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Com mais de 90 mil mortos, Brasil não consegue passar da "primeira onda" de Covid-19

Enquanto o mundo teme uma segunda onda, graças ao negacionismo e descaso do governo federal, o Brasil vive uma situação diferente e pandemia se interioriza
Gabriel Valery
Rede Brasil Atual
São Paulo (SP)

Tradução:

O Brasil tem 90.134 cidadãos mortos pela Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus. Nas últimas 24 horas, foram “oficialmente” registrados 1.664 novos óbitos e o número de infectados teve um acréscimo de 72.377 pessoas.

Os dados não incluem os números de São Paulo e do Pará, que não divulgaram seus boletins nesta terça-feira (28). Desde o início da pandemia, em março, 2.553.265 brasileiros foram infectados.

Estes números foram divulgados pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), que também alerta para a ocorrência de uma ampla subnotificação de registros no país, fato que vem sendo denunciado por trabalhadores da saúde, cientistas e reconhecido por autoridades.

O Brasil é um dos países do mundo que menos aplica testes de Covid-19 à sua população. Neste cenário, a subnotificação tende a ser ampliada, conforme o vírus se interioriza e somente os grandes centros possuem capacidade de medicina diagnóstica.

Enquanto o mundo teme uma segunda onda, graças ao negacionismo e descaso do governo federal, o Brasil vive uma situação diferente e pandemia se interioriza

Rede Brasil Atual
Mundo civilizado teme segunda onda do novo coronavírus. Já o Brasil, não tem previsão de superar a primeira

Segunda onda só lá fora

A Espanha registrou um aumento de novos casos de contágio de 75% em quatro dias, o que fez com que o Reino Unido retornasse com restrições nas fronteiras. A ilha estuda impor restrições a todos os viajantes do continente. A Alemanha, apontada como exemplo no combate ao vírus, teme o recrudescimento da pandemia.

“A pandemia ainda está longe de ter passado no mundo. Pelo contrário: a curva das novas infecções globais continua a crescer exponencialmente. Portanto, dia após dia há cada vez mais pessoas recém-infectadas – e não menos. A pandemia é agora ainda mais perigosa do que era no primeiro dia”, afirmou o periódico alemão DW, em editorial.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) voltou hoje a reforçar as recomendações de isolamento social. “Não vamos voltar ao ‘velho normal’. A pandemia já mudou a forma como vivemos nossas vidas”, disse em coletiva o diretor-geral da organização, Tedros Adhanom.

A situação no Brasil é mais delicada. O país não tem a chamada segunda onda como previsão. Isso, porque a falta de controle do vírus, a ausência de políticas de isolamento e o descaso das autoridades fez com que a pandemia de covid-19 se estabilizasse em números considerados muito elevados. Há mais de um mês o país é o epicentro do vírus, com mais mortes diárias em todo o mundo.

Comportamento atípico

Novos estudos avaliados pela OMS indicam que a covid-19 não segue os mesmos padrões dos vírus da gripe. Patógenos como a influenza A e a H1N1 tendem a se dissipar com maior facilidade durante estações frias. Essa característica os classifica como vírus sazonais.

Já o vírus da covid-19, o Sars-CoV-2, não avança desta forma, mas sim em ondas. Logo, os verões não são fatores que impedem o avanço da pandemia. Uma prova disso é o Brasil, severamente afetado durante em regiões quentes. Uma das cidades onde a tragédia se abateu com mais força no país foi Manaus, que tem médias regulares de temperatura acima dos 30 graus durante todo o ano.

“As pessoas ainda estão pensando sobre estações do ano. O que todos precisamos ter na cabeça é que esse é um novo vírus e… esse está se comportando de forma diferente”, disse a coordenadora da OMS Margaret Harris.

Logo, medidas de isolamento social mais intensas, chamadas de “lockdown”, podem estar no horizonte próximo. “Se você tem um aumento de uma doença respiratória quando já tem um fardo muito grande de doenças respiratórias, isso coloca ainda mais pressão no sistema de saúde”, completou a coordenadora.

Gabriel Valery, da RBA


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
Gabriel Valery

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