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Protesto em defesa do povo Mapuche no Chile em dezembro de 2019 (Foto: John Englart/ Flickr)

Realidade do povo Mapuche piorou sob Boric, afirma Héctor Llaitul: “mais confronto e violência”

Ainda segundo o líder mapuche Hector Llaitul, equipe de Boric promoteu diálogo, mas na prática aumentou repressão contra recuperação de terras e reinstaurou políticas de extermínio
Aldo Anfossi
La Jornada
Santiago del Chile

Tradução:

Beatriz Cannabrava

Héctor Llaitul Carrillanca, dirigente da organização mapuche Coordenadora Arauco Malleco (CAM), disse que, durante a administração do presidente chileno Gabriel Boric, pioraram as condições para o movimento indigenista que busca a recuperação e autonomia de seu território ancestral.

Condenado a 23 anos de prisão em 2024 acusado de crimes comuns e contra a segurança do Estado, Llaitul respondeu, de sua cela, a perguntas do site www.elclarin.cl, após o lançamento do ensaio Escritos desde la cárcel”, de sua autoria.

“A avaliação que fazemos da relação deste governo com nosso povo e com as comunidades mapuche em luta, em particular daquelas que estão se mobilizando pela recuperação de suas terras, tem sido deplorável. É uma relação de maior confrontação e violência”, afirmou.

“O conflito histórico se agravou porque não está apenas baseado na aplicação de mais políticas repressivas contra o movimento em luta, mas também na farsa em que se transformou sua suposta instância de diálogo, a Comissão pela Paz e o Entendimento, que surge e se instala com o único objetivo de utilizar e manipular os setores mapuche cooptados e funcionais ao sistema. Essa instância resultou em um fracasso e constitui uma nova afronta ao movimento mapuche em geral”, acrescentou.

Conflito no Wallmapu

Em junho de 2023, Boric formou uma comissão de oito integrantes com a função de determinar a demanda por terras das comunidades e propor mecanismos para a reparação por meio de vias institucionais, diante do desapossamento histórico.

Esse grupo deverá apresentar suas conclusões nas próximas semanas.

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O conflito entre a nação mapuche e o Estado chileno ocorre no Wallmapu, o território ancestral indígena onde estão localizadas as regiões de Biobío, La Araucanía, Los Ríos e Los Lagos, que somam 136 mil km², dos quais apenas 5% estão sob o controle de comunidades dessa etnia.

Nessa extensa área, principalmente dois grandes conglomerados florestais exploram até 4 milhões de hectares de plantações de pinho e eucalipto. Essas corporações são o principal alvo de cerca de cinco grupos insurgentes que atuam na região, embora agricultores também sejam afetados, sofrendo a destruição de seus bens e colheitas.

Aumento da repressão

Mas, segundo Llaitul, “o governo de Boric não apenas instalou uma falsa bandeira com suas políticas de diálogo, que resultaram em um grande engano em matéria de restituição territorial, mas também criou todas as condições para o aumento da repressão, especialmente contra os processos de recuperação de terras, e, de certa forma, reinstaurou políticas de extermínio que sofremos no século passado”.

Para o líder, está ocorrendo “uma nova ocupação”.

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Após 25 anos de existência da CAM, Llaitul afirma: “conseguimos avanços substanciais na recuperação do território”. E segue: “as empresas florestais são nosso inimigo histórico”.

Quanto à sua situação, ele diz: “foi uma condenação política e, por isso, deve ser assumida de acordo com o grau de consciência e politização que nossa luta alcançou (…). Deve-se assumir a prisão política em um contexto de maior adversidade”.

A defesa do líder se prepara para levar seu caso à Corte Interamericana de Direitos Humanos. No final de 2024, havia 86 presos mapuches nas prisões chilenas, dezenas deles em prisão preventiva e sem condenação.

La Jornada, especial para Diálogos do Sul Global – Direitos reservados.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul Global.

Aldo Anfossi

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