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Flickr: Gage Skidmore

Republicanos prometem 50% do voto latino enquanto líderes atacam imigração ilegal na convenção

“Milhões de estrangeiros ilegais cruzam nossas fronteiras, eles ondeiam bandeiras do Hamas em nossas universidades”, disse Hung Kao provocando uma resposta do público: “USA, USA”
David Brooks, Jim Cason
La Jornada
Milwaukee

Tradução:

Beatriz Cannabrava

Os imigrantes e tudo o que cruza a fronteira “aberta” com o México são a fonte de todo mal nos Estados Unidos, foi a mensagem no segundo dia da Convenção Nacional Republicana, e é o que ressalta um dos eixos principais da campanha eleitoral do candidato – e poeta – Donald Trump.

O discurso republicanos focou em como os “imigrantes ilegais” estão ameaçando o país, destruindo as escolas e matando cidadãos. Apesar disso, legisladores e estrategistas do partido ressaltaram os avanços para atrair latinos às suas filas, e alguns prognosticaram que Donald Trump captará até 50% do voto latino. Sondagens emitidas pela pesquisadora Harris Poll registraram na terça-feira (16) que os latinos republicanos tinham um nível de entusiasmo muito alto sobre seu candidato Trump.

A arena, porém, explodia com a famosa consigna de “construam o muro” em intermédios entre oradores que enfatizaram a aparente grande vulnerabilidade existencial deste superpoder em sua fronteira ao sul e o grande perigo que representam aqueles que a cruzam.

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O senador Ted Cruz do Texas declarou ante a convenção: “Estamos enfrentando uma invasão em nossa fronteira do sul… 11,5 milhões cruzaram ilegalmente nossa fronteira”, dando a entender, falsamente, que ingressaram durante a presidência de Joe Biden. Cruz ofereceu histórias das vítimas de criminosos imigrantes indocumentados, repetindo que “cada dia nos estão assassinando, violando e impulsionando a escravidão sexual… Todos os malditos dias”.

Oradores repetem o mantra

O governador da Flórida, Ron DeSantis, repetiu esse tipo de acusações e as consequências de “fronteiras abertas” que deixam ingressar milhões de imigrantes. “Se você chegou ilegalmente sob Joe Biden, será regressado sob o presidente Trump”, declarou Jim Banks, candidato ultradireitista ao Senado por Indiana.

“Milhões de estrangeiros ilegais cruzam nossas fronteiras, eles ondeiam bandeiras do Hamas em nossas universidades”, acusou o candidato ao Senado pela Virgínia, Hung Kao, filho de refugiados do Vietnã, provocando uma resposta do público “USA, USA”.

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Brick Man”, que se veste com um traje com imagens de tijolos para promover a construção do muro fronteiriço de Trump, dava voltas dentro da convenção, oferecendo entrevistas.

Enquanto isso, suas contrapartes democratas estão muito menos animadas por seu candidato Joe Biden. “Em termos do voto hispânico, o melhor que poderia ter ocorrido ao Partido Republicano foi Donald Trump e sua guinada para o populismo econômico”, explica Alfonso Aguilar, diretor do Hispanic Engagement do Republican American Principals Project.

Mas a dificuldade dessa tarefa foi evidente quando republicanos latinos tentaram explicar como suas comunidades poderiam apoiar um candidato e um partido que hoje continuaram vilipendiando os “imigrantes ilegais” e que está dedicando boa parte de sua convenção a reiterar como os imigrantes estão minando e até ameaçando os Estados Unidos.

Metade do voto latino

María Elvira Salazar, deputada federal republicana da Flórida, comentou que “Trump poderia ser o primeiro presidente na história do país a obter mais de 50% do voto latino”.

Embora outros sugeriram que um êxito seria conquistar 40 a 45% desse voto, que um ex-presidente e candidato que repetidamente acusa mexicanos de serem violadores e criminosos possa alcançar esse nível potencial de apoio é extraordinário.

E agora não é só Trump, mas seu novo candidato à vice-presidência, o senador por Ohio J.D. Vance, quem está alinhado nesse tema com seu chefe. Em um vídeo de campanha emitido há dois anos, Vance declara ante a câmera: “Você é um racista, odeia os mexicanos? Os meios de comunicação nos chamam de racistas por querer construir o muro de Trump. Nos censuram, mas ocultam a verdade. A fronteira aberta de Joe Biden está matando cidadãos de Ohio. Mais drogas ilegais e mais votantes democratas estão inundando este país. Este tema é pessoal. Quase perdi minha mãe pelo veneno que está chegando através da fronteira. Nenhuma criança deveria crescer como órfã”.

Em um evento patrocinado por Axios e Univision em torno à convenção, Salazar foi perguntada sobre esses comentários. “Realmente não são palavras muito bonitas. Mas o fato é que se a oportunidade está aí para um melhor salário ou uma melhor oportunidade para seu filho ir a uma melhor escola, se não há inflação, se a fronteira não está aberta… há quatro anos, vejam a economia; todo hispano estava trabalhando”, insistindo em que durante a presidência de Trump tudo era melhor para os latinos.

A deputada Mónica de la Cruz coincidiu. “Bem, creio que o senador Vance foi uma opção excelente e sim, creio que conectará com eleitores e levará, em particular, hispanos para o Partido Republicano, a votar pelo Presidente Trump. A razão número um é que os hispanos tendem a ter famílias maiores”.

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O que pensam os latinos

Ao mesmo tempo, a pesquisadora Harris emitiu hoje uma sondagem que parece corroborar que os eleitores latinos estão sobretudo focados na economia. “Quando vê quais são os três temas de maior importância no país para os latinos [a primeira é economia], minhas finanças pessoais, inflação, moradia acessível, salários”, explicou John Gerzema, diretor de Harris. E isso é o mais importante por uma margem de 3 a 1 comparado com os outros dois temas principais, que são direitos reprodutivos e migração, afirmou.

Alfonso Aguilar, do American Principles Project, diz que os latinos estão mudando sua posição sobre as políticas de controle fronteiriço. “Creio que muitos democratas e talvez muitos [líderes] imigrantes estavam argumentando que os hispanos favoreciam políticas fronteiriças mais benévolas. Quando vê a sondagem, a maioria está a favor de políticas mais estritas sobre a segurança fronteiriça e imigrantes não autorizados”.

Em entrevista à La Jornada, David Lara, do Arizona explicou que seus pais foram migrantes mexicanos legais provenientes de Sonora e Baixa Califórnia e assegurou que hoje “quase todo latino no Arizona é conservador”. Em seu discurso, Lara disse que “a gente que está transportando as drogas é mexicana”;

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Gerzema comentou que “se o Partido Republicano pode entender os votantes latinos e o que estão buscando nestas mensagens mais populistas, e girarem um pouco de ser o partido dos grandes empresários a um partido para o meu negócio e criar uma relação mais pessoal, terão muito êxito”.

Aguilar não é tão otimista quanto Salazar em que Trump e seu partido lograrão captar o voto latino, mas afirma que “é muito possível que nesta eleição logremos captar 45% no nível nacional, o que seria um ponto a mais que o que captou George W. Bush em 2004 [o mais alto para os republicanos na história] se não me engano”.

O país invadido e Trump, o quase mártir

O desfile de oradores – ex-pré-candidatos à vice-presidência, candidatos a postos legislativos e figuras reconhecidas do partido – competiram por oferecer uma mensagem combinando de que tão mal está o país invadido por imigrantes criminosos e drogas mexicanas com uma mensagem de que a última esperança é o retorno do quase mártir para resgatar o país.

De vez em quando, o roteiro variou do enfoque sobre migrantes a outras ameaças, como o socialismo. O presidente da câmara baixa, Mike Johnson, declarou ante a convenção que “a esquerda” está buscando impor “uma utopia marxista socialista” nos Estados Unidos, e que Trump nunca permitirá tal coisa. DeSantis acusou que Biden é só um títere da esquerda e insinuou que Bernie Sanders é o marionetista.

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Johnson insistiu que os republicanos “somos o partido da lei e ordem”, aparentemente decidindo ignorar que o candidato presidencial deste partido é hoje um criminoso convicto. E enquanto denunciava a falta de “lei e ordem” e acusava os imigrantes de serem criminosos, os republicanos ofereceram o pódio a delinquentes que participaram no intento de golpe de Estado impulsado por Trump e incitaram à sua convenção outros que foram acusados criminalmente de fraude, conspiração e de fabricar documentos falsos, entre outros delitos.

Golpista protagoniza juramento

De fato, a primeira sessão desta convenção foi iniciada com o juramento de lealdade aos Estados Unidos encabeçado por Debbie Krauldis, que participou no comício que culminou no assalto ao Capitólio, reportou o Washington Post. Uma e outra vez, os oradores afirmaram que todos os males, do ingresso de migrantes, do crime, das drogas cessarão, magicamente ao parecer, no dia em que seja eleito presidente Trump. Trump, pela segunda noite, entrou no ritmo da canção YMCA (um hino gay dos anos setenta) à arena para sentar-se no palco VIP e absorver as ondas de elogios e tributos com um sorriso de monarca.

