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Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin (Foto: Foto: Sergey Karpukhin / TASS)

Peskov: fake news sobre conversa entre Putin e Trump mostra falta de seriedade de jornais dos EUA

Porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov classificou como "pura invenção" e "informação falsa" notícias de que Trump teria telefonado para Putin com "conselhos" sobre guerra na Ucrânia
Juan Pablo Duch
La Jornada
Moscou

Tradução:

Beatriz Cannabrava

Nesta segunda-feira (11), o Kremlin classificou como “pura invenção, informação falsa” a suposta conversa entre o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, após a vitória de Trump nas eleições presidenciais do passado 5 de novembro.

“Este é o melhor exemplo da qualidade da informação que agora, às vezes, é divulgada até por meios de comunicação que possuem certa reputação de seriedade. Essa notícia não tem nada a ver com a realidade”, afirmou – de maneira categórica – o porta-voz da presidência russa, Dmitry Peskov, referindo-se à “exclusiva” do jornal Washington Post, que na edição impressa de segunda-feira sustenta que Trump ligou para Putin para aconselhá-lo a não intensificar a guerra na Ucrânia e lembrá-lo de que os Estados Unidos possuem grande presença militar na Europa.

O jornal estadunidense afirma, citando fontes anônimas, que Trump teria ligado para Putin em 7 de novembro, horas antes de o líder do Kremlin participar da sessão plenária do Clube de Debates Valdai, na cidade balneária de Sochi (na costa do Mar Negro), onde aproveitou a ocasião para felicitá-lo por ter ganhado as eleições nos Estados Unidos.

O Escritório da Presidência russa, que elabora a estratégia de comunicação do Kremlin, de acordo com o que se comenta na capital russa, costuma seguir a regra de que nenhum contato oficial com Trump deve ser reconhecido – no caso hipotético de que ele tivesse ocorrido de modo extraoficial – até que ele assuma o cargo em 20 de janeiro.

“Notícias falsas”

Por esse motivo, para o Kremlin, segundo consta em seu site, a conversa telefônica mais recente entre Putin e Trump ocorreu em julho de 2020, antes de este deixar a Casa Branca, e tudo o que for publicado de diferente são “notícias falsas”.

Essa declaração também serviu para desmentir as supostas sete ligações que ambos os líderes teriam mantido – já com Trump na qualidade de ex-presidente – durante o período em que Joe Biden tem exercido o cargo de mandatário dos EUA, outra “revelação”, citando fontes anônimas, do renomado jornalista Bob Woodward em seu livro “War” (Guerra).

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A reeleição de Trump para um segundo mandato na Casa Branca gera muitas expectativas acerca do impacto que isso poderia ter na guerra da Ucrânia. Segundo especialistas, isso dependerá de diversos fatores, além do que ele possa ter dito como candidato presidencial (“acabar com a guerra em um dia”, por exemplo), da distribuição dos cargos-chave em sua equipe (Conselheiro de Segurança Nacional, Secretário de Estado, Diretor da Agência Central de Inteligência, etc.), onde, entre os aspirantes a cada posto, há os que apoiam a continuação do apoio a Kiev e os que se opõem, e das pressões de fabricantes de armas interessados em seguir armando a Ucrânia.

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A Rússia também se prepara para chegar a uma posição mais forte no campo de batalha quando chegar a hora de dialogar com Trump, justamente quando as previsões meteorológicas permitirem que, a partir de meados de janeiro, a neve se solidifique, possibilitando o cumprimento do que dizem ser uma condição sine qua non que o Kremlin considera para iniciar negociações com a Ucrânia: expulsar as tropas de Kiev da região russa de Kursk.

Para atingir esse objetivo, com base em imagens de satélite, grupos de analistas OSINT (sigla em inglês para inteligência de fontes abertas) detectam uma possível concentração de 50 mil soldados russos perto das zonas de combate, que poderiam ser utilizados em uma nova ofensiva tanto em Kursk como na região de Zaporíjia, sem que ninguém – salvo o Estado-Maior do exército russo a cargo da operação militar especial – saiba em que direção planejam atacar quando o clima permitir.

O comandante-chefe do exército ucraniano, Oleksandr Syrskyi, aproveitou essas informações alarmantes nos meios de comunicação ocidentais para lançar a mensagem de que “a situação é extremamente delicada” e, de quebra, alegar que “soldados norte-coreanos poderiam ser usados nos combates”, como um alerta aos Estados Unidos e seus aliados sobre o quão catastrófico seria cessar o fornecimento de armas à Ucrânia em vésperas de uma nova ofensiva russa.

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Enquanto isso, a ofensiva que, pelo menos desde a primavera passada, permitiu a Moscou libertar territórios no Donbass (Donetsk e Lugansk), pode ser considerada encerrada em virtude das chuvas, que estão transformando o terreno em um lamaçal, dificultando o avanço, sobretudo com tanques, artilharia e outros tipos de armamento pesado.

Por essa razão, agora prevalecerão as trocas de ataques intensos com drones, bombas guiadas, projéteis de artilharia e mísseis de ambos os lados, sem que, a essa altura, se possa dizer quem está respondendo a um golpe inimigo ou, pelo contrário, está apenas colocando mais lenha na fogueira dentro da lógica do círculo vicioso da guerra.

Até meados de janeiro, haverá intensos combates em algumas localidades, inclusive lutas rua a rua em lugares como, atualmente, Kurajove. A totalidade do que a Rússia alcançou com essa ofensiva equivale – segundo cálculos de Yuri Fiodorov e outros estudiosos dessa guerra – a 10% do território do Donbass que as tropas russas ainda precisam libertar para cumprir a ordem fixada por Putin, de fevereiro de 2022, de alcançar os limites administrativos de Donetsk e Lugansk vigentes em 2014.

La Jornada, especial para Diálogos do Sul – Direitos reservados.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Juan Pablo Duch Correspondente do La Jornada em Moscou.

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