Pesquisar
Pesquisar
Foto: Captura de tela / YouTube

Polícia de Milei joga gás de pimenta em rosto de criança e governo divulga vídeo falso sobre ataque

Vídeo falso foi desmentido pela mídia alternativa; Milei parabenizou atuação violenta dos agentes contra os aposentados
Stella Calloni
Diálogos do Sul Global
Buenos Aires

Tradução:

Beatriz Cannabrava

Conteúdo da página

O presidente ultradireitista Javier Milei elogiou, na última quinta-feira (12), a atuação da polícia contra os aposentados na quarta-feira, que foram reprimidos com uma violência incomum. Porém, seu entusiasmo acabou diante de um escândalo, quando o Ministério da Segurança apresentou na televisão do jornal La Nación um vídeo falso.

A gravação mostra o que nunca aconteceu: uma mulher de blusa alaranjada teria jogado gás de pimenta em uma menina, que na verdade foi atacada pela polícia com o famoso gás, como foi demonstrado nos últimos dias, já que vários canais de televisão e meios alternativos transmitiram ao vivo a imagem desoladora da ação policial durante a mobilização.

Gás de pimenta e bala de borracha no rosto: repressão sob Milei é inspirada em Israel

Os meios destacaram o momento em que a menor e sua mãe estavam sentados no chão e que vários manifestantes advertiram à Polícia Federal para que não avançasse. No entanto, a ordem foi executada, e um policial se aproxima delas e joga gás pimenta no rosto e na roupa.

Os manifestantes conseguiram alertar os socorristas, pois a menina e sua mãe estavam sufocando e não conseguiam abrir os olhos. Os voluntários, que vestiam coletes laranja, a atenderam em emergência, assim como os aposentados feridos e lesionados, além de jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas.

Vídeo falso

O vídeo falso foi apresentado pela vice-ministra da Segurança, Alejandra Monteoliva — a segunda da titular dessa pasta, Patricia Bullrich — que na quarta-feira apareceu no canal de TV do jornal La Nación para mostrar o vídeo falso. Monteoliva disse que a mulher do vídeo era uma infiltrada das organizações sociais, além de mencionar seguidores da ex-presidente Cristina Fernández de Kirchner como responsáveis.

Confira imagens do ocorrido:

A gravação foi retransmitida por Milei, difundida em alguns meios, e também pelo exército de trolls na internet que o governo controla. O jornalista Eduardo Feiman, nada próximo da esquerda, denunciou a ministra Bullrich, e ao chefe da polícia federal, Luis Rollé, e ao seu porta-voz, pois tentaram acusá-lo pelo vídeo.

Denúncias de violações dos direitos humanos por Milei ultrapassam fronteiras da Argentina

Bullrich voltou a dizer nesta quinta-feira que “ninguém jogou gás em uma menina” e que os policiais “não veem devido a seus capacetes impedirem a visão na hora de apontar suas armas”. No entanto, outro menino que estava passando com sua mãe pelo local para ir a um médico também foi atingido pelo gás durante o protesto.

Universidades

Enquanto isso, o Senado debate o orçamento universitário e, depois de aprovar a mudança da cédula eleitoral, entra em um terreno perigoso para o governo, como é a discussão na qual radicais e peronistas estão unidos a outros blocos menores que apoiam o projeto de lei, que já conta com meia sanção dos deputados.

Uma marcha multitudinária de estudantes acompanhados por outros setores chegou ao Congresso, onde a câmara alta já estava em sessão. O local estava tomado por um dispositivo de segurança maior do que o de quinta-feira, pelo qual os manifestantes rodearam em um abraço o edifício do Congresso e se retiraram porque o debate sobre o financiamento para a universidade só começaria ao entardecer. Já está programada uma marcha tão importante quanto a da última quarta-feira, se Milei tentar vetá-la.

Superávit de Milei é ilusionismo contábil: a verdade sobre a economia Argentina

Enquanto isso, na capital da província de Santa Fé, na quinta-feira, trabalhadores e professores conseguiram entrar na legislatura para impedir que fosse votada uma reforma previdenciária — como pediu o governador Maximiliano Pullaro, um radical aliado a Milei — que não só retirava os direitos adquiridos desde 2005, mas também aumentava a idade de aposentadoria das mulheres para 65 anos.

Houve enfrentamentos duros com a polícia, que foi superada pelos manifestantes, o que foi aproveitado pela presidenta do bloco do governador pró-Milei que aprovou essa reforma, sem ouvir a oposição, o que fez com que sindicalistas, trabalhadores, professores e funcionários rejeitassem a reforma por ilegalidade, o que resultará em paralizações e manifestações.

La Jornada, especial para Diálogos do Sul – Direitos reservados.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Stella Calloni Atuou como correspondente de guerra em países da América Central e África do Norte. Já entrevistou diferentes chefes de Estado, como Fidel Castro, Hugo Chávez, Evo Morales, Luiz Inácio Lula da Silva, Rafael Correa, Daniel Ortega, Salvador Allende, etc.

LEIA tAMBÉM

Investigações contra prefeito de Nova York miram amplo esquema de corrupção
Investigações contra prefeito de Nova York miram amplo esquema de corrupção
Seguridade Social no Peru caminhos para garantir a universalidade
Seguridade Social no Peru: caminhos para garantir a universalidade
Eleição nos EUA neoliberalismo, desilusão popular e o voto de vingança
Eleição nos EUA: neoliberalismo, desilusão popular e o voto de vingança
Estupro foi “arma de guerra” pró EUA e Israel para exterminar maias na Guatemala (3)
Estupro foi “arma de guerra” pró EUA e Israel para exterminar maias na Guatemala