Pesquisar
Pesquisar
O PCC foi capaz de formar alianças com facções locais em outros países, respeitando suas culturas e estruturas, o que facilita a integração e evita conflitos desnecessários (Imagem: Marco Gomes / Flickr)

Cannabrava | PCC: A multinacional do crime que domina o narcotráfico global

Do controle de portos brasileiros aos investimentos em negócios lícitos, a facção Primeiro Comando da Capital se consolida como uma potência clandestina do capitalismo criminoso

Paulo Cannabrava Filho
Diálogos do Sul Global
São Paulo (SP)

Tradução:

A facção criminosa Primeiro Comando da Capital, o PCC, é hoje um dos principais atores do narcotráfico internacional. Através de alianças com grupos como as FARC, na Colômbia, e a ‘Ndrangheta, na Itália, o PCC expandiu sua atuação para diversos continentes, tornando-se uma verdadeira multinacional do crime.

Surgido nos presídios de São Paulo, o PCC construiu uma estrutura organizacional hierárquica, com códigos internos e comunicação eficiente. Mesmo com lideranças presas, como o Marcola, a facção manteve sua capacidade de comando e expansão. Hoje, opera em pelo menos 20 países, incluindo Argentina, Paraguai, Bolívia, Colômbia, Venezuela, Equador, Peru e, através de portos brasileiros, alcança Europa, África e Oriente Médio.

No Brasil, o controle do Porto de Santos é uma peça-chave para a logística internacional da droga. Usando contêineres, lanchas, submarinos e métodos sofisticados de disfarce, o PCC envia cocaína para diversos destinos, operando com eficiência empresarial.

Sua expansão também se deve à capacidade de formar alianças com facções locais em outros países, respeitando suas culturas e estruturas, o que facilita a integração e evita conflitos desnecessários. No Equador, por exemplo, aproveitaram a dolarização da economia para lavar dinheiro e estabelecer bases.

O PCC diversificou suas atividades: além do tráfico de drogas, está envolvido com garimpo ilegal, contrabando, roubo de cargas e outros crimes financeiros. Também investe em negócios aparentemente lícitos, como empresas de transporte, postos de gasolina, bares e restaurantes, que funcionam como fachadas para lavagem de dinheiro. Isso demonstra sua adaptação ao modelo de corporação criminal, com divisões de tarefas, centros de comando e logística internacional.

Cannabrava | Conspiração militar: da Inteligência à ocupação do poder

O negócio é altamente lucrativo: enquanto um quilo de cocaína pode custar entre mil e 1.300 dólares na América do Sul, seu valor na Europa pode superar os 30 mil euros, e no Japão pode superar 100 mil dólares. Essa diferença brutal evidencia o incentivo econômico que alimenta a expansão do tráfico.

Segundo estimativas da Polícia Federal, a organização fatura mensalmente de 100 milhões a um bilhão de dólares, dependendo de maior ou menor volume de venda da droga.

Paradoxalmente, a hegemonia do PCC em certas regiões levou à queda no número de homicídios, pois eliminou disputas entre facções rivais. Mas isso não significa paz: significa o império de uma ordem criminosa.

Diante disso, chama atenção a ausência de uma política de Estado eficaz contra o crime organizado. O que se vê é a criminalização da pobreza e a repressão localizada, enquanto o núcleo financeiro e logístico dessas organizações segue atuando com relativa impunidade.

Estamos no Telegram! Inscreva-se em nosso canal.

O desafio é global e exige cooperação internacional, regulação do sistema financeiro e inteligência estatal. Enfrentar o PCC não é apenas combater o tráfico, mas enfrentar uma estrutura de poder paralela que já se consolidou como uma multinacional clandestina do capitalismo criminoso.

* Artigo redigido com auxílio do ChatGPT.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul Global.

Paulo Cannabrava Filho Iniciou a carreira como repórter no jornal O Tempo, em 1957. Quatro anos depois, integrou a primeira equipe de correspondentes da agência Prensa Latina. Hoje dirige a revista eletrônica Diálogos do Sul Global, inspirada no projeto Cadernos do Terceiro Mundo.

LEIA tAMBÉM

Grito dos Excluídos e Excluídas
Sentença a golpistas repara vítimas da ditadura que há décadas aguardam justiça
Agência Brasil
PEC da Blindagem e sanções dos EUA: ameaça à democracia brasileira
Estátua do STF
Condenação histórica dos golpistas: justiça, soberania e pressões externas
Condenação histórica de Bolsonaro e generais golpistas
Condenação histórica de Bolsonaro e generais golpistas: vitória da democracia, tensão entre poderes