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O Foro de São Paulo, Tribuna dos Povos e da Integração Latino Americana

O Foro atua em defesa dos direitos democráticos, da preservação dos recursos naturais e do respeito à Soberania dos Estados Nacionais de nosso continente
Gustavo Espinoza M.
Diálogos do Sul Global
Lima

Tradução:

Quando veja esta página, amigo leitor, estará encerrando seus trabalhos o XXV Encontro do Foro de São Paulo, realizada na cidade de Caracas, e teve seu início solene na quinta-feira passada.

Como se recorda, esta entidade surgiu em 1990 na urbe industrial mais importante do gigante da América, o Brasil, em uma conjuntura particularmente complexa, quando se desmoronava o socialista na Europa do Leste e o mundo está perto de conhecer a desintegração da União Soviética.

Nessa circunstância, diversas estruturas do movimento popular latino-americano decidiram se reunir para estudar a nova situação e esboçar ideias, visando enfrentar as perspectivas de nossos povos. A iniciativa foi do ex-presidente cubano Fidel Castro e do ex-mandatário brasileiro Luiz Inácio Lula Da Silva e partiu de uma convicção muito clara: o farol da Revolução Mundial, acesso em 1789 na Europa, se transladava ao novo continente e demandava para os destacamentos desta região do mundo uma ação mais definida, mas sobretudo unitária.

O Foro atua em defesa dos direitos democráticos, da preservação dos recursos naturais e do respeito à Soberania dos Estados Nacionais de nosso continente

MCCPI
O XXV Encontro do Foro de São Paulo acontece na cidade de Caracas, capital da Venezuela

No ano seguinte, na Cidade do México, o Foro se converteu em um evento permanente por vontade de 68 partidos latino-americanos e caribenhos, e a presença de 12 organizações observadoras procedentes da Europa e da América do Norte. Hoje, é muito mais representativo, e pode dar-se ao luxo de congregar mais de 700 delegados procedentes de todo o continente, mas também com representações da Ásia, África e Europa. 

Sua temática, grosso modo, continua sendo a mesma, porquanto se inscreve nas lutas dos trabalhadores e dos povos empenhados em concretizar a Independência da América, a quase 200 anos de sua proclamação formal.

Como dizem seus organizadores, hoje este encontro “tem uma grande importância para a reivindicação do pensamento esquerdista, que baseia seus princípios na defesa da igualdade social e econômica do povo, apesar das constantes ameaças de dominação e controle emanada dos governos imperialistas”.

É que, efetivamente, a Nossa América, aquela da qual nos falaram tão doutamente José Martí e José Carlos Mariátegui, se empenha em concretizar o sonho dos libertadores. As mensagens de San Martín e Bolívar, pela unidade e pela luta dos povos, alentam as batalhas de nosso tempo; e surgem enfrentadas a adversário poderosos que não trepidam em fazer uso da violência mais desenfreada para dobrar as nações, apoderando-se impunemente de seus recursos e riquezas.

Há duas décadas, o Império se valia de um recurso certamente impopular: os Golpes de Estado. Foram assim as ditaduras sinistras desde Batista até Videla, passando por Somoza, Stroessner, Pérez Jiménez, Rojas Pinilla, Odría, Pinochet e outros. Hoje se vale de outra metodologia. Mas incuba os mesmos propósitos. Hoje se confirma com a derrocada de Manuel Zelaya, em Honduras; no golpe contra Lugo no Paraguai e Dilma Rousseff no Brasil; na campanha contra Lula e Correa, e na ofensiva contra os Kirchner na Argentina. Toda uma trama de agressões que é duramente resistida pelos povos.

O cenário desta ofensiva tem uma explicação que a administração Trump hoje proclama com desenfado. A Casa Branca aspira destruir Cuba, acabar com a Venezuela Bolivariana e demolir a Nicarágua Sandinista. Tudo isto, com um só propósito: perpetuar sobre todos os países o “modelo” neoliberal marcado pelas privatizações na mais alta escala e pela desregulação total das relações de trabalho. Em suma, eles querem levar toda a riqueza de nossos Estados e acabar com a capacidade de luta de nossos povos, cortando de raiz qualquer resistência social a tais propósitos. 

Em Caracas esses elementos foram colocados na ordem do dia. E ali os peruanos puderam levar também causas tão legítimas como a preservação da Amazônia, seus recursos e sua biodiversidade; a defesa do Vale de Tambo e a luta contra as vorazes corporações do Império. 

O combate contra a ação das Máfias, a defesa dos direitos democráticos da população, a preservação dos recursos naturais e o respeito à Soberania dos Estados Nacionais de nosso continente soaram muito alto nas vozes dos delegados da mais ampla gama dos povos. 

Em seu momento, o Comandante Hugo Chávez refletiu sobre o objetivo de “aunar os partidos políticos e os movimentos sociais para a luta, pois nenhum poderá por si só se constitui na vanguarda para o caminho de luta que se deseja andar”. E dessa formulação extraio uma tarefa: “Há que somar, somar”. Unidade, unidade, unidade, em nosso continente e no mundo. Esse é o único caminho.

*Colaborador de Diálogos do Sul, de Lima, Peru

Tradução: Beatriz Cannabrava

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Gustavo Espinoza M. Jornalista e colaborador da Diálogos de Sul em Lima, Peru, é diretor da edição peruana da Resumen Latinoamericano e professor universitário de língua e literatura. Em sua trajetória de lutas, foi líder da Federação de Estudantes do Peru e da Confederação Geral do Trabalho do Peru. Escreveu “Mariátegui y nuestro tiempo” e “Memorias de un comunista peruano”, entre outras obras. Acompanhou e militou contra o golpe de Estado no Chile e a ditadura de Pinochet.

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