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Imagens: Candidatos (Reprodução / X) | Bandeira do Uruguai (wirestock / Freepik)

Rumo à eleição presidencial, Uruguai tem primárias neste domingo (30). O que dizem as pesquisas?

Processo de primárias determinará os candidatos definitivos das diferentes opções políticas no Uruguai; pleito presidencial acontece em 27 de outubro
Pablo Álvarez, Bahía Luna
Celag
Buenos Aires

Tradução:

Ana Corbisier
  • Neste domingo, 30 de junho, serão realizadas as eleições internas partidárias no Uruguai. Este processo de primárias determinará os candidatos definitivos das distintas opções políticas às vésperas das eleições presidenciais.
  • Nas primárias abertas o voto é optativo.
    • A participação em 2019 foi de 40%.
  • No Uruguai, as eleições presidenciais ocorrerão no próximo dia 27 de outubro.
    • Para vencer no primeiro turno, será necessário obter 50% mais um dos votos; se isso não acontecer, haverá segundo turno entre os dois candidatos mais votados, em 24 de novembro.
  • Os uruguaios elegerão, ainda, as câmaras legislativas, renovando-se estas em sua totalidade. O voto é obrigatório nas eleições gerais e não é permitida a reeleição consecutiva do presidente.

 

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O Partido Nacional (PN) e a Frente Ampla (FA)

  • No que diz respeito à interna do Partido Nacional, atualmente no Governo, o cenário encontra-se praticamente definido. A totalidade das pesquisas prevê a vitória de Álvaro Delgado por ampla margem em relação à segunda alternativa, Laura Raffo, uma economista que foi candidata à Prefeitura de Montevidéu em 2019.
    • Delgado é ex-secretário da Presidência do atual Governo e aparece como o mais bem posicionado para substituir Luis Alberto Lacalle Pou, já que propõe a continuidade política e programática da gestão atual.
  • No campo opositor, os olhares nesta eleição estão voltados para a interna da Frente Ampla. Os principais candidatos são Yamandú Orsi e Carolina Cosse.
    • Orsi, prefeito do município de Canelones no período de 2015-2024, conta com o apoio do Movimento de Participação Popular (do ex-presidente José ‘Pepe’ Mujica), entre outros grupos.
    • Por sua vez, Cosse foi, durante o período de 2020-2024, prefeita de Montevidéu, capital do país. Tem o apoio do Partido Comunista e do Partido Socialista, entre outros.
    • Todas as pesquisas publicadas nos últimos meses dão por vencedor Yamandú Orsi, ainda que algumas mostrem um cenário mais equilibrado (Ver gráfico anexo).
  • Entre os demais partidos que apresentarão suas candidaturas neste 30 de junho encontra-se o tradicional Partido Colorado, o conservador Cabildo Aberto, o Partido Independente e o recentemente criado Partido Libertário, um espaço que emula as ideias e a idiossincrasia de Javier Milei na Argentina e aspira entrar na Câmara. O único requisito para poder participar das eleições presidenciais e parlamentares para estes partidos é apresentar-se à interna e obter mais de 500 votos.

 

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Cenário político e social: deterioração econômica, problemas de insegurança, narcotráfico e corrupção.

  • Segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), em 2023 a pobreza no Uruguai ficou em 10,1%, o que representa 1,3 pontos percentuais acima de 2019 -antes da pandemia. Entre os menores de seis anos, a incidência da pobreza foi de 20,1%, mais de três pontos acima do nível pré pandemia e mais de nove vezes superior aos de mais de 65 anos.
  • De acordo com dados da Cepal, o Uruguai é o país com o perfil mais infantilizado de pobreza da região, isto é, com a maior diferença entre pobreza infantil e pobreza média. Um em cada cinco crianças é pobre no país, representando 40% do total da população em situação de pobreza.
  • Além disso, segundo o INE, neste período de governo aumentou a desigualdade no Uruguai. Enquanto em 2019 10% das pessoas com rendas mais altas ganhavam 11 vezes mais que os 10% mais pobres, hoje já ganham quase 12 vezes mais.
  • Outro tema que se encontra no centro do debate público é a insegurança. Segundo a empresa de pesquisas Factum, 53% da população considera que a segurança pública, a violência e o narcotráfico fazem parte de suas principais preocupações sociais, à frente mesmo dos temas econômicos (34%).
  • Em relação a este ponto, o Governo de Lacalle Pou viu prejudicada sua imagem de garantidor da segurança ao ver-se envolvido em inumeráveis escândalos vinculados ao narcotráfico e à corrupção. Para mencionar só alguns: o caso Astesiano (o ex guarda-costas do presidente atualmente preso por falsificação de passaportes e espionagem ilegal), o caso Marset (o narcotraficante a quem o Governo uruguaio deu passaportes ilegais), o caso Penadés (o ex-senador do PN condenado por abuso e exploração sexual de menores), entre outros. Embora – apesar destes eixos de conflito – a imagem do atual presidente se mantem estável, a sociedade uruguaia registra estes acontecimentos com grande preocupação.

 

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Desafios às vésperas de 27 de outubro

  • Rumo ao 27 de outubro, o principal desafio da FA é chegar consolidada e com suficientes apoios diante de um cenário previsível de segundo turno em novembro. O progressismo latino-americano vem tendo sérias dificuldades para, sendo a minoria majoritária no primeiro turno, enfrentar as frentes comuns de direita e centro-direita que se lhe opõem no segundo turno.
  • Às vésperas do primeiro turno, a maioria das pesquisas dão à Frente Ampla em torno de 43%. Um estudo recente da Factum convalida esta cifra para a FA, atribuindo 30% ao Partido Nacional (PN), 12% ao Colorado (PC), 5% ao Cabildo Aberto (CA), 3% ao Partido Independente, 1% à Unidade Popular, 2% a outros partidos e 4% em branco ou nulos. Este cenário poderia prefigurar o temido cenário do bloco anti-FA no segundo turno.
  • A médio prazo, caso seja vencedora da disputa eleitoral, a FA deverá assumir seus compromissos programáticos em matéria econômica, política, social, cultural e de comunicações. O espaço do progressismo deverá consolidar-se como uma proposta superadora do impasse governamental da direita em um país onde a FA foi hegemônica nas últimas décadas. Antecipa-se que o objetivo seria gerar transformações relevantes para não ser um Governo “de passagem”, e sim parte central de um projeto político de longo prazo.

 

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Pablo Álvarez Licenciado em Ciências Políticas (Universidade da República), mestrando em História Econômica (UdelaR), deputado nacional pela Frente Ampla (2005-2010), diretor-geral do Ministério da Educação e Cultura (2010-2015) e coordenador geral do Escritório de Planejamento e Orçamento da Presidência da República (2015-2018).
Bahía Luna Licenciada em Comunicações (UBA), mestranda em Estudo das organizações do estado, do âmbito privado e do terceiro setor (ONGs) e especialista em comunicação política e redes sociais.

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