Mas também os republicanos buscam mais votos com este espetáculo, e hoje conseguiram oferecer a imagem de unidade partidária com a presença da ex-pré-candidata presidencial republicana Nikki Haley, que endossou o candidato. Declarou que “a gente não tem que estar de acordo com Trump 100% do tempo para votar por ele. Eu não estou” e sublinhou que “temos um país para salvar” votando por Trump.

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Talvez o orador mais eloquente tenha sido um bulldog, que só mirou ao público sem oferecer nenhuma desinformação nem atacou a nenhum imigrante. Subiu ao pódio ao lado de seu dono, o governador de West Virginia, Jim Justice, político que tem enfrentado múltiplas multas e acusações criminais por corrupção (não se atreveu a culpar um mexicano de seus problemas legais).

O poeta

Nos diferentes stands por toda a zona do Foro Fiserv, a arena em que se realiza a convenção e os centros de convenções ao seu redor, se vende todos os tipos de produtos de propaganda trumpista, mas há um que surpreendeu: com uma faixa que dizia “Poesia Trump” e “o maior poeta da nossa geração”, promovendo que seja declarado “poeta laureado” dos Estados Unidos, se vendia um livro que inclui todos os tuítes e mensagens do ex-presidente, elogiando quão lírica é sua mensagem.

Além da Disneylândia trumpista realizada dentro da fortaleza no centro de Milwaukee transmitida ao país, a campanha de seu adversário e presidente do país, Joe Biden, continuava navegando em uma crise interna de confiança enquanto tentava contrariar o espetáculo republicano. De fato, a campanha enviou representantes a Milwaukee para responder e refutar os ataques republicanos e para insistir que Biden permanecerá como o candidato democrata à presidência.

Mas a crise de confiança dentro do Partido Democrata em torno do seu candidato ainda não foi superada. Até hoje, pelo menos 19 legisladores federais democratas apelaram a que Biden ceda a candidatura a outra pessoa, e não cessa o debate interno sobre se o presidente deve ou não abandonar seus esforços de reeleição.

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As pesquisas continuam mostrando um empate técnico no nível nacional, mas com Trump com uma vantagem em vários estados-chave em que Biden ganhou há quatro anos.

“A coroação de um candidato ‘salvo por Deus’”

Donald Trump foi coroado esta quarta e última noite da convenção nacional de um Partido Republicano absolutamente sob seu controle, oferecendo um de seus discursos clássicos, mas com um giro diferente – declarou que Deus ao salvou da bala de um assassino para prosseguir com seu propósito especial ao apresentar-se agora como um líder de todos os estadunidenses e não só de seu partido.  

“Diga luta, luta, luta.  Diga Trump, Trump, Trump”, foi o novo rap oferecido por Kid Rock para esquentar o ambiente e preparar o cenário para o que todos esperaram por quatro dias. 

Trump apareceu, com sua agora famosa orelha vendada, sobre o palco ante os gritos enquanto se toca um canção patrioteira abençoando Estados Unidos, saudando ante o delírio de sua catedral política.  

“Eu me apresento aqui com confiança, fortaleza e esperança”., ao declarar que “ganharemos” em novembro e com isso “começaremos os quatro anos mais grandiosos na história de nosso país”. Declarou que “a divisão em nosso país tem que ser curada. Surgimos juntos ou nos desfazemos”. 

Em um discurso que deixava de ter forma, ao rondar por todos os temas que são parte de seu marco e repetindo pontos já abordados, o tema favorito foi o da “invasão” de imigrantes. “Estão chegando de cada quadrante da terra, é uma invasão de fato e este governo não faz nada para freá-lo. [Os países] está esvaziando seus cárceres e seus manicômios…”

Em outro momento disse que essa “invasão massiva na nossa fronteira está difundindo miséria, crime, enfermidade e destruição de comunidades por todo o país”. E prometeu que continuará a construção do muro para frear “essa invasão que está mantém a centenas de milhares de cidadãos cada ano… não podemos permitir isso”.

E em outro mais, acusou que “100% dos empregos são tomados por estrangeiros ilegais… e que isso está afetando a afro-estadunidenses, latinos e sindicatos”.

“Restaurar as fronteiras sagradas de Estados Unidos no primeiro dia… Fechar nossas fronteiras”, prometeu. E ofereceu gráfico, que estava mostrando quando quase foi assassinado, sobre os cruzamentos de imigrantes, brincando que esse lhe salvou a vida. Reiterou que “lançaremos a maior operação de deportação da história dos Estados Unidos”.

