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É imperativo que a sociedade civil se mobilize para garantir que os direitos básicos, como o acesso à água, sejam preservados e respeitados (Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil)

Sabesp privatizada: desmonte de Tarcísio encarece água e endivida mais pobres

Na lógica privatista, aumentos de tarifa são frequentemente justificados por supostas melhorias nas infraestruturas; no entanto, em SP, não é isso o que se observa
João Baptista Pimentel Neto
Baú Do Pymentas
Rio Claro (SP)

Tradução:

Promovida pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (PR), e concretizada em julho de 2024, a privatização da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), uma das maiores empresas de saneamento da América Latina, tem gerado intensos debates e preocupações entre a população paulista. Embora o governo argumente que a medida visa melhorar a eficiência dos serviços prestados e atrair investimentos, as primeiras consequências já começam a ser percebidas, como o aumento do custo da água e a consolidação de um cenário preocupante para os cidadãos mais vulneráveis.

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Desde que a privatização foi anunciada, o custo da água aumentou significativamente. A expectativa de melhoria na qualidade e na abrangência dos serviços não se manteve à altura das promessas, e muitos cidadãos estão agora enfrentando dificuldades financeiras devido ao encarecimento da tarifa. Para as famílias de baixa renda, que já sobrecarregam seus orçamentos para atender às necessidades básicas, o aumento da água tem sido um verdadeiro golpe, gerando um ciclo de endividamento e precarização ainda maior.

Os críticos da privatização argumentam que, ao transferir a gestão de um serviço público essencial para a iniciativa privada, o foco passa a ser o lucro em detrimento do bem-estar social. A lógica de mercado prevalece, e o acesso à água, um direito humano fundamental, transforma-se em uma mercadoria. Além disso, aumentos de tarifas são frequentemente justificados por gastos com melhorias nas infraestruturas; no entanto, na prática, esses investimentos não têm sido proporcionalmente visíveis ou efetivos.

Outro ponto a ser destacado é a falta de transparência nos processos decisórios da nova gestão privada. Os cidadãos, que antes tinham a oportunidade de participar ativamente da formulação das políticas públicas de saneamento, veem-se agora à margem de decisões que impactam diretamente suas vidas. A privatização da Sabesp parece ter criado um abismo entre os gestores da companhia e a população que depende dos serviços prestados.

Diante desse cenário, a mobilização social se tornou essencial. Vários grupos e organizações têm se reunido para questionar a legitimidade do processo, exigir explicações sobre os aumentos nas tarifas e lutar pela reinstauração do acesso democrático à gestão do saneamento. Sem dúvida, os rumos que essa discussão tomará nos próximos meses definirão não apenas o futuro da Sabesp, mas também o bem-estar de milhões de paulistas.

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Em suma, o processo de privatização da Sabesp, ao que tudo indica, trouxe mais desafios do que promessas cumpridas para a população. À medida que os impactos negativos se acumulam, é imperativo que a sociedade civil se mobilize para garantir que os direitos básicos, como o acesso à água, sejam preservados e respeitados. Somente através do diálogo e da pressão popular será possível reverter essa trajetória preocupante e construir um modelo de saneamento que atenda às necessidades de todos.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul Global.

João Baptista Pimentel Neto Jornalista e editor da Diálogos Do Sul.

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