Pesquisar
Pesquisar
Foto: A.Davey / Flickr

Para nunca esquecer: 5 crimes do ditador e genocida Alberto Fujimori

Fujimori morreu nesta quarta-feira, 11 de setembro, no Peru, em liberdade, mesmo com condenações por crimes de lesa humanidade
Redação Página 12
Página 12
Buenos Aires

Tradução:

Guilherme Ribeiro

Morreu o ditador que arruinou o Peru. Aos 86 anos, o coração de Alberto Fujimori parou de bater, e ele deixou este mundo com condenações por crimes de lesa humanidade, embora um indulto lhe tenha permitido passar os últimos dias de sua vida em liberdade.

O ex-ditador, eleito em 1990 (naquela ocasião derrotou Mario Vargas Llosa), deu um autogolpe em 1992, dissolveu o Parlamento, reformou a Constituição e foi reeleito em 1995 e 2000, em eleições bastante suspeitas. Durante uma viagem ao Japão, logo no início de seu terceiro mandato, ele renunciou e permaneceu foragido até ser extraditado após uma viagem ao Chile. Entre 2007 e 2015, acumulou cinco condenações na Justiça do Peru, totalizando 52 anos e meio de prisão.

Uma revisão dos crimes de Fujimori

– A primeira condenação ocorreu em novembro de 2007 e foi de seis anos, por usurpação de funções. O crime aconteceu em novembro de 2000. Antes de sua renúncia, Fujimori supervisionou pessoalmente a invasão da casa de Trinidad Becerra, ex-esposa de Vladimiro Montesinos, principal assessor do governo. Montesinos, considerado o “monge negro” do fujimorismo, havia sido gravado subornando um deputado opositor, num escândalo que marcou o início do fim do regime.

Leia também | Para oligarquia do Peru, democracia é esmagar o povo e entregar riquezas ao império

– Em abril de 2009, já no Peru, Fujimori recebeu uma condenação histórica de 25 anos por crimes de lesa humanidade. Ele foi considerado culpado por homicídio qualificado com agravante de premeditação, lesões graves e sequestro agravado nos casos dos massacres de Barrios Altos (1991) e La Cantuta (1992), além dos sequestros do jornalista Gustavo Gorriti e do empresário Samuel Dyer Ampudia. Um total de 25 pessoas foram assassinadas nesses massacres por grupos paramilitares. Os sequestros também foram realizados por militares, sendo o de Gorriti executado horas após o autogolpe.

– Três meses após a condenação por violações dos direitos humanos, o ex-ditador recebeu outra sentença por peculato e falsidade ideológica. Ele havia pago ilegalmente 15 milhões de dólares a Montesinos. A pena foi de sete anos e meio.

– Mais tarde, somou outros seis anos por espionagem telefônica, compra de meios de comunicação em 2000 e pagamento a deputados para que mudassem de bloco no Congresso.

– Em 2015, Fujimori recebeu mais oito anos por peculato. A Justiça considerou comprovado que ele desviou 122 milhões de soles peruanos destinados às Forças Armadas para comprar espaços em jornais sensacionalistas.

O fujimorismo também é lembrado por outros episódios, como a feroz repressão na recuperação da residência do embaixador do Japão, em abril de 1997. Ela havia sido tomada por membros do Movimento Revolucionário Túpac Amaru, e todos os invasores foram mortos, além de um refém. Fujimori também é apontado pela esterilização forçada de mulheres nos Andes, prática que, estima-se, afetou mais de 200 mil pessoas.

Página/12, especial para Diálogos do Sul – Direitos reservados.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Redação Página 12

LEIA tAMBÉM

Cuba luta para se recuperar após ciclone, furacão e terremotos; entenda situação na ilha (4)
Cuba luta para se recuperar após ciclone, furacão e terremotos; entenda situação na ilha
Reeleição blinda Trump de processos e abre caminho para indulto a invasores do Capitólio
Reeleição blinda Trump de processos e abre caminho para indulto a invasores do Capitólio
Condenação contra Kirchner é escândalo jurídico; juízes receberam visita de agentes dos EUA
Condenação contra Kirchner é escândalo jurídico; juízes receberam visita de agentes dos EUA
Medo, desespero e exaustão gravações revelam cotidiano de mercenários da América Latina na Ucrânia
Medo, desespero, exaustão: gravações revelam cotidiano de mercenários da América Latina na Ucrânia