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ToggleO retrato ao apoio da população ao dirigente mostra confiança e capacidade de governar o país na pandemia
A ausência de coordenação global entre os países permite que cada Estado possa tomar decisões com base na soberania nacional no que diz respeito à interpretação da melhor forma de combate ao novo coronavírus.
Desta forma, vislumbrar os casos de Brasil e Argentina é relevante para entender o conteúdo transmitido à população e como isso influência no respeito às medidas que são recomendadas por autoridades sanitárias, já que a pandemia atinge, ao mesmo tempo, às duas nações.
Os dirigentes dos dois países estão em lados opostos na seara da política latino-americana. O mandatário brasileiro demonstra contrariedade com o presidente argentino desde a época da campanha eleitoral, desqualificando-o ao afirmar que a assunção de Alberto Fernández não se configuraria a melhor opção para a Argentina e, por ocasião de sua vitória, não o prestigiou, ao se ausentar na transmissão de cargo, ocorrida em dezembro de 2019.
Entretanto, as diferenças entre os mandatários se aprofunda no atual momento, onde as atitudes expõem o grau de distanciamento dos discursos e mostra a habilidade de contornar a crise sanitária.
Geonotícias
Enquanto no Brasil, Jair Messias continua criando confusão, Alberto Fernández unificou o país para combater a pandemia
Sintonia na Argentina e questionamentos no Brasil
O mandatário argentino, ao determinar medidas de proteção à saúde em detrimento às de economia, obtém apoio da população que as aplica em seu cotidiano, o que não se observa no Brasil, onde o presidente desqualifica evidências científicas, atrapalha as medidas de governadores e prefeitos e indica o uso de fármacos e tratamentos sem comprovação de eficiência por autoridades médicas.
A Argentina, mesmo com maior dificuldade econômica que o Brasil consegue imprimir medidas que são executadas com transferências de recursos aos mais necessitados, bem como auxílio ao setor produtivo, enquanto aqui o governo encontra percalços para conceder aos invisibilizados o auxílio emergencial de cidadãos que não constam nas bases de dados do governo e, assim, gera transtornos e frustra expectativas.
Desobediência e colapso à vista: retrato do Brasil
Além disso, verifica-se no Brasil a sucessão de atos contínuos de desobediência ao distanciamento social, lideradas pelo presidente da República, que impulsiona seus seguidores, não alinhado com os demais poderes e esferas federativas e cuja resposta se nota no colapso iminente no sistema de saúde, que vai replicar com a mesma magnitude no sistema funerário em cidades brasileiras que vão adotar o lockdown como resposta a pressão ao caos sanitário que já ganha repercussão internacional.
Do outro lado da fronteira, o apoio da oposição e da população às medidas de distanciamento social, mostra a horizontalidade linear do discurso que credencia o presidente Alberto Fernández como líder da nação argentina e exemplo para a região. A sensação de segurança que os argentinos possuem nas medidas aplicadas pelo governo, sem contestação científica, mostra o amadurecimento da população e que podem ser traduzidas pelos números apresentados no combate à pandemia.
Cada parceiro segue rumos diferentes
Os rumos tomados em direções opostas por Brasil e Argentina demonstram a dificuldade que precisam ser superadas em termos de cooperação continental. No que se refere às medidas de combate à pandemia, o Brasil perde a janela de oportunidade de se credenciar como líder natural da América Latina, pois a opção em conduzir de forma negacionista a crise do novo coronavírus mostra o distanciamento em momentos em que é imprescindível a unidade, compartilhamento de experiências e trocas de informações, visando combate eficaz, mas o fosso construído pelo incumbente brasileiro impede frontalmente a realização do bem comum.
A construção de medidas e o apoio da população verificada na Argentina se reflete no êxito do combate à pandemia, mesmo com severas dificuldades. Ao contrário, o Brasil permanece no embate ferrenho de autoridades, população dividida e sem timoneiro, o que auxilia a compreensão da escalada ascendente do novo coronavírus, da queda da popularidade do presidente da República e em aberturas de inquéritos e processos que podem questionar sua capacidade frente à gestão do governo, o que não se nota no país vizinho, pois unido consegue vencer com eficiência o que no Brasil se perde com o discurso.
Rogério do Nascimento Carvalho, colaborador da Diálogos do Sul
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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