“O judiciário brasileiro é seletivo. Essa seletividade eu chamo de racismo”. A declaração é de Janice Ferreira Silva, a Preta Ferreira, atriz, cantora, produtora cultural e militante do Movimento Sem Teto do Centro (MSTC), que atua na cidade de São Paulo.
Preta ganhou destaque nas redes sociais nos últimos dias por um episódio racista protagonizado pela empresa Gol Linhas Aéreas. Na ocasião, a companhia não deixou que ela embarcasse porque o nome dela não correspondia ao que constava no cartão da pessoa que emitiu a passagem.
A militante por moradia, no entanto, é conhecida nacionalmente por um episódio ainda pior de racismo. Em em junho de 2019, Preta Ferreira, Angélica dos Santos Lima, Sidney Ferreira Silva e Ednalva Silva Franco foram detidos.
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Preta Ferreira é cantora, atriz, produtora cultural e militante do movimento de moradia em São Paulo
A acusação era de envolvimento com a ocupação do edifício Wilton Paes de Almeida, no Largo Paissandu. O prédio desabou em 2018 deixando sete mortos. Todos negam qualquer vinculação com o Movimento de Luta Social por Moradia (MLSM), que organizava a ocupação do prédio à época.
Preta Ferreira ficou detida, sem qualquer apresentação de provas contra ela, por 109 dias. Além da prisão política, ela denuncia também o caráter racista da ação contra ela e o povo negro brasileiro.
“Um país que não dá condições para seu povo acaba transformando-os em moradores de presídios, jogados em ‘navios negreiros’.”
Outra crítica contundente de Ferreira é quanto ao “Pacote Anticrime”, que tem a autoria atribuída ao ex-juiz e hoje ministro de Jair Bolsonaro Sergio Moro: “É um genocídio declarado”, diz.
A medida amplia o tempo de cumprimento de penas, restringe o direito à defesa e, na visão de muitos, vai ampliar as prisões em massa no país.
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