Há 80 anos, em 9 de maio de 1945, a situação estava completamente definida. O fascismo, que havia sonhado em dobrar o mundo e submetê-lo por mil anos, jazia derrubado enquanto um novo canto de esperança abria passagem, assinalando o início de uma época distinta.
O cenário, no entanto, era trágico: cidades destruídas, aldeias arrasadas, exércitos quebrados, ruas e avenidas bombardeadas, além de milhões de pessoas presas entre o crime, a desorientação e o caos. A questão era que, finalmente, a vida marcava a queda de um regime de horror que havia envilecido boa parte do planeta.
Mussolini havia sido pendurado na Piazola Loreto, de Milão, desde as primeiras horas de 29 de abril. A Itália inteira, desde o dia 25, entoava vibrantes as notas de “Bella Ciao…”, a velha canção das lutas passadas, convertida em uma sorte de hino da guerrilha vitoriosa. Milão e Florença – os últimos redutos do fascismo – haviam sido abatidos, e Roma, com um novo regime, começava a consolidar um horizonte melhor.
Na verdade, a Itália estava derrotada muito antes. A “Campanha Africana” – iniciada em 1936 com a guerra da Abissínia – havia terminado em um estrepitoso fracasso. E só a presença dos exércitos germânicos liderados pelo marechal Rommel havia permitido aos hierarcas fascistas saírem com vida do inferno que haviam desencadeado. Em 1943, as tropas estadunidenses ocupavam a Sicília e se preparavam para desembarcar em território continental europeu para lançar uma ofensiva sobre Berlim.
Em julho de 1943, o Grande Conselho Fascista dava uma estocada fatal ao Duce e marcava o fim de seu domínio. O que aconteceu depois – “A República de Saló” – foi apenas uma paródia, prelúdio do fim ominoso de Mussolini e seus cúmplices.
Na Alemanha, as coisas seguiram a mesma direção. Em 6 de junho de 1944, o desembarque da Normandia marcou o início da intervenção dos “aliados” na guerra europeia. Foi esse, de alguma forma, o prelúdio do atentado de 20 de julho de 1944, quando uma poderosa carga explosiva explodiu no Quartel-General do Führer em Rastenburg. A “Ofensiva das Ardenas”, posta em marcha pelo comando hitleriano em meados de dezembro daquele ano, esteve muito longe de cumprir seus objetivos e marcou simplesmente o símbolo da derrota na parte ocidental do continente.
Confira aqui mais análises sobre o Dia da Vitória contra o nazismo.
Mas a batalha principal foi marcada pelo que se denominava, na época, o “Front Oriental” da guerra. Em junho de 1941, o exército alemão conseguiu derrotar a heroica defesa de Brest, o primeiro posto fronteiriço soviético, e então se deslocou pelo território russo até se situar a 30 km da Praça Vermelha, ameaçando perigosamente Moscou. Cercou Leningrado em uma operação genocida que se estenderia até novembro de 1944. E travou batalhas em Stalingrado, desenhando o cenário principal de uma guerra que custaria 25 milhões de mortos ao povo soviético.
Nunca a humanidade será capaz de agradecer à URSS pelo que fez durante esses anos de guerra. O heroísmo do povo soviético brilha incomparável, e sua capacidade de luta não tem paralelo na história. O papel orientador de seu Partido e o papel central desempenhado por sua liderança sob Stalin fazem parte da história, aquela que nem o ódio, nem a mesquinharia poderão apagar.
O Exército Vermelho travou batalhas épicas em seu próprio território, como a de Stalingrado, concluída em fevereiro de 1943, ou como o Arco de Kursk, em julho e agosto do mesmo ano, no Donbass, na Crimeia, Odessa e outras localidades da Ucrânia, até liberar todo o território soviético e iniciar a marcha sobre Berlim para aniquilar o inimigo em sua própria guarida.
Nessa rota, as tropas soviéticas liberaram vários países da Europa Oriental: Polônia, Tchecoslováquia, Hungria, Romênia, Bulgária, Albânia e até a Áustria. Participaram da luta do povo iugoslavo, liderada pelo marechal Tito, com propósitos semelhantes. E, em janeiro de 1945, afirmaram sua entrada vitoriosa em território alemão, derrotando as tropas nazistas em seu próprio solo.
80 anos do Dia da Vitória: a tarefa de defender a memória soviética frente à fantasia ocidental
Mas não só combateram na Europa. Também foi notável sua solidariedade com a causa dos povos asiáticos. Coreia, Laos, Vietnã e Camboja, além da China, conheceram a ajuda moral e material do povo soviético e sua constante assistência militar e política.
O Ocidente, que hoje busca capitalizar a vitória daqueles anos, não teve um papel protagonista. Em princípio, foi importante sua presença na Sicília primeiro e no sul da Itália depois, entre 1942 e 1943, mas foi tardio seu desembarque na Normandia, registrado somente em 6 de junho de 1944, que ajudou, no entanto, à liberação da França, em agosto daquele ano, e neutralizou a tempo a Operação das Ardenas, na região belga.

Em todo caso, as desnecessárias bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki, em agosto de 1945, já com a guerra concluída, colocaram um selo de crime inescusável que ninguém deveria esquecer.
A vitória da URSS não foi só o triunfo militar de um país grande e poderoso. Foi a vitória de uma concepção humana: o socialismo, e a afirmação de uma força internacional em ascensão: o proletariado.
A Pátria Socialista, surgida em 1917, que venceu a agressão de 14 nações entre 1918 e 1921, que se sobrepôs a uma cruenta guerra civil, e foi assediada e atacada constantemente pelo Ocidente, afirmou um caminho que segue sendo bandeira dos povos em todos os continentes.
Por outro lado, abriu a perspectiva para a construção de um mundo novo, no qual foram enfrentados e resolvidos os problemas fundamentais dos povos. Hoje, até os adversários do socialismo não se atrevem a negar que, sob esse sistema, foi possível forjar um país que, em poucos anos, se tornou uma grande potência mundial. Com esse mesmo pavilhão, surge hoje a China.
A URSS chegou até a superar os Estados Unidos em diversas áreas, como a cosmonáutica, o domínio espacial e até na corrida armamentista. Mas, sobretudo, acumulou forças e recursos para derrotar o colonialismo, apoiar a luta nacional libertadora nos países da Ásia, África e América. Ajudou decisivamente a Cuba socialista, ao Vietnã heroico e ao Chile antifascista.
Todos os países que, em um ou outro momento da história, traçaram objetivos de progresso e desenvolvimento – incluindo o Peru – tiveram por perto sua mão solidária.
Assine nossa newsletter e receba este e outros conteúdos direto no seu e-mail.
Nos anos da Segunda Guerra Mundial, a URSS levou o peso principal. Hoje, o socialismo reflete o mundo do futuro.