Trump iniciou seu discurso contanto sua experiência no intento de assassinato concluindo que só sobreviveu porque “tenho Deus ao meu lado”. E agradeceu o amor que mostrou o público que “não me queriam deixar”. E contou que ele levantou o punho e gritou “Luta, luta, luta”. O público respondeu com a mesmo.

Repetiu “só estou aqui pela graça de Deus”.

Sublinhou que “regressará Estados Unidos à cima da civilização” e que elevará o país a “uma nova idade de ouro”.

Em resposta a seus competidores e críticos de que representa uma ameaça à democracia dos Estados Unidos, declarou “eu sou o que está salvando a democracia para o povo”. Exigiu que seus competidores freiem “as caçadas de bruxa” contra ele nos tribunais, insistindo que todas as acusações são falsas.

“Esta será a eleição mais importante de nossas vidas”, asseverou ao insistir em que há crise em todas as frentes, econômico, social e no âmbito internacional, e advertindo que “estamos à beira da Terceiro Guerra Mundial”.

Acusou que os chineses estão construindo fábricas automotrizes no, entre as maiores de mundo. “Essas fábricas devem ser construídas nos Estados Unidos”, disse. E se isso acorrer poremos uma taxa entre 100 e 300% sobre cada carro. “Não deixaremos que países tomem nossos empregos e explorem nosso país”.

“Eu recuperarei o sonho americano”, assegurou. Com um transfundo da Casa Branca, prometeu um paraíso de preços mais baixos, mais produção de hidrocarbonetos, frear a migração, baixa impostos, e não gastar em iniciativas “verdes” incluindo pôr fim ao mandato sobre veículos elétricos.

Para preparar o cenário para o agora coroada candidato republicano, a noite final desta convenção incluiu discursos por familiares e figuras próximas ao ex-presidente, incluindo o segundo filho de Trump, Eric – foi notável que sua filha Ivanka e sua esposa Melania não se apresentassem ao microfone, embora aparecessem no palco para escutar o discurso do candidato.

Revezaram no microfone admiradores do círculo interno de Trump, exibindo o elenco eclético que rodeia ao ex-presidente e seu movimento. Entre eles, o ex-lutador de luta livre famoso e depois ator Hulk Hogan – que foi recebido com coros de “USA, USA” (quem sabe por que) – e Dana White, executivo da associação de luta extrema, elogiaram que tão forte é seu amigo.

A presença de lutadores tem lógico já que muito eventos de Trump, e sua retórica, se parecem ao mundo da luta livre, com bons e maus que ingressam ao quadrilátero, com reações orquestradas do público, e queixas de árbitros incompetentes. Hogan usou vocabulário desse mundo, comparando a energia nesta convenção à que sentia em seus campeonatos no Madison Square Garden e como as manobras da luta livre são comparáveis à luta de “meu herói Donald Trump… com ele seremos heróis outra vez”. Trump se levantou e fez o gesto de um beijo.

Também apareceram nesta, a noite mais importante da convenção, o reverendo Franklin Graham, filho do famoso pastor Billy Graham, o qual foi um dos primeiro líderes a defender a Trump quando começou a circular versões de sua relação ilícita com a atriz Stormy Daniels, e o ex-secretário de Estado Mike Pompeo.

Uma narrativa forjada para este espetáculo político foi a unidade junto com a denúncia repetida da “esquerda radical” corrupta que aparentemente está na controle do Washington dedicada a destruir o país.

E uma e outro vez, como sucedeu ao longo da semana, o nome de Deus. O pastor afro-estadunidense Lorenzo Sewell declarou ante a convenção que “Deus quer usar a Donald para seu trabalha neste mundo”. Quase todos repetiram que o milagre de escapar da bala assassina no passado sábado, gora permitirá que prossiga, segundo esse roteiro, em sua aparenta missão divina de “Fazer grande outra vez mais a América”.

Quase ao final da noite, um trumpista se virou a ver estes repórteres e perguntou: “são marxistas ou jornalistas? São jornalistas ou propagandistas?”.

A família apareceu no palco na clausura do grande espetáculo com a banda tocando “Hold on I’m coming” de Sam & Dave e os milhares de globos das cores patrióticas caíram de teto sobre a convenção.

E o cantor final ofereceu-se uma ária de Puccini (mas estes correspondentes não são tão cultos para identificar qual).

“Fazer supremo aos Estados Unidos no mundo”

Na terceira noite da convenção, a mensagem foi que os Estados Unidos só poderão recuperar seu destino de ser a nação suprema do mundo se Donald Trump regressar à Casa Branca.

O tema deste terceiro dia foi “Fazer América forte outra vez” e a noite começou com a filha de uma imigrante mexicano seguida por um rancheiro texano que acusaram que os imigrantes “ilegais” ameaçam Estados Unidos e transportam drogas ilícitas. A ameaça global primária esta noite e de fato toda esta semana foram os imigrantes e a fronteira aberta. 

Greg Abbott, governador do Texas, declarou que “Texas é o maior estado fronteiriço” e, portanto, necessita de um presidente que assegurará a fronteira”.

Condenou que quando Joe Biden chegou à presidência, desmantelou as medidas que Trump impulsionou para controlar a fronteira, “o resultado foi catastrófico… mais de 11 milhões de ilegais cruzaram a fronteira”. Abbott disse que “reforçará as leis migratórias, combaterá os cartéis de droga mexicanos e prenderá os imigrantes ilegais e os regressará”.

“Send them back, send them back” (regresse-os), disseram em coro em resposta os milhares de delegados e convidados.

Outros oradores incluíram um ex-chefe da agência de imigração e aduanas, o ex-chefe de inteligência nacional, um ex-presidente da câmara baixa, e um empresário com negócios na fronteira, e um par que se enfocaram na “soberania energética” petroleira.

Insistiu-se na visão nacionalista híbrida de Trump, de que todo gira em torno ao que chamam “Estados Unidos Primeiro”.

Uma e outra vez, oradores e vídeos ofereceram expressões de que Estados Unidos é menor seguro e mais débil com Biden, desde a fronteira a todas as frontes do mundo, chegando até afirmações de que vários conflitos atuais não teriam sucedido. “Não houve novas guerras, nenhuma invasão da Ucrânia e não houve ataques contra Israel sob a presidência de Trump”, declarou um marine em uma mensagem por vídeo à convenção.

Houve um desfile de oradores que ressaltaram todos os fracassos e tragédias de Biden como comandante em chefe, desde viúvas de militares que pereceram durante a retirada do Afeganistão, famílias que perderam filhos em guerras nos últimos quatro anos e que foram consoladas por Trump. “O presidente Biden recusou reconhecer nossa perda. Donald Trump esteve junto a nós”, comentou uma viúva militar. “Joe tem que ir embora”, disseram em caso na arena ao escutar a famílias que perderam filhos na retirada das tropas no Afeganistão, seguido por ‘USA, USA”.

Depois houve um vídeo denunciando os protestos em solidariedade com Gaza e a defesa da bandeira estadunidense ante supostos ataques de manifestantes -incluindo a presença dos estudantes “patrióticos” que protegeram a bandeira, acompanhados por um cantor de country entoando “Espírito americano”.

E ato seguido, houve um par de apresentações denunciando o “antissemitismo” que se gerou pelo conflito em Gaza em universidades em apoio à promessa de Trump de deportar manifestantes estrangeiros. Também se apresentaram os pais de um refém estadunidense de Hamas (obviamente não houve famílias de filhos palestinos na convenção, nem foram mencionados).

A noite culminou com parte da família do candidato. A surpresa foi o primeiro discurso de uma neta de Trump, que cumpriu seu papel de oferecer uma mirada carinhosa de seu avô.

Seu pai, Donald Trump Jr, filho mais velho do presidente, foi o encarregado de apresentar o novo candidato a vice-presidente, J.D. Vance, e recordar que seu pai, quando foi quase assassinado, tem “o coração de um leão”, e que nesse momento, representou não só a si mesmo, mas “o caráter do país” ao levantar com o punho em alto, e a bandeira atrás.

Acusou à “esquerda” e seus meios de “mentir” sobre seu pai. Os fiéis disseram em coro uma e outra vez: “Trump, Trump”.

“Não está fazendo por ele, está fazendo para todos os que estão aqui e os que estão vendo”, afirmou, tudo para “salvar o país que amamos”.

“Este novembro é uma decisão entre Estados Unidos ao fundo ou Estados Unidos Primeiro”, concluiu afirmando que seu pai “fará América Grande outra vez mais”.

La Jornada, especial para Diálogos do Sul – Direitos reservados.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

David Brooks Correspondente do La Jornada nos EUA desde 1992, é autor de vários trabalhos acadêmicos e em 1988 fundou o Programa Diálogos México-EUA, que promoveu um intercâmbio bilateral entre setores sociais nacionais desses países sobre integração econômica. Foi também pesquisador sênior e membro fundador do Centro Latino-americano de Estudos Estratégicos (CLEE), na Cidade do México.
Jim Cason Correspondente do La Jornada e membro do Friends Committee On National Legislation nos EUA, trabalhou por mais de 30 anos pela mudança social como ativista e jornalista. Foi ainda editor sênior da AllAfrica.com, o maior distribuidor de notícias e informações sobre a África no mundo.

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