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O que fazer para que sites independentes como o Nocaute não fechem as portas?

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Vanessa Martina-Silva
Diálogos do Sul Global
Jundiaí

Tradução:

Talvez você tenha visto. Talvez o algorítimo das suas redes sociais tenha te boicotado, mas o blog do escritor e jornalista Fernando Morais, o Nocaute, vai fechar as portas a partir desta triste sexta-feira (31).

Como uma profissional que se dedica há mais de 10 anos ao trabalho com a imprensa independente, eu estou de luto. Estou mais do que solidária, estou triste como quem perde um ente querido.

Nocaute era um dos canais que mais gosto no YouTube. Fernando Morais é um dos meus escritores favoritos.

Guardo com carinho todas as oportunidades que tive de entrevistá-lo. Não foram muitas, duas, na verdade. A primeira foi em um encontro fortuito no Memorial da América Latina. Eu estava escrevendo sobre a morte de Hugo Chávez e queria uma declaração dele sobre. Você pode ler este texto aqui

Eu aproveitei para questioná-lo a respeito de qual seria o próximo livro-biografia a ser publicado e ele revelou, no já longínquo 2014, que seria sobre o ex-presidente Lula. Na época eu sequer publiquei a informação. Lula era ex-presidente, popular, estava tudo certo e não vi o gancho necessário para escrever uma matéria sobre isso. Ele já anunciou que vai encerrar sua carreira com esse livro, ainda não publicado.

A segunda, foi logo após o meu ingresso no Opera Mundi, por ocasião da morte de Gabriel García Márquez. Foi muito triste ter começado minha trajet´´ória no site com esta bomba, mas a matéria ficou boa e você pode ler aqui

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Lula.com
O escritor e jornalista Fernando Morais, do blog Nocaute.

O que fazer?

Você, caro leitor e cara leitora, talvez esteja tão triste quanto eu. E talvez se questione sobre o quê, como pobre mortal, estaria ao seu alcance fazer.

Antes de mais nada, é preciso entender que a manutenção da imprensa independente é papel de todos os cidadãos. O jornalismo contra-hegemônico não pode ser patrocinado pelo governo fascista que temos — e que fez questão de acabar com qualquer financiamento que poderia haver para esse tipo de publicação.

Os empresários — alguns pressionados pelo mercado e outros guiados por ideologia pura e simples — tampouco têm interesse na manutenção dessa imprensa.

As redes sociais e mecanismos que dominam a internet, como o Facebook e o Google, favorecem a extrema-direita — fato conhecido e notório. Então, o que cabe a nós, veículos como a Diálogos do Sul?

Dizer que todos devem apoiar é pouco. O que precisamos é de engajamento. Se você me lê até aqui, peço que se comprometa conosco. Curta sempre que encontrar uma publicação nossa nas redes. Comente, mesmo que seja para discordar. Compartilhe com todos os grupos que conhecer. Por quê? É isso que a direita faz e eles têm tido MUITO êxito nisso.

Além disso, cabe questionar qual o impacto real que a doação de R$ 15 ou R$ 25 tem no orçamento dos nossos leitores. Porém, para nós, é fundamental todo e qualquer apoio.

Profissionalização

No meio de uma enxurrada de fake News, o jornalismo que busca a verdade, que se engaja na entrega de valores, precisa remunerar seus profissionais. A nenhuma pessoa honesta pareceria razoável contratar um pedreiro para construir sua casa e não pagá-lo pelo serviço.

Porém, achamos mais do que razoável o consumo de conteúdos jornalísticos na internet, de graça, e com cada vez mais exigências. Queremos consumir texto, vídeo, fotos… Mas quem paga quem te mantém informada, informado? 

Ou nos engajamos na sobrevivência da imprensa alternativa, ou vamos chorar cada vez mais pela morte das nossas vozes. Curta. Compartilhe. Comente. Abra os e-mails. Ajude! Faça sua parte para furar as bolhas e enganar os algorítimos que têm nos escravizado.

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Vanessa Martina-Silva Trabalha há mais de dez anos com produção diária de conteúdo, sendo sete para portais na internet e um em comunicação corporativa, além de frilas para revistas. Vem construindo carreira em veículos independentes, por acreditar na função social do jornalismo e no seu papel transformador, em contraposição à notícia-mercadoria. Fez coberturas internacionais, incluindo: Primárias na Argentina (2011), pós-golpe no Paraguai (2012), Eleições na Venezuela (com Hugo Chávez (2012) e Nicolás Maduro (2013)); implementação da Lei de Meios na Argentina (2012); eleições argentinas no primeiro e segundo turnos (2015).

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