Conteúdo da página
ToggleO jornalista Paulo Cannabrava Filho, nascido em 1936, é uma referência no jornalismo político brasileiro e um militante histórico na luta pela democracia. Iniciou sua carreira em 1957 como repórter no jornal O Tempo e, ao longo das décadas seguintes, atuou como editor em veículos como Folha de S.Paulo, A Nação, Última Hora, Correio da Manhã e Jornal do País.
Trabalhou ainda por 12 anos como correspondente de agências internacionais — France Press, Prensa Latina e Interpress Service — cobrindo eventos políticos em toda a América Latina.
Entre 1973 e 1975, integrou a equipe do Ministério da Educação do Peru, em Lima, colaborando na formulação e execução da Estratégia para Alfabetização Integral (Operación Alfín). Paralelamente, consolidou sua experiência em rádio e televisão, destacando-se como chefe de edição de noticiário na Rádio Marconi e como locutor na Rádio Havana, em Cuba.

Militância, clandestinidade e exílio
Desde os anos 1960, Paulo foi também militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB), do Agrupamento Comunista de São Paulo e da Ação Libertadora Nacional (ALN), enfrentando a repressão política e vivendo em clandestinidade após o golpe de 1964.
Exilou-se em diversos países latino-americanos entre 1968 e 1980, período em que pôde observar de perto o surgimento e a consolidação de regimes autoritários na região. Durante esse exílio, atuou também em projetos de comunicação para governos e organizações não governamentais na Bolívia, no Panamá, na Nicarágua e na Itália, além de seu trabalho como correspondente em La Paz, Lima e Cidade do México.
Amor e resistência: parceria com Beatriz Cannabrava
Foi nesse contexto de luta e exílio que Paulo viveu uma emocionante história de amor com sua companheira, a educadora Beatriz Cannabrava, carinhosamente chamada de Bia. Beatriz é uma das fundadoras da Rede Mulher de Educação e da Repem – Rede de Educação Popular entre Mulheres da América Latina e do Caribe.

Juntos, viveram exilados no Peru, na Bolívia, em Cuba e no Panamá, testemunhando revoluções e contragolpes que moldaram o destino político da região. Em retorno ao Brasil, após a Lei da Anistia de 1979, Beatriz dedicou-se à educação popular voltada para mulheres de baixa renda, enquanto Paulo retornou ao jornalismo com ainda mais vigor.
Retorno ao Brasil e o legado da memória
Com a volta para o Brasil em 1979, Paulo dedicou-se a projetos como a revista Cadernos do Terceiro Mundo (1975-2005) e, posteriormente, fundou com Beatriz Bissio a Diálogos do Sul, plataforma herdeira digital da CTM. Em 2024, o jovem veículo adota o Global no nome, se tornando Diálogos do Sul Global (DSG), para realçar o escopo mundial, a contraposição aos países do Norte Global e o compromisso com a multipolaridade, o anti-imperialismo e a autodeterminação dos povos.
É liderando a Diálogos do Sul Global que a história de Cannabrava ganha ainda mais força: escrevendo artigos, publicando livros que desafiam narrativas hegemônicas e realizando lives semanais em seu programa Dialogando com Paulo Cannabrava – todas as terças e quintas-feiras, das 17h às 18h –, onde dá voz aos protagonistas das lutas mais importantes do Sul Global.
O Jornalismo como ato político
Aos 89 anos, Paulo Cannabrava Filho segue incansável, doando a vida por seus ideais e transformando cada palavra, debate e hora ao vivo em um ato político.
Sua trajetória, marcada por amor e resistência e documentada em mais de dez livros, é um testemunho vivo de luta democrática, uma prova de que a esperança floresce nos momentos mais sombrios da história.
Para conhecer mais sobre a obra de Paulo Cannabrava, confira seu perfil na Diálogos do Sul Global ou consulte seus livros, como Resistência e Anistia (Alameda Editorial) e Nova Roma (Editora Appris).