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Rosemberg Cariri*
Diante do quadro de horrores que sofre o povo palestino em Gaza, bombardeado por terra, ar e mar, podemos ver com clareza que vivemos uma crise civilizatória sem precedentes, mas sempre é possível fazer alguma coisa, posto que ainda nos restam fiapos de esperanças e de humanidade.
Na hecatombe das bombas atômicas, que explodiram em Hiroshima e Nagasaki, o poeta turco Nazin Hickmet (um dos grandes poetas do mundo) escreveu o poema “A Menina” – um poema belo, simples, profundo e comovente, como toda grande arte. Um poema como este pode ajudar a mudar o mundo…
Eis o poema:
Sou eu, sou eu que bato às vossas portas,
em todas as portas, umas após outras.
Sou invisível aos vossos olhos.
Os mortos são invisíveis.
Morta em Hiroxima
há mais de dez anos,
sou uma menina de sete anos.
As crianças mortas não crescem.
Primeiro arderam os meus cabelos,
também os olhos arderam, ficaram calcinados.
Num instante fiquei reduzida a um punhado de cinzas
que se espalharam ao vento.
No que diz respeito a mim,
nada vos imploro:
não posso comer, nem sequer bombons,
sou uma criança que ardeu como papel.
Bato à vossa porta, tio, tia:
Peço-lhe uma assinatura.
Não matem as crianças
e deixem que elas possam também comer bombons.
Quem sabe milhões de crianças mortas pelas guerras não estejam batendo em nossas portas, pedindo o gesto de uma assinatura pela paz para que outras crianças possam viver. Elas querem que as crianças que ainda não arderam e foram estilhaçadas pelas bombas possam jogar bola, cantar cantigas de roda e chupar bombons. Que sentimento de pertencimento a um povo, a uma raça ou etnia, a uma religiosidade, a uma nacionalidade e a um credo pode negar tão sagrado direito – o direito à vida?
Da minha parte assinei a campanha da AVVAZ, que recolhe milhões de assinaturas em todo o planeta, de pessoas de todas as cores, credos e nacionalidades, para que este massacre pare.
Para assinar, basta clicar no seguinte endereço:
https://secure.avaaz.org/po/
(Vivemos em uma democracia e temos o supremo dom do livre arbítrio. Cada um assina ou não, de acordo com a sua consciência).
*Do núcleo de colaboradores de Diálogos do Sul