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Foto: Artur Salisz / Flickr

O Museu de Arte de Tel Aviv, a “Galeria dos Amigos Alemães” e o Holocausto

Museu em Israel apresenta lista de nomes, descritos como "amigos" do espaço, cujas famílias ajudaram financeiramente o Partido Nazista e enriqueceram
Carlos Russo Jr
Diálogos do Sul Global
Florianópolis (SC)

Tradução:

Na entrada do enorme edifício labiríntico do Museu de Arte de Tel Aviv, em Israel, uma lista de nomes escritos em hebraico e alemão prenuncia a “Galeria dos Amigos Alemães do Museu”.

E aqui, a surpresa se une ao asco!

Nomes de famílias que ajudaram financeiramente o Partido Nazista antes dele tomar o poder e que, durante o regime nazista na Alemanha, se beneficiaram economicamente, acumulando grandes fortunas através de colaborações diretas ou indiretas com o governo nazista. Inclusive participaram, sob a forma de mão de obra escrava, do Holocausto do próprio povo judeu!

Os casos mais notáveis são:

Gabriele Quandt

Neta de Magda Goebbels e filha de Harald Quandt, o herdeiro da família Quandt, cresceu na casa de Goebbles (Joseph Goebbels foi um dos principais membros do regime nazista e, de acordo com o testamento de Adolf Hitler, era o seu sucessor como Chanceler da Alemanha).

A família Quandt, que hoje controla a BMW, acumulou riqueza significativa durante a Segunda Guerra Mundial. Gunther Quandt, o patriarca, e seu filho Herbert Quandt usaram trabalho escravo de judeus em suas fábricas e se beneficiaram da “arianização”, ou seja, de apropriação de empresas pertencentes a judeus assassinados no Holocausto Nazista.

Ingrid Flick

Terceira esposa de Friedrick Karl Flik, o homem responsável pelo maior escândalo de corrupção da Alemanha pós-guerra. Como único proprietário da Friedrich Flick Industrial Holding (Industrieverwaltung), ele tinha participações em grandes empresas, incluindo Daimler-Benz, WR Grace, Gerling Insurance, Buderus, Dynamit Nobel, Feldmühle e outras. Em 1975, ele vendeu sua parte da Daimler-Benz para o Deutsche Bank por mais de US$ 1 bilhão. As principais obrigações fiscais foram evitadas através de um processo que se transformou no Caso Flick em 1983, quando se tornou público que cerca de US$ 25 milhões foram pagos aos partidos políticos alemães em troca de cortes de impostos e decisões. Embora o chanceler Helmut Kohl tenha se beneficiado das negociações, ele afirmou que “não tinha lembranças”, enquanto outros renunciaram aos seus cargos. Em 1985, Flick vendeu o restante de suas empresas. Quando o Deutsche Bank anunciou que comprou suas participações por cerca de US$ 3 bilhões em marcos alemães, Flick aposentou-se na Áustria, onde se naturalizou. Jamais pagou um centavo de indenização às famílias de judeus mortos nas mãos de sua família durante a guerra!

A família Flick e o Nazismo

Friedrich Flick (pai de Friedrick Karl) foi um dos industriais mais poderosos da Alemanha nazista, controlando um vasto império de aço e carvão. Flick, filiado ao Partido Nazista desde seus primórdios, utilizou em suas operações trabalho escravo de judeus buscados em campos de concentração.

Foi condenado por crimes de guerra no Tribunal de Nuremberg pelas centenas de judeus mortos em suas minas de carvão, mas sua família, por influência dos U.S.A., manteve grande parte de sua fortuna.

Referências: 1. Jong, D. Bilionários Nazistas, Objetiva, 2023.

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Carlos Russo Jr Carlos Russo Jr., coordenador e editor do Espaço Literário Marcel Proust, é ensaísta e escritor. Pertence à geração de 1968, quando cursou pela primeira vez a Universidade de São Paulo. Mestre em Humanidades, com Monografia sobre “Helenismo e Religiosidade Grega”, foi discípulo de Jean-Pierre Vernant.

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