga"
Orlando Pérez
La Jornada
Quito

Tradução:

Beatriz Cannabrava

O presidente do Equador mantém um conflito em seu próprio governo sem solução e que se agrava com uma denúncia política. Desde que iniciou sua gestão, em 23 de novembro passado, Daniel Noboa colocou a vice-presidenta, Verónica Abad, em um quase exílio, ao enviá-la para Israel, como embaixadora especial para a paz, e agora na Turquia, devido aos riscos de ataques em Tel Aviv.

As fontes consultadas indicam que os dois mandatários equatorianos não se falam desde setembro passado, após acusações de mau manejo de dinheiro na campanha eleitoral do ano passado, supostamente por parte da então candidata à vice-presidência. E isso se aprofunda com porta-vozes que não cessam em seus “dardos” muito mais incisivos.

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O mais recente: Abad acusou Noboa de violência política de gênero perante o Tribunal Contencioso Eleitoral (TCE). A denúncia inclui a chanceler Gabriela Sommerfeld, o vice-ministro da Política, Esteban Torres, e a assessora presidencial Diana Jácome (que foi candidata à Vice-presidência com um dos rivais de Noboa, Jan Topic).

Tentativa de renúncia forçada

A queixa foi apresentada em 8 de agosto passado, tornou-se pública na última segunda-feira (12) e Abad argumenta que desde a designação como “embaixadora da paz” iniciou-se um assédio com declarações para forçá-la a renunciar ao cargo, especialmente antes de Noboa se candidatar à reeleição e ela, por mandato Constitucional, ter que substituí-lo. Isso, segundo o vice-ministro Torres, “seria nefasto para o país”.

Que consequências traria essa demanda? Abad aspira a que os denunciados sejam destituídos do cargo, suspensos de seus direitos de participação por quatro anos e uma multa econômica de 32 mil dólares. Portanto, Noboa não poderia se reeleger em 2025. No entanto, no TCE não há condições nem garantias, pois os conflitos internos dessa instância alertam para um bloqueio ou arquivamento da denúncia.

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As autoridades do governo equatoriano temem que, se a Vice-presidência assumir o cargo, ela derrogaria medidas como o aumento do IVA para 15%, vigente desde 1º de abril passado, os acordos com o FMI, além de mudanças no próprio gabinete.

Absurdos

O paradoxal é que, sendo a segunda autoridade do país, deve pedir permissão à chanceler até para visitar seu filho, que foi encarcerado há alguns meses por supostos atos de corrupção. Sommerfeld, em uma entrevista em maio passado, disse que Abad agia contra o Equador em vez de cumprir com as funções ordenadas por Noboa.

Além disso, Abad explica que há toda uma estratégia para danificar sua imagem e a de sua família, com questionamentos sobre sua maternidade. Também aponta Diana Jácome, assessora presidencial, que disse várias vezes que Abad é “uma inimiga (de Noboa) respaldada por grupos políticos que querem atacar o Governo”.

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Jácome insinua que a Vice-presidência é afim ao movimento Revolução Cidadã do ex-presidente Rafael Correa, o que se desmorona por si só se forem revisadas suas declarações na última campanha eleitoral e quando Abad foi candidata à prefeitura de Cuenca, em fevereiro de 2023.

La Jornada, especial para Diálogos do Sul – Direitos reservados.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Orlando Pérez Correspondente do La Jornada em Quito.

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