Nesta quarta-feira (18), a ex-presidenta da Argentina Cristina Kirchner fez um pronunciamento público da sacada de sua casa, em Buenos Aires, para uma multidão estimada em meio milhão de pessoas, segundo estimativas do Partido Justicialista (PJ), reunidas na histórica Praça de Maio.
A manifestação foi convocada em resposta à confirmação da sentença judicial que a condena a seis anos de prisão, além de inabilitação perpétua para disputar cargos públicos. Cristina cumprirá a pena em prisão domiciliar, mas a resposta popular foi imediata: milhares de argentinos tomaram as ruas em protesto contra a decisão que, conforme denunciado pelo peronismo, constitui parte do lawfare orquestrado pelo poder econômico e judicial.
Com voz firme e visivelmente emocionada, Cristina agradeceu o carinho e a mobilização do povo. “Quero agradecer a todas e todos pelas incríveis demonstrações de afeto e carinho nestes dias aqui, na porta da minha casa, e em diferentes pontos do país”, disse. Ela lembrou com afeto os cantos que ecoavam nas ruas: “Ouvi vocês cantando consignas… cantando o hino nacional com muita paixão. Mas o que mais gostei foi ouvir vocês novamente cantando ‘Vamos voltar’”, celebrou, em referência à canção do grupo argentino Los Palmeiras.
O discurso foi, ao mesmo tempo, um chamado à resistência e um mergulho na memória de um país que já ofereceu dignidade ao seu povo, uma reivindicação ao recente passado de prosperidade, com um importante lembrete: “Este país não foi uma utopia”. Segundo Cristina, os argentinos vão, sim, voltar a ter um país “onde as crianças possam comer quatro vezes ao dia e na escola recebam livros e computadores. Onde os trabalhadores cheguem ao fim do mês e possam economizar para comprar um carro, uma casa, um pedacinho de terra. Algo que seja deles, conquistado com o esforço do seu trabalho”.
Com tom crítico e irônico, nesse sentido, ela denunciou o desmonte social e econômico promovido pelo governo ultraliberal de Javier Milei: “Esse modelo, que não é diferente dos de outrora, está caindo. E cai não apenas porque é injusto e desigual… mas principalmente porque é economicamente insustentável”, vaticinou, comparando ainda a política econômica vigente à de períodos nefastos da história argentina: “Tem validade como iogurte. Já vimos isso com Martínez de Hoz em 1976 e com Cavallo nos anos 1990.”

A líder argentina ironizou também o atual ministro da Economia, Luis Caputo, dizendo que ele “aluga dólares para simular que tem reservas”, num retrato claro da fragilidade das finanças nacionais. “Como se sustenta um modelo onde as pessoas têm que usar cartão para comprar comida do dia a dia e depois não conseguem pagar a fatura?”, questionou. Para Cristina, não se trata apenas de um erro de política econômica, mas de um projeto de país excludente e inviável.
Quanto ao Judiciário, a peronista denunciou seu uso como uma engrenagem do mesmo modelo que promove exclusão social e repressão política. “Simples e direto: poder econômico mais judiciário a serviço do partido, e o resto que se dane”, declarou, em alusão aos anos de aliança entre essa esfera de poder e o neoliberalismo, aprofundada desde o governo de Mauricio Macri.
Denúncia em Haia e cruzada diplomática: após condenação, Cristina Kirchner vai seguir passos de Lula
Em diversos momentos, ela reforçou que não se trata de uma batalha pessoal, mas de um embate histórico sobre os rumos da Argentina. “Podem me prender, mas não vão conseguir prender todo o povo argentino”, disse. Para Cristina, os que têm medo não são os militantes nem os setores populares: “Os assustados não somos nós, são eles.”
O discurso também teve passagens emocionadas, em que a ex-presidenta relembrou os altos e baixos de sua trajetória e a memória de Néstor Kirchner. “Vivenciei uma ditadura que fez desaparecer 30 mil argentinos… Vivenciei o sacrifício de Néstor… Vivenciei também uma tentativa de assassinato. Realmente, não me faltou nada nesses anos.”
Em evidente repúdio à sua condenação, Cristina encerrou sua fala com uma convocação à esperança e à luta coletiva. “Vamos voltar, e vamos voltar com mais sabedoria, mais união, mais força”, afirmou. “Temos algo que eles nunca terão e nunca poderão comprar, por mais dinheiro que tenham. Temos povo, temos memória, temos história e temos pátria.”
“Vamos a volver”:
Por el mensaje de Cristina Kirchner durante la marcha en Plaza de Mayo pic.twitter.com/qybvygfWn3— ¿Por qué es tendencia? (@porquetendencia) June 18, 2025
O pronunciamento foi, mais do que uma defesa pessoal, um apelo público por justiça social e soberania popular. Num momento em que a democracia argentina enfrenta ataques frontais, Cristina recorreu à própria história para lembrar da força do povo argentino: “Os povos, os povos sempre retornam.”
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* Este texto usou inteligência artificial para transcrever e traduzir o discurso de Cristina Kirchner.