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Orgulho LGBT e desafios: Brasil lidera mortes por homofobia nas Américas e é líder global em assassinato de pessoas trans

Não deve haver distinção entre a luta de classes e a LGBTQI+ porque essa visão só contribui para nos fragmentar rumo ao objetivo da libertação total e em todos os aspectos das amarras capitalistas, racistas e patriarcais
Coletivo LGBT do Movimento dos Atingidos por Barragens
Sul 21
Porto Alegre (RS)

Tradução:

Dia 28 de junho é uma data simbólica para a luta por direitos LGBTQI+ em todo o mundo. Neste dia, no ano de 1969, frequentadores do bar Stonewall Inn, em Nova Iorque, nos EUA, iniciaram uma manifestação que durou seis dias com protestos contra as batidas e revistas policiais em bares da comunidade LGBTQI+.

Aliada à onda de manifestações contra a Guerra do Vietnã e por direitos civis, a mobilização confrontou a repressão e deu origem ao Dia da Libertação Gay, em 1970, conhecida como a primeira Parada do Orgulho LGBTQI+ da história.

Não deve haver distinção entre a luta de classes e a LGBTQI+ porque essa visão só contribui para nos fragmentar rumo ao objetivo da libertação total e em todos os aspectos das amarras capitalistas, racistas e patriarcais

Divulgação/MAB
Ilustração

Cenário brasileiro

No Brasil da atualidade, manter viva esta data se faz cada vez mais necessário, tendo em vista a pandemia do novo coronavírus e o governo neofacista a frente do país, que ataca em cheio as pessoas LGBTQI+, as quais sofrem com a violência, o desemprego e a precariedade da saúde.

No que se refere à violência, de acordo com o relatório da Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros e Intersexuais (ILGA), o Brasil ocupa o 1º lugar nas Américas em homicídios contra pessoas LGBTQI+ e é líder em assassinatos de pessoas trans no mundo, sendo o país com os maiores índices de discriminação.

Quanto ao emprego, vale lembrar que o desemprego já se aproxima de 15% da população brasileira, atingindo frontalmente as pessoas LGBTQI+.

A Aliança Nacional LGBTI estima que o desemprego possa chegar a 40% na comunidade LGBTQI+, e a 70% quando focamos na população trans.

A gravidade desses dados escancara a disparidade de oportunidades de acesso ao emprego no Brasil e nos preocupa por afetar diretamente a independência e autonomia dessas trabalhadoras e trabalhadores.

Se olharmos para as questões pertinentes à saúde, os dados também são preocupantes, especialmente relacionados a depressão, mudança de humor, ansiedade e etc.

Acreditamos que a luta por igualdade LGBTQI+ só será possível com a construção de uma sociedade com novos princípios, com o poder nas mãos das massas trabalhadoras, através de um processo que ataque pela raiz todas as formas de exploração e opressão.

Compreendemos que a luta pelos direitos da comunidade LGBTQI+, assim como a extinção dos preconceitos e as discriminações, deve estar centralmente ligada à luta da classe trabalhadora contra o jugo dos capitalistas, que é sustentada por uma estrutura patriarcal e racista.

Neste sentido, apontamos o desafio de compreender como age o patriarcado na sociedade, que também nos inferioriza e nos oprime nas diversas relações, sejam elas privadas ou públicas e nos propomos a ser sujeitos na construção da nova sociedade e na libertação humana das relações capitalistas, patriarcais, racistas, sexistas e heterocentradas.

Um projeto revolucionário só se constrói com a ampla participação de todos/as as/os sujeitos/as revolucionários da classe trabalhadora, contemplados nas suas mais diversas dimensões, incluindo suas subjetividades, manifestações de afeto, expressões de diversidades e sexualidades.

Apontamos o método marxista de compreensão das relações sociais como guia para a ação prática da luta, a organização popular como exercício da construção de uma nova sociedade e a construção de força organizada para realizar as mudanças necessárias.

A nossa luta pela libertação LGBTQI+ deve partir da compreensão de que a luta contra o capitalismo e pela sociedade socialista não tem dono, é de quem tem disposição para fazer, com ousadia, organização e convicção.

Não acreditamos que deva haver distinção entre a luta de classes e a LGBTQI+, pois na prática, esta visão só contribui para nos fragmentar rumo ao objetivo da libertação total e em todos os aspectos das amarras capitalistas, racistas e patriarcais.

No MAB, firmamos nossa identidade LGBTQI+, atingida por barragem e pertencente a imensa e diversa classe trabalhadora.

Seguimos com o desafio de avançar na formulação da pauta dos direitos das populações LGBTQI+ atingidas por barragens, na formação teórica, na identificação das violações sofridas em cada local de atuação e na luta contra todas as injustiças cometidas em qualquer parte do mundo.

Neste rumo, em 2021 e 2022 estaremos realizando nossa Formação Nacional do Coletivo LGBT, construído pela militância LGBTQI+ atingida de todo o Brasil, que inicia hoje.

No plano a curto prazo, temos a tarefa de lutar contra o governo neofacista de Bolsonaro, que já vitimou mais de 500 mil brasileiras e brasileiros.

Participar, construir e animar as mobilizações é nossa tarefa nesse momento histórico, assim como avançar na construção de um projeto possível para o Brasil, onde o respeito às diferentes expressões e a garantia da dignidade humana e LGBTQI+ devem fazer parte nesta construção.

Seguimos, com ousadia, luta e com a alegria que é típica da nossa luta.

Coletivo LGBT do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB)


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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Coletivo LGBT do Movimento dos Atingidos por Barragens

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