“O imperialismo norte-americano é o grande problema do mundo.” A frase contundente da pesquisadora em Relações Internacionais Rose Martins sintetiza sua participação no Dialogando com Paulo Cannabrava desta terça-feira (3). Especialista em geopolítica da Rússia, Rose alerta sobre o risco de um conflito global e responsabiliza a política externa dos Estados Unidos pelo agravamento das tensões.
Durante a conversa, ela destaca que “o mundo vive o início de uma nova disputa sobre como será governado”, marcada pela ascensão de novos polos de poder, como a China e a Rússia. Para Rose, as intervenções militares e a presença de bases dos EUA em diversas partes do mundo alimentam instabilidades regionais e ameaçam a paz global. “Enquanto existir o imperialismo norte-americano, os outros Estados vão dar algum tipo de resposta”, afirma.
Rose ressalta que a atual rivalidade entre Washington e Moscou “atingiu uma espécie de ponto de não retorno”, e lembra que a guerra da Ucrânia é um exemplo de como Washington utiliza conflitos por procuração para desgastar seus adversários. “Os russos falam muito sobre isso: a Ucrânia é um proxy, é uma guerra entre a Rússia e a Otan travada no território ucraniano”, explica.
Ao analisar a possibilidade de um confronto nuclear, a pesquisadora aponta que, embora improvável uma guerra direta entre as potências, “qualquer gesto mais ousado, como um ataque surpresa ou uma intervenção militar direta dos Estados Unidos ou de um dos loucos da Otan, pode transformar a guerra da Ucrânia em um conflito global”.
Sobre o papel do Brics no cenário internacional, Rose vê potencial, mas também limitações. “Tentam construir um bloco coeso como alternativa ao poder econômico dos EUA, mas ainda são um arranjo, não uma instituição como a União Europeia”, pondera.
A pesquisadora conclui com uma crítica à ausência de mudanças estruturais na política externa estadunidense: “Enquanto os Estados Unidos continuarem promovendo intervenções militares e políticas imperialistas, o mundo seguirá altamente tensionado”.
A entrevista completa está disponível no canal da TV Diálogos do Sul Global, no YouTube: