Não há nada mais horrendo do que fazer um povo inteiro passar fome para forçá-lo a abandonar sua terra. E não há nada mais evidente do que o crime que hoje se comete contra Gaza e seu povo, sob os olhos e ouvidos de todo o mundo.
O que revelou o relatório do jornal Financial Times não nos surpreendeu, nós, filhos da causa: Israel não está travando uma guerra contra o “Hamas”, como alega, mas executando um plano cuidadosamente elaborado para esvaziar Gaza de seus habitantes, abrindo caminho para um projeto de limpeza étnica sem disfarces. O cerco à água, à comida e aos medicamentos, a destruição de casas sobre a cabeça de crianças, e a abertura de “corredores da morte” para forçar os palestinos a fugir — tudo isso ocorre segundo um roteiro perverso que nada tem a ver com segurança, mas tudo a ver com colonialismo, saque e desenraizamento.
Mahmoud Al-Ghazali, que vê seus filhos morrendo de fome e de medo, não é um caso isolado. E Shadi Saqr, que jura que não partirá nem que seja por cima do próprio cadáver, representa todo gazaui que sabe que a pátria não se vende — nem que se passe fome, nem que se morra. Pedir ao palestino que escolha entre sua terra e sua vida é pedir que se suicide espiritualmente, que morra de pé em vez de se ajoelhar.

O primeiro-ministro da ocupação israelense, Benjamin Netanyahu, não se envergonha de anunciar seus planos: não quer paz, não quer “solução de dois Estados”, quer Gaza sem palestinos — uma terra vazia, pronta para ser vendida a empresas imobiliárias. E atrás dele está a fracassada administração Trump, que transformou o sofrimento das crianças em moeda de barganha, e que pressiona inclusive pela “migração voluntária” — como se fosse um passeio, e não uma deportação forçada sob ameaça de morte.
Onde está a comunidade internacional? Onde estão as Nações Unidas, que veem Gaza se transformar num “campo de morte” e nada fazem? Onde está a voz da consciência humana, que antes estremecia diante das notícias de fomes e guerras?! 100 mártires por dia, crianças enterradas sob os escombros, armazéns vazios de alimentos — e não encontramos senão comunicados tímidos e discursos frios.
Esse silêncio é cumplicidade no crime. Essa omissão é uma mancha de vergonha que perseguirá a humanidade para sempre.
Genocídio palestino: entre a cruel impotência humana e o colapso do sistema internacional
O povo de Gaza não pede esmolas. Pede liberdade, direito, vida sobre sua terra. E aqueles que apostam que o cerco e a fome os levarão à fuga ignoram que o palestino já enfrentou a morte muitas vezes — e nunca renunciou ao amor pela sua terra.
Gaza não partirá.
Gaza não se quebrará.
E cada gota de sangue derramada sobre seu solo jura que a Palestina não será apagada, nem será esquecida.
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Edição de Texto: Alexandre Rocha