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Réu por narcotráfico nos EUA, ex-ministro mexicano García Luna é acusado de ameaça

Promotores federais querem incluir evidências no julgamento, que acontece em 24 de outubro, sobre como Luna fustigou e subornou jornalistas
David Brooks
La Jornada
Nova York

Tradução:

Promotores estadunidenses apresentaram uma solicitação para a inclusão de evidências sobre as tentativas de Genaro García Luna para “silenciar” jornalistas por meio de ameaças, fustigamento e subornos quando era secretário de Segurança Pública do México, como parte de suas atividades corruptas com o cartel de Sinaloa, e mais recentemente, evidências de tentativas de manipulação no caso contra ele a partir de sua prisão. 

A equipe de promotores federais encarregada do caso judicial contra García Luna deseja incluir evidências no julgamento sobre como “o acusado ameaçou, fustigou e subornou jornalistas que estavam investigando seus delitos e que, depois de sua prisão, manifestou disposição de manipular testemunhas”.

Em um memorando apresentado ao tribunal federal no Brooklyn na última quarta-feira (15), os promotores argumentam a favor de incluir evidência de delitos e atos que não estão detalhados na acusação formal, mas que formam parte das atividades criminosas do acusado.

Detalham que desejam apresentar evidências de como, entre aproximadamente 2008 e 2013 – enquanto García Luna ocupava o posto do gabinete sobre segurança pública –, o acusado submeteu um ou uma jornalista (não se especifica o gênero) a “uma campanha de fustigamento e ameaças” durante anos diante das tentativas de esse ou essa jornalista para investigá-lo. 

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Além disso, solicitam permissão para incluir a evidência de que, entre 2009 e 2010, o acusado usou dinheiro proveniente de atividades corruptas para pagar “subornos a uma organização de notícias para evitar que jornalistas dessa organização publicassem notas negativas sobre ele”. 

Segundo os promotores, os esforços do acusado para “silenciar jornalistas ajudam a explicar como conseguiu ajudar de maneira corrupta ao cartel de Sinaloa durante anos sem que fosse detectado ou detido”. 

Promotores federais querem incluir evidências no julgamento, que acontece em 24 de outubro, sobre como Luna fustigou e subornou jornalistas

Tercero Diaz/Cuartoscuro.com
Autoridades dos EUA possuem conversa que pode mostrar a culpa de Genaro García Luna




Manipular testemunhas

Por outro lado, os promotores detalham que quase um ano depois de sua detenção e encarceramento à espera de seu julgamento, García Luna sustentou conversações que foram gravadas por autoridades de segurança pública, “nas quais o acusado conversou sobre ameaçar com violência e manipular testemunhas… referindo-se a pelo menos uma pelo nome”. 

Nesse aspecto, os promotores desejam incluir uma conversação do outono de 2020, na qual afirmam que García Luna desejava “prejudicar testemunhas contra ele”. Explicam que uma pessoa com quem García Luna estava falando – identificado só como “Indivíduo 1” – deu ao acusado o número de telefone proporcionado por agente de segurança pública de um agente encoberto que pretendia ser um integrante da máfia russa (se supõe que nos Estados Unidos) chamado “Greg”. 

No memorando, apresentam um fragmento de uma conversação gravada entre García Luna e o “Indivíduo 1” em 11 de novembro de 2020 (García Luna já estava encarcerado em Nova York após sua detenção em Dallas em 9 de dezembro de 2019 e trasladado a Nova York), onde na qual conversam sobre um “Rei e um “Luís”.

Os promotores supõem que o primeiro é Jesús El Rey Zambada que testemunhou durante o julgamento do El Chapo Guzmán neste mesmo tribunal sobre pagamentos que ele entregou a García Luna por parte do cartel de Sinaloa, e que o segundo é Luis Cárdenas Palomino, que está acusado junto com García Luna neste caso. 

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Os promotores também revelam que em 31 de dezembro de 2020, o chamado “Indivíduo 1” e o acusado fizeram uma chamada conjunta com o agente encoberto “Greg”. 

Argumentam que estas tentativas para manipular testemunhas, depois de sua prisão, “são evidências diretas de sua culpabilidade”. 

Os promotores resumem as denúncias e acusações nesse caso incluindo que entre 2001 e 2012, quando García Luna ocupava primeiro a direção da Agência Federal de Investigações e, a partir de 2006 a 2012, como secretário de Segurança Pública, o acusado usou seus postos oficiais para ajudar o cartel de Sinaloa em troca de subornos de dezenas de milhões de dólares.

Os promotores reiteram que no julgamento esperam contar com o testemunho de vários ex-altos mandos do cartel de Sinaloa sobre o pagamento de subornos a García Luna em troca de sua proteção. 

O julgamento de García Luna está programado para o próximo dia 24 de outubro ante o Tribunal Federal do Distrito do Leste no Brooklyn, Nova York.

David Brooks é correspondente de La Jornada em Nova York.
Tradução de Beatriz Cannabrava.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

David Brooks Correspondente do La Jornada nos EUA desde 1992, é autor de vários trabalhos acadêmicos e em 1988 fundou o Programa Diálogos México-EUA, que promoveu um intercâmbio bilateral entre setores sociais nacionais desses países sobre integração econômica. Foi também pesquisador sênior e membro fundador do Centro Latino-americano de Estudos Estratégicos (CLEE), na Cidade do México.

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