Sayyid Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah assassinado pelo Estado sionista em setembro de 2024, era mais do que um homem: era uma ideia, um símbolo de resistência, não apenas por defender a Palestina e o Líbano, mas porque, durante três décadas, esteve ao lado dos oprimidos, combateu a tirania e enfrentou a hegemonia sionista e ocidental.
Seu funeral não foi comum. A presença de um milhão de pessoas, apesar de todas as ameaças e intimidações, não expressou apenas pesar: foi uma declaração de lealdade inabalável ao caminho do “líder martirizado”. Foi um brado global contra a opressão em todas as suas formas. A mobilização impressionante demonstrou que a espinha dorsal da resistência não está apenas intacta – é inquebrantável.
Quando mártires heroicos caem, não morrem: transformam-se em tochas que iluminam o caminho das gerações seguintes.
Há mais de duas décadas, a rede do Movimento Mulheres pela Paz na Palestina traduzimos, distribuímos e publicamos pronunciamentos e comunicados de Hassan Nasrallah.
Quando parecia não haver esperança, quando bombas ensurdecedoras caíam sobre Gaza, o Líbano e a Síria, a voz de Nasrallah se erguia e nos encorajava a prosseguir sem medo.
Quando a perplexidade nos paralisava, recebíamos um pronunciamento contundente: uma palavra de conforto, um chamado à coragem.
Quando a traição de governos árabes — ao assinarem acordos com o sionismo — nos apunhalava pelas costas, as palavras de Nasrallah nos acolhiam como um afago contra o abandono.

Durante mais de duas décadas, inundamos as redes com ciberativismos, divulgando orientações, conselhos e súplicas do comandante Sayyid Hassan Nasrallah. Esse acervo rico de textos, ensaios e reflexões nos amparou quando nos faltaram dignidade e esperança.
Nesse período, sofremos calúnias, ofensas e ataques de quem teme a liberdade. Em 2009, ajuizamos uma ação contra o maior provedor do mundo, o Google, por um perfil falso que utilizava nossos nomes e sobrenomes para nos atribuir – a nós, mulheres árabes, muçulmanas e palestinas – o estigma de “terroristas”, entre outros adjetivos infames.
Foi nas palavras de Nasrallah que encontramos forças para buscar justiça e responder judicialmente, alcançando uma vitória retumbante contra o Google por danos morais.
Essa decisão se tornou jurisprudência no Ministério Público Federal em casos de ofensas e calúnias contra mulheres árabes, muçulmanas e, especialmente, palestinas, já que o ataque visava nossa rede de Mulheres pela Paz na Palestina, difusora da palavra de Nasrallah e de outros iluminados e intelectuais que forças ocultas e covardes, escondidas no anonimato, tentaram silenciar.
Dedicamos essa vitória, conquistada em todas as instâncias, às mulheres árabes, muçulmanas e palestinas, in memoriam dos mártires e ao legado dos ensinamentos de Sayyid Hassan Nasrallah, sob o chamado: Nós não aceitaremos a humilhação.
Em seu último discurso, deixou claro que jamais abandonaria a Palestina; e morreu defendendo-a, assim como ao Líbano e à sua amada comunidade xiita.
Todo o povo palestino e todos os ativistas pró-Palestina reconhecem em Nasrallah uma referência e devem à sua trajetória uma gratidão leal e incondicional.
Agradecemos imensamente este encontro de pessoas certas, no lugar certo e no momento certo, em especial à sua gloriosa comunidade xiita, com a convicção de que a memória de Nasrallah permanece eternizada em palavras refinadas, mas afiadas contra o inimigo opressor.
InshAllah, venceremos!
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Nota: Contribuição de Amyra El Khalili, pelo Movimento Mulheres pela Paz na Palestina, por ocasião da homenagem pelo primeiro aniversário do martírio dos honrados — Sua Eminência Sayyed Hassan Nasrallah, Sua Eminência Sayyed Hachem Safieddin e Sua Eminência Sheikh Ali Abu Rayya (que a Misericórdia divina esteja com eles) — realizada pela Associação Religiosa Beneficente Islâmica do Brasil (ARBIB), no Salão Nobre da Hussainiyah da Mesquita Mohamad, o Mensageiro de Deus, em 26 de setembro de 2025, em São Paulo.





