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Oreshnik: novo míssil russo pode ser interceptado? Especialistas explicam

Nova arma Oreshnik foi anunciada por Putin na última quinta-feira (21), em resposta ao uso de armas de longo alcance pela Ucrânia, e surpreendeu analistas militares
Redação Sputnik Mundo
Sputnik Mundo
Moscou

Tradução:

Guilherme Ribeiro

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou na última quinta-feira (21), em uma mensagem televisiva, que as Forças Armadas do país testaram, em condições de combate, “um dos mais novos sistemas russos de mísseis de médio alcance”, referindo-se ao míssil balístico em variante hipersônica não nuclear Oreshnik.

Trata-se de um ataque combinado contra uma das instalações do complexo industrial de defesa ucraniano na região de Dnepropetrovsk. O líder russo afirmou que os sistemas antimísseis existentes não são capazes de interceptar mísseis como o Oreshnik. Putin destacou que tais mísseis atingem alvos a uma velocidade de Mach 10, equivalente a quase três quilômetros por segundo.

Após o anúncio, especialistas militares começaram a especular sobre o poder da nova arma. A seguir, reunimos algumas dessas hipóteses.

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“Míssil invulnerável”

Em conversa com o portal de notícias russo Izvestiya, o observador militar Alexander Butyrin caracterizou o míssil como “invulnerável” e apontou que seu desenvolvimento ocorreu de forma secreta. “Basicamente, há pouquíssima informação sobre eles. Os desenvolvimentos foram realizados de maneira sigilosa, e até hoje este sistema não havia sido mencionado na mídia”, afirmou. O observador militar também considera que o Oreshnik pode ser equipado com material nuclear, mas também pode carregar ogivas convencionais.

Por sua vez, Konstantin Sivkov, vice-presidente da Academia Russa de Ciências de Mísseis e Artilharia, opina que a velocidade de voo do Oreshnik “praticamente elimina a possibilidade de reação a tempo” por parte do adversário.

“Oreshnik é um míssil de médio alcance. Ao se aproximar do alvo, o míssil se move a uma velocidade de Mach 10. Consequentemente, em fases anteriores, sua velocidade é significativamente maior. Além disso, o Oreshnik voa com alterações de rota e altitude, por isso é imune a qualquer sistema moderno de defesa antimísseis, incluindo os mais sofisticados em serviço nos Estados Unidos e na Otan“, avaliou. “Essa é nossa mensagem militar e política para os países não amigáveis”, afirmou.

Um míssil de nova geração

De acordo com o pesquisador do Centro de Estudos de Planejamento Estratégico da Academia Russa de Ciências, Iliá Krámnik, “trata-se de uma nova geração de mísseis russos de médio alcance” entre 2.500 e 5.000 km, mas não intercontinental. [Os mísseis intercontinentais têm alcance superior a 5.500 km]. “Obviamente, está equipado com uma ogiva destacável com unidades de guiamento individuais”, comentou o especialista ao Izvestiya.

Enquanto isso, Vadim Koziulin, pesquisador sênior do Centro de Estudos Militares e Políticos da Academia Diplomática Russa, estima que “a marca de Mach 10 permite afirmar que se trata de uma arma hipersônica supermoderna” e que, aparentemente, “quase ninguém no mundo possui uma arma semelhante”.

“O que importa é como essa arma foi lançada”, disse o especialista, que acredita que pode ter sido “uma unidade hipersônica planadora lançada a partir de um míssil balístico ou que o míssil tenha seu próprio motor e tenha sido disparado como um míssil de cruzeiro”. “Creio que a primeira opção seja a mais provável”, acrescentou.

“Seus olhos não conseguem captar o quão rápido ele passa”

O diretor do Instituto de Estudos Políticos da Rússia, Serguêi Markov, em declarações ao portal KP recordou que Putin “vem alertando há muito tempo” que, se seu país for atacado pelos Atacms, “não se trata de ataques do Exército ucraniano“. “Tais mísseis não podem ser direcionados sem a participação direta do país fabricante. Obviamente, os Estados Unidos estão nos atacando”, apontou Markov.

“Havia muitas expectativas, e nossa resposta se mostrou a mais correta e humanitária possível”, acrescentou. “Os que estão por trás de [o mandatário dos EUA, Joe] Biden querem uma escalada”, resumiu o analista político.

O ex-oficial do Exército estadunidense Stanislav Krapívnik afirmou em uma entrevista à versão em inglês da RT que o novo míssil hipersônico da Rússia envia uma “mensagem muito contundente” aos Estados Unidos e à administração entrante do presidente eleito Donald Trump. “Não nos esqueçamos de que foi Donald Trump quem retirou os EUA do Tratado sobre Forças Nucleares de Médio Alcance, que proibia toda uma categoria de mísseis, precisamente os mísseis que poderiam ter destruído a Europa”, lembrou.

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“A Rússia reagiu e desenvolveu um míssil com relativa rapidez, e não um míssil qualquer, mas um hipersônico que viaja a Mach 10. Para entender o que significa Mach 10, são três quilômetros por segundo; seus olhos não conseguem captar o quão rápido ele passa”, explicou Krapívnik. Ele acrescentou que “não há absolutamente nenhum sistema antimísseis no mundo, possivelmente com exceção do S-550 russo, que possa deter um míssil hipersônico”.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Redação Sputnik Mundo

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