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Trump silencia o povo em casa e promove a violência lá fora. Mas os protestos crescem, e o grito "Sem reis" ecoa como um lembrete de que a democracia ainda respira. (Foto: Chad Davis / Wikimedia Commons)

Cannabrava | “Sem reis”: o povo nas ruas contra o autoritarismo de Trump

De norte a sul dos EUA, o clamor por democracia se espalha de forma inédita, repudiando um Trump cuja violência é promovida não apenas em casa, mas no mundo

Paulo Cannabrava Filho
Diálogos do Sul Global
São Paulo (SP)

Tradução:

Multidões em cerca de 2.600 cidades estadunidenses estão nas ruas. O clima é de festa, mas os cartazes dizem muito: “Sem reis”. Não querem um rei, nem um imperador, nem um ditador. Querem liberdade, querem democracia. A mensagem é clara: o povo rejeita o autoritarismo de Donald Trump, que segue ignorando essas vozes e conduz o país a uma guerra que ninguém pediu.

Esse número expressivo mostra a dimensão do descontentamento popular. De norte a sul, o clamor por democracia e pelo fim do autoritarismo de Trump se espalha de forma inédita. É um movimento que une cidades pequenas e grandes metrópoles em um único grito: não queremos reis, queremos liberdade e respeito às instituições democráticas. Cada uma dessas 2.600 cidades se torna um símbolo da resistência ao autoritarismo e da luta por um futuro mais justo.

Enquanto Trump despreza os apelos populares e as manifestações democráticas, avança com uma agenda belicista. Sua guerra não é mais contra o terrorismo: agora, ele elevou os narcotraficantes à categoria de terroristas. Com isso, pretende justificar ataques e intervenções em territórios soberanos, especialmente na América Latina. A Venezuela é alvo antigