Pesquisar
Pesquisar
Em seu último discurso, Nasrallah deixou claro que jamais abandonaria a Palestina; e morreu defendendo-a, assim como ao Líbano e à sua amada comunidade xiita. (Imagem: wikishia)

Sayyid Hassan Nasrallah: Nós nunca aceitaremos a humilhação

Todo o povo palestino e todos os ativistas pró-Palestina reconhecem em Hassan Nasrallah uma referência e devem à sua trajetória uma gratidão leal e incondicional

Amyra El Khalili
Diálogos do Sul Global
São Paulo (SP)

Tradução:

Sayyid Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah assassinado pelo Estado sionista em setembro de 2024, era mais do que um homem: era uma ideia, um símbolo de resistência, não apenas por defender a Palestina e o Líbano, mas porque, durante três décadas, esteve ao lado dos oprimidos, combateu a tirania e enfrentou a hegemonia sionista e ocidental.

Seu funeral não foi comum. A presença de um milhão de pessoas, apesar de todas as ameaças e intimidações, não expressou apenas pesar: foi uma declaração de lealdade inabalável ao caminho do “líder martirizado”. Foi um brado global contra a opressão em todas as suas formas. A mobilização impressionante demonstrou que a espinha dorsal da resistência não está apenas intacta – é inquebrantável.

Quando mártires heroicos caem, não morrem: transformam-se em tochas que iluminam o caminho das gerações seguintes.

Nós nunca aceitaremos a humilhação.

Há mais de duas décadas, a rede do Movimento Mulheres pela Paz na Palestina traduzimos, distribuímos e publicamos pronunciamentos e comunicados de Hassan Nasrallah.

Quando parecia não haver esperança, quando bombas ensurdecedoras caíam sobre Gaza, o Líbano e a Síria, a voz de Nasrallah se erguia e nos encorajava a prosseguir sem medo.

Quando a perplexidade nos paralisava, recebíamos um pronunciamento contundente: uma palavra de conforto, um chamado à coragem.

Quando a traição de governos árabes — ao assinarem acordos com o sionismo — nos apunhalava pelas costas, as palavras de Nasrallah nos acolhiam como um afago contra o abandono.

A memória de Nasrallah permanece eternizada em palavras refinadas, mas afiadas contra o inimigo opressor. (Imagem: wikishia)

Durante mais de duas décadas, inundamos as redes com ciberativismos, divulgando orientações, conselhos e súplicas do comandante Sayyid Hassan Nasrallah. Esse acervo rico de textos, ensaios e reflexões nos amparou quando nos faltaram dignidade e esperança.

Nesse período, sofremos calúnias, ofensas e ataques de quem teme a liberdade. Em 2009, ajuizamos uma ação contra o maior provedor do mundo, o Google, por um perfil falso que utilizava nossos nomes e sobrenomes para nos atribuir – a nós, mulheres árabes, muçulmanas e palestinas – o estigma de “terroristas”, entre outros adjetivos infames.

Foi nas palavras de Nasrallah que encontramos forças para buscar justiça e responder judicialmente, alcançando uma vitória retumbante contra o Google por danos morais.

Essa decisão se tornou jurisprudência no Ministério Público Federal em casos de ofensas e calúnias contra mulheres árabes, muçulmanas e, especialmente, palestinas, já que o ataque visava nossa rede de Mulheres pela Paz na Palestina, difusora da palavra de Nasrallah e de outros iluminados e intelectuais que forças ocultas e covardes, escondidas no anonimato, tentaram silenciar.

Dedicamos essa vitória, conquistada em todas as instâncias, às mulheres árabes, muçulmanas e palestinas, in memoriam dos mártires e ao legado dos ensinamentos de Sayyid Hassan Nasrallah, sob o chamado: Nós não aceitaremos a humilhação.

Em seu último discurso, deixou claro que jamais abandonaria a Palestina; e morreu defendendo-a, assim como ao Líbano e à sua amada comunidade xiita.

Todo o povo palestino e todos os ativistas pró-Palestina reconhecem em Nasrallah uma referência e devem à sua trajetória uma gratidão leal e incondicional.

Agradecemos imensamente este encontro de pessoas certas, no lugar certo e no momento certo, em especial à sua gloriosa comunidade xiita, com a convicção de que a memória de Nasrallah permanece eternizada em palavras refinadas, mas afiadas contra o inimigo opressor.

InshAllah, venceremos!

* * *

Nota: Contribuição de Amyra El Khalili, pelo Movimento Mulheres pela Paz na Palestina, por ocasião da homenagem pelo primeiro aniversário do martírio dos honrados — Sua Eminência Sayyed Hassan Nasrallah, Sua Eminência Sayyed Hachem Safieddin e Sua Eminência Sheikh Ali Abu Rayya (que a Misericórdia divina esteja com eles) — realizada pela Associação Religiosa Beneficente Islâmica do Brasil (ARBIB), no Salão Nobre da Hussainiyah da Mesquita Mohamad, o Mensageiro de Deus, em 26 de setembro de 2025, em São Paulo.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul Global.

Amyra El Khalili Beduína palestino-brasileira da linhagem de Saladino e do Sheik Mohamed El Khalili e professora economista, editora das redes Movimento Mulheres pela Paz na Palestina e Aliança RECOs – Aliança de Redes de Cooperação Comunitária desde o Sul Global. É autora dos e-books “Commodities ambientais em missão de paz” e “A construção coletiva de um projeto de vidas – novo modelo econômico para a América Latina e o Caribe”, Editora Docas da Livraria. CNPq - http://lattes.cnpq.br/4833702809090692

LEIA tAMBÉM

ONU em Nairóbi Crises no órgão impulsionam migração da sede para o Quênia
ONU em Nairóbi? Crises no órgão impulsionam migração da sede para o Quênia
"صحة غزة": تسلمنا جثامين 45 فلسطينيا من إسرائيل عبر الصليب الأحمر
Órgãos roubados, estrangulamento, tortura: corpos palestinos expõem a crueldade bárbara do sionismo
Falsa trégua em Gaza dá fôlego para Israel aprimorar solução final aos palestinos
Falsa trégua em Gaza dá fôlego para Israel aprimorar "solução final" aos palestinos
Cannabrava “Sem reis” o povo nas ruas contra o autoritarismo de Trump
“Sem reis”: o povo nas ruas contra o autoritarismo de Trump