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Espanha anuncia fechamento de fronteiras e drástica redução da mobilidade interna

Entrada só será permitida aos espanhóis e residentes, mas restrições não terão efeito no transporte de mercadorias para preservar a cadeia de abastecimento
Armando G. Tejeda
La Jornada
Madri

Tradução:

Pela primeira vez na história desde a livre circulação de pessoas na União Europeia (UE), o governo espanhol, através do ministro do interior, Fernando Grande-Marlaska, anunciou ontem o fechamento das fronteiras terrestres diante do avanço sem trégua do Covid-19, do qual houve dois mil novos contagiados do domingo a segunda. 

Em uma entrevista coletiva urgente, Grande-Marlaska anunciou as novas medidas que foram adotadas em coordenação com outros países europeus para fechar completamente as fronteiras terrestres. Os únicos que poderão entrar serão os espanhóis e os residentes; além disso, se endureceram os critérios de circulação no interior do país, para fazer com que a população permaneça o maior tempo possível em suas casas e frear a propagação do vírus. 

As restrições de entrada não terão efeito no transporte de mercadorias para preservar a cadeia de abastecimento. Tampouco afetará o pessoal diplomático. 

Entrada só será permitida aos espanhóis e residentes, mas restrições não terão efeito no transporte de mercadorias para preservar a cadeia de abastecimento

Facebook / Reprodução
O ministro do interior, Fernando Grande-Marlaska, anunciou ontem o fechamento das fronteiras terrestres

O Comitê de Gestão Técnica informou que o número de mortes é de 341, com 9.890 contagiados dos quais em torno de 40% necessita, atendimento hospitalar. Entre os novos infectados figuram a presidenta da Comunidade de Madri, Isabel Díaz Ayuso, e o presidente da Catalunha, o nacionalista Quim Torra, os quais se somam a uma longa e diversa lista de dirigentes políticos afetados pela pandemia, como a ministra de Igualdade, Irene Montero, o vice-presidente catalão, Pere Aragonés, ou o líder do partido de extrema direita Vox, Santiago Abascal. 

Fernando Simón, o epidemiologista à frente do gabinete de crise do governo espanhol, explicou que está previsto que nos próximos dias, e apesar das medidas adotadas recentemente, seguirá crescendo de forma exponencial o número de afetados. Calcula-se que haverá a cada dia 25% mais de positivos que no dia anterior. 

Simón explicou que “sabemos como se pode controlar o vírus e também sabemos que a situação foi mudando. É importante que as pessoas dos grupos de risco se protejam e se protejam muito. E temos que agir conscientemente de que é preciso manter a tensão. Temos que buscar maneiras de atravessar esse período da forma mais adequada porque o certo é que os períodos de quarentena na etapa final são complicados. Mas se aplicarmos as medidas e seguirmos fortemente as recomendações é muito provável que o impacto na luta contra a pandemia seja rápido e drástico. Os resultados serão vistos em três ou quatro dias como mínimo”. 

Apesar das restrições à mobilidade ordenadas pelo governo espanhol após decretar o “estado de alarme”, nos três de curto percurso entre as principais cidades, sobretudo Madri e Barcelona, registraram-se na hora de pico vários momentos de aglomerações, que são precisamente o pior caldo de cultura para que se siga propagando a pandemia. O governo explicou que, no geral, houve uma redução de 25% dos passageiros nos veículos de transporte público, o que permitiu que na maioria dos casos se mantivesse a distância de segurança. 

No desenvolvimento do plano de choque, o destacamento do exército em todo o país também continua, o que ajudará no trabalho humanitário e de saúde, especialmente nas áreas de maior contágio e onde também é necessário apoio no trabalho médico. Atualmente, os militares já estão presentes em mais da metade do território espanhol. 

Nas Ilhas Canárias, os aeroportos estiveram abarrotados de turistas que exigiam sair.

Armando G. Tejeda, correspondente La Jornada em Madri

La Jornada, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.

Tradução: Beatriz Cannabrava


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
Armando G. Tejeda Mestre em Jornalismo pela Jornalismo na Universidade Autónoma de Madrid, foi colaborador do jornal El País, na seção Economia e Sociedade. Atualmente é correspondente do La Jornada na Espanha e membro do conselho editorial da revista Babab.

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