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Venezuela é Bacurau! Resistência contra EUA deve ser tão exaltada quanto a de Lunga

Quem viu o filme de Kleber Mendonça Filho lembra que a cidade foi apagada do mapa pelos jagunços do império, tal como o autoproclamado Juan Guaidó
LatinidaDj
Diálogos do Sul
São Paulo (SP)

Tradução:

Muito se fala sobre a Venezuela na imprensa hegemônica, sempre sob o aspecto econômico e, naturalmente, o que é apresentado nas linhas desse jornalismo esconde uma força popular real. Da mesma forma, quem assistiu ao filme Bacurau, de Kleber Mendonça Filho, lembra que a cidade foi apagada do mapa pelos jagunços do império, tal como o autoproclamado Juan Guaidó.

O que me motivou a escrever este texto não foram apenas os paralelos que pude estabelecer entre o longa-metragem e a situação da Venezuela. Assim como a cidade da ficção, o país caribenho está, nas últimas décadas, ávido pela independência daqueles que se pretendem hegemônicos.

Não é possível compreender como as pessoas, de esquerda, que manifestaram entusiasmo com o enredo da ficção cinematográfica não se sensibilizam com a ingerência dos Estados Unidos e não compreendem que a Venezuela é Bacurau (assim como Cuba!) na América Latina.

Quem viu o filme de Kleber Mendonça Filho lembra que a cidade foi apagada do mapa pelos jagunços do império, tal como o autoproclamado Juan Guaidó

Montagem: Diálogos Do Sul
Quem nasce na venezuela é gente!

Os satélites da imprensa que captam os recursos e os acontecimentos em tempo real em todo o planeta não comunicam o problema causado pelas sanções econômicas e bloqueios financeiros impostos unilateral e ilegalmente ao país chavista. 

Essas ações do imperialismo são fatores de produção de carências para esse povo, assim como os misteriosos tiros criminosos no caminhão-pipa que levava água potável para a pequena cidade do interior nordestino. Outro paralelo está na dificuldade do povo em receber remédios: em Bacurau, a médica alerta para os malefícios dos fármacos fora do prazo de validade. Na Venezuela e em Cuba, nem sempre eles chegam.

Aliás, Guaidó é como aquele candidato à reeleição, o prefeito “Tony Jr.”, que assedia de forma ridícula a população. O personagem ficcional mantém um conchavo com os aventureiros caçadores gringos, que menosprezam a memória popular e desdenham do simbólico museu ao lado do bar.

Venezuela é Bacurau na geopolítica atual. Quem assistiu ao filme pode reconhecer as semelhanças quando vê as milícias (não confundir com o sentido dado ao termo no Brasil) populares fazendo treinamento à luz do dia. Elas estão se preparando para uma iminente invasão dos Estados Unidos, os  mesmos que entraram em dezenas de países pelo mundo sob pretextos demagógicos, sempre em nome de ganhos econômicos.

Para você que assistiu ao filme e se sentiu instigado, “Bacurau” acontece logo ao lado, bastante organizado e merece ser exaltado.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
LatinidaDj

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