Pesquisar
Pesquisar
Andrei Belousov (Foto: Kremlin)

Rússia: ações e documentos da Otan mostram intenção de guerra na Europa

Segundo Andrei Belousov, ministro da Defesa russo, Moscou se prepara para qualquer cenário. Já Putin acrescenta: Ocidente empurra Rússia a “limites que não podem ficar sem resposta”
Juan Pablo Duch
La Jornada
Moscou

Tradução:

Beatriz Cannabrava

A Rússia está se preparando para enfrentar qualquer cenário em sua crescente confrontação com o Ocidente e não descarta que, dentro de alguns anos, no decorrer desta década, haverá uma guerra na Europa com os países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), afirmou nesta segunda-feira (16) o ministro russo da Defesa, Andrei Belousov, ao falar diante dos participantes da reunião ampliada do alto comando do exército, presidida pelo presidente Vladimir Putin.

“Nos baseamos no que dizem as decisões tomadas, em julho deste ano, pela cúpula da aliança norte-atlântica, assim como no que se depreende dos principais documentos dos Estados Unidos e de outros países da Otan”, acrescentou Belousov.

EUA transformam guerra na Ucrânia em conflito global, afirma Putin

Por sua vez, o líder do Kremlin, que aprovou o relatório apresentado pelo ministro sobre o desempenho dos militares durante 2024 e definiu as tarefas prioritárias para o próximo ano, enfatizou que a Rússia não ameaça ninguém com seu arsenal nuclear e afirmou que tudo o que faz para modernizar esse tipo de armamento deve ser visto como parte de sua “política de contenção”.

Nesse sentido, anunciou que, o mais rápido possível, começará a produção em série do novo míssil balístico hipersônico Oreshnik (Avellano), com alcance de até 5.500 quilômetros, responsabilizando os Estados Unidos por romper o tratado de proibição de mísseis de curto e médio alcance e por ter planos de instalar esse tipo de armamento próximo às fronteiras da Rússia.

Putin está satisfeito com os avanços

Putin mostrou-se satisfeito por ter libertado nos últimos 12 meses 189 localidades na Ucrânia e pelo fato de que, em média, “mil pessoas se incorporam diariamente ao exército por contrato”. De acordo com a narrativa das autoridades russas, ele afirmou: “Não lutamos contra o povo ucraniano, combatemos contra um regime neonazista em Kiev que tomou o poder em 2014 por meio de um golpe de Estado”.

Nesse contexto, o ministro da Defesa declarou que o exército russo cumpriu este ano as tarefas estabelecidas por Putin “em meio a um duro enfrentamento com o Ocidente coletivo, que continua se tornando mais intenso e amplo”.

Análises em Moscou e Kiev apontam: “forças ucranianas estão desmoronando”

O líder russo concordou: “O Ocidente continua tentando impor ao mundo suas regras, mas para ele não existe mais do que uma única regra: a sua própria”, o que, segundo ele, empurra a Rússia a “limites que não podem ficar sem resposta”.

Belousov informou que o exército russo “liberou cerca de 4.500 km² de território ocupado pelo inimigo (Ucrânia)” e que os neonazistas controlam menos de 1% de Lugansk e ainda entre 25% e 30% de Donetsk, Zaporíjia e Kherson”.

O titular da pasta da Defesa revelou que, atualmente, os gastos militares da Rússia equivalem a 6,3% do Produto Interno Bruto (PIB), ou seja, 32,5% do orçamento federal.

“É bastante dinheiro, aproximadamente 2,5% do PIB a mais do que antes, e é preciso gastá-lo de forma muito racional”, afirmou Putin, acrescentando que a Rússia não pode “continuar aumentando indefinidamente esses desembolsos, pois também é necessário desenvolver a economia, a educação, a saúde e a ciência”, concluiu.

Comunicado de Bashar al-Assad

Nove dias depois de deixar o poder na Síria, Bashar al Assad emitiu um comunicado desde Moscou – intitulado “Explicação sobre as circunstâncias que me levaram a deixar a Síria” e distribuído através do Telegram – onde assegura que não traiu seu povo:

“A pessoa que nunca abandonou a resistência na Palestina e no Líbano, nem traiu os aliados que o apoiaram, não pode ser a mesma pessoa que renuncia ao seu próprio povo ou trai seu exército e a nação à qual pertence”, reflete Al Assad.

E prossegue: “durante os últimos acontecimentos, não considerei nem por um instante a possibilidade de renunciar ou solicitar asilo político, nem recebi qualquer proposta nesse sentido de qualquer parte ou indivíduo. O único plano de ação era continuar lutando contra o massacre terrorista”.

“À medida que as forças terroristas se infiltravam em Damasco, me desloquei para Lataquia, em coordenação com nossos aliados russos, para supervisionar as operações de combate”, acrescenta, pontuado que, porém, ao chegar ao aeródromo de Hmeimin, na manhã de 8 de dezembro, “ficou claro que nossas forças haviam se retirado completamente de todos as frentes de batalha e que a última posição do exército havia caído”.

Assine nossa newsletter e receba este e outros conteúdos direto no seu e-mail.

E ressalta: “sem opções viáveis para sair dali, Moscou ordenou à comandância da base minha imediata evacuação para a Rússia na tarde de domingo, 8 de dezembro”, um dia após a queda de Damasco.

La Jornada, especial para Diálogos do Sul Global – Direitos reservados.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul Global.

Juan Pablo Duch Correspondente do La Jornada em Moscou.

LEIA tAMBÉM

China, Brics e dólar por que Pequim pode minguar “América grande de novo” de Trump
China, Brics e dólar: por que Pequim pode minguar “América grande de novo” de Trump?
Monroísmo renascido Trump vai levar imperialismo dos EUA a novos extremos
Monroísmo renascido: Trump vai levar imperialismo dos EUA a novos extremos
Incêndios em Los Angeles irresponsabilidade, ganância e arrogância das elites
Incêndios em Los Angeles: a irresponsabilidade, ganância e arrogância das elites
Acordo histórico ou promessa vazia Palestinos avaliam anúncio de cessar-fogo entre Israel e Hamas
Acordo histórico ou promessa vazia? Palestinos avaliam anúncio de cessar-fogo entre Israel e Hamas em Gaza