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Pedro Sánchez e Giorgia Meloni (Foto: La Moncloa / Flickr)

Sánchez “supera” fascismo de Meloni e concede à premiê mais alta honraria da Espanha

Primeira-ministra da Itália, Meloni se tornou uma das aliadas de Sánchez ao negociarem nomeações de conselheiros da Comissão Europeia

Armando G. Tejeda
La Jornada
Madri

Tradução:

Beatriz Cannabrava

O governo espanhol, integrado pela coalizão do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) e Sumar, e presidido por Pedro Sánchez, decidiu aprovar no último Conselho de Ministros uma série de condecorações de Estado, que nesta ocasião recairá na primeira-ministra da Itália, a ultradireitista Giorgia Meloni, que receberá a Grande Cruz da Ordem de Isabel a Católica.

O mandatário espanhol qualificou, há apenas alguns meses, Meloni como “fascista” e membro da “internacional ultradireitista”; no entanto, agora ela se tornou uma de suas aliadas na União Europeia (UE), com quem negociou as nomeações dos conselheiros da atual Comissão Europeia (CE).

Os mais altos reconhecimentos do Estado espanhol foram aprovados em uma sessão colegiada, na qual, como é habitual, participaram todos os ministros com pasta, tanto os que procedem do PSOE quanto os da coalizão Sumar, que inclui representantes do Partido Comunista Espanhol (PCE) e da Esquerda Unida, além de correntes na Catalunha, Madri e Galícia desta plataforma de partidos de esquerda.

Além de Meloni, o governo espanhol também concederá as distinções ao presidente da Itália, Sergio Mattarella, e ao ministro de Assuntos Exteriores italiano, Antonio Tajani, que é, entre outras coisas, o responsável pela política migratória desse país, considerada por vários organismos internacionais como uma violação dos direitos humanos.

As críticas

Em maio, quando o partido de extrema-direita espanhol Vox organizou um encontro internacional em Madri, no qual participaram Meloni e o argentino Javier Milei, o presidente Sánchez e seus ministros qualificaram o encontro como uma “internacional direitista” e acusaram os participantes de serem “defensores de regimes fascistas”.

No entanto, depois que Meloni assumiu o poder na Itália, Sánchez manteve reuniões com ela e, inclusive, negociou os nomes do atual governo europeu, razão pela qual Meloni aceitou apoiar a ex-ministra espanhola e hoje vice-presidenta da CE, Teresa Ribera, em troca de que o socialismo espanhol e europeu apoiassem os conselheiros propostos pela líder italiana, o que permitiu que as forças de extrema-direita entrassem pela primeira vez no Executivo comunitário.

As condecorações foram concedidas em razão da visita de Estado que os reis da Espanha, Felipe VI e Letizia, realizarão na próxima terça-feira à Itália, com o objetivo de estreitar ainda mais as relações bilaterais entre os dois países.

La Jornada, especial para Diálogos do Sul Global – Direitos reservados.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul Global.

Armando G. Tejeda Mestre em Jornalismo pela Jornalismo na Universidade Autónoma de Madrid, foi colaborador do jornal El País, na seção Economia e Sociedade. Atualmente é correspondente do La Jornada na Espanha e membro do conselho editorial da revista Babab.

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