O emblemático Hotel Nacional em Havana, capital cubana, receberá, entre hoje (21) e amanhã (22), profissionais do setor de comunicação da América Latina e do mundo para celebrar o aniversário de 60 anos da Operação Verdade, ação que resultou na criação da Prensa Latina, primeira agência latino-americana de informação alternativa.
O fórum tem como objetivo procurar respostas diante do desafio que representa a tarefa de realizar um jornalismo comprometido com a verdade. Paulo Cannabrava Filho, editor da revista Diálogos do Sul, é um dos convidados especiais do evento.
Cannabrava integrou a primeira equipe de correspondente da Prensa Latina, junto com Aroldo Wall e José Prado Laballós, e tem o mérito de ser o único sobrevivente da primeira geração da agência. O jornalista também fez parte da equipe da revista Cadernos do Terceiro Mundo e, atualmente, é editor da revista virtual Diálogos do Sul.
Em sua apresentação, Cannabrava vai expor um panorama da situação política no Brasil e de como a comunicação foi uma ferramenta estratégica na manipulação que resultou não só na eleição do presidente Jair Bolsonaro, no Brasil, como também nas vitórias de Donald Trump, nos EUA, e Mauricio Macri, na Argentina, além da vitória do “não”, no referendo da Bolívia.
Reprodução na Prensa Latina
Operação Verdade
Jorge Luna, um dos organizadores do evento, explica que as notícias falsas e a manipulação marcam com frequência o palco no qual se desenvolve o trabalho jornalístico. Por isso, esse será um tema que comunicadores internacionais de renome vão debater na capital de Cuba.
De acordo com o diretor de Comunicação Social de Prensa Latina, é oportuno abordar esses assuntos em um fórum convocado por ocasião do aniversário de 60 anos da chamada Operação Verdade.
Operação Verdade é como foi chamada a convocação de 400 jornalistas estrangeiros a Havana quando a Revolução tinha cumprido 20 dias de vida, para que conhecessem, em primeira mão, detalhes dos julgamentos contra os criminosos de guerra da derrotada ditadura de Fulgencio Batista. A iniciativa visava fazer frente às mentiras sobre esse processo.
O editor-chefe da Prensa Latina, Víctor Carriba, lembrou que a agência de notícias surgiu no contexto da operação porque havia a necessidade da Revolução cubana de enfrentar a difamação e as campanhas mediáticas, além da urgência de que América Latina tivesse voz própria.
O evento
De acordo com Jorge Luna, as fake news têm caracterizado a maneira com que governos poderosos e grandes meios de imprensa atacam líderes e países afastados de posturas hegemônicas e comprometidos com projetos nacionais com enfoque de independência e justiça social.
Por isso, o fórum funcionará em painéis, com conferências de figuras importantes do jornalismo latino-americano que ajudarão a explicar como funcionam estas práticas e as maneiras das combatê-las, agregou Luna.
Ele destacou o painel sobre os perigos do jornalismo latino-americano de hoje, que debaterá os riscos aos quais estão sujeitos profissionais do setor, quando realizam um trabalho apegado à verdade e de denúncia aos mais diversos males sociais.
Por sua vez, Víctor Carriba, outro organizador da atividade, adiantou que o evento inclui também análise de vários especialistas sobre o acesso às tecnologias da informação e comunicação e seu impacto no jornalismo em tempos de globalização.
Os painéis existentes no foro permitirão aos participantes trocar opiniões em torno da era digital e a maneira de defender a coesão social, a soberania nacional, a solidariedade e o altruísmo, explica Carriba.
Ele manifestou que Prensa Latina vai colocar à disposição dos presentes suas experiências em seis décadas de trabalho jornalístico com uma visão alternativa e verdadeira da realidade continental e mundial.
* Com informações da Prensa Latina