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Vínculos com narcotráfico e EUA: quem é Álvaro Uribe, ex-presidente da Colômbia?

O caso envolve os comandos das Forças Armadas e se configura cada vez mais como uma briga entre poderosas máfias pelo controle do rendoso tráfico de drogas
Paulo Cannabrava Filho
Diálogos do Sul
São Paulo (SP)

Tradução:

Na última terça-feira (4), a Suprema Corte da Colômbia condenou o ex-presidente e atual senador Álvaro Uribe Vélez por crime de suborno e manipulação de testemunha, num caso que investiga espionagem contra políticos, jornalistas e advogados de direitos humanos. 

O caso envolve os comandos das Forças Armadas e se configura cada vez mais como uma briga entre poderosas máfias pelo controle do rendoso tráfico de drogas. É a segunda vez que Uribe se vê metido em uma trama entre serviços de inteligência. 

Ao olhar para o país vizinho não podemos fazê-lo sob outro prisma que não pelo de que o país é responsável por 90% da cocaína consumida no mundo. A Colômbia é hoje um narcoestado comandado pelos Estados Unidos. 

O caso envolve os comandos das Forças Armadas e se configura cada vez mais como uma briga entre poderosas máfias pelo controle do rendoso tráfico de drogas

Reprodução: WinkieMedia
Álvaro Uribe Vélez, ex-presidente e atual senador

Temos os Antecedentes remotos, mas nem tanto, com foram os governo de Donald Reagan nos EUA, o da dupla Fujimori-Montesinos, no Peru, além do escândalo Irã-Contras. Tais eventos revelam o contubérnio entre governantes e a suruba entre a DEA (órgão de polícia federal do Departamento de Justiça dos Estados Unidos encarregado da repressão e controle de narcóticos), a CIA (agência de inteligência dos EUA), o Mossad (agência de inteligência de Israel), produtores e traficantes de droga, bancos e comandos militares. Com o dinheiro da cocaína se comprava armas e se pagava mercenários treinado pelas agências de Inteligência.

Os antecedentes mais recentes na região são do Plan Colombia, de 1999, quando milhões de dólares foram usados para erradicar plantações de coca e combater a guerrilha, como se os guerrilheiros fossem os traficantes. No ano seguinte, começa a ocupação de bases militares e.stadunidenses no país.

Quem é Uribe?

A trajetória do clã Uribe se dá pari passo com o desenvolvimento do Cartel de Medellín, que tinha em Pablo Escobar seu principal executivo.

Álvaro Uribe Vélez, o caçula da família, entre 1982 e 1986 foi vereador e prefeito de Medellin. De 1986 a 1994 foi senador da  República, em 1995 foi eleito governador de Antioquia e, em 2002, se tornou presidente do país, tendo exercido dois mandatos, até 2010. 

Todas as campanhas que elegeram Alvarito, de vereador a senador e de prefeito a governador e presidente, foram pagas com dinheiro do tráfico comandado por Pablo Escobar.

Não é por menos que tenha sido Álvaro Uribe, como senador, quem fez a campanha contra a extradição de Pablo, a pedido dos Estados Unidos.

Em 2009, Alvaro Uribe firmou o acordo que cede durante dez anos. as bases aéreas de Palanquero (centro), Apiay (este) e Malambo (Caribe, Norte); os fortes do Exército Tres Esquinas (Sul) e Tolemaida (centro), além das bases navais de Cartagena (Caribe) e Bahía Málaga (Pacífico, Oeste).

Política atual

O sucessor de Uribe, Juan Manoel Santos, deu continuidade a esses acordos, mesmo após terem sido questionados pela Justiça a pedido de parlamentares do partido FARC.

O atual presidente, Iván Duque, foi além nas concessões aos EUA e está se prestando a desestabilizar o governo da Venezuela.

Decorrente do acordo de cooperação firmado anteriormente e atualizado, já desembarcaram na Colômbia 600 tropas especiais que estão treinando e financiando mercenários em bases na fronteira com a Venezuela.

Vale registrar que esses campos de treinamento estão terceirizados, ou seja, nas mãos de grandes empresas de inteligência comandadas por agentes do Mossad. Oportunamente, já havíamos publicado denúncias que foram feitas pelos serviços de inteligência da Venezuela.

A Venezuela, inclusive, está hoje nessa dramática situação de bloqueio econômico implacável, agentes desestabilizadores internos, pagos pelos EUA, como é o caso do autoproclamado presidente Juan Guaidó, com mercenários fustigando nas áreas de fronteira com a Colômbia, uma frota naval comandada pelo porta-aviões nuclear Abraham Lincoln, que tem capacidade de desembarcar 2.200 soldados. 

Isso em meio a toda essa pressão, tendo que enfrentar a pandemia da Covid-19, e graves problemas de desabastecimento por conta do bloqueio.

Na época do acordo, o South Command era chefiado pelo almirante Kurt Tidd, que foi quem conseguiu colocar a Colômbia como aliado preferencial dos EUA, dando condições para o passo seguinte que foi a adesão do país à OTAN.

Veja os disparates da política de defesa brasileira. Observando nossos vizinhos, oito bases militares na Colômbia, e outras oito em território peruano, temos motivo mais do que suficientes para preocupar-nos, pois se trata de tropas estrangeiras com tradição de ingerência nos assuntos internos de outros países e invasões de guerra.

O que se vê, no entanto, é um general brasileiro, junto com um general colombiano, se colocando a serviço do Comando Sul e pleiteando integrar-se à OTAN. Essa cena está gravada e disponível na internet. Nela, aparece o atual comandante, almirante Craig Feller, apresentando ao presidente Trump os “generais a nosso serviço”.  Vergonha!


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
Paulo Cannabrava Filho Iniciou a carreira como repórter no jornal O Tempo, em 1967. Quatro anos depois, integrou a primeira equipe de correspondentes da Agência Prensa Latina. Hoje dirige a revista eletrônica Diálogos do Sul, inspirada no projeto Cadernos do Terceiro Mundo.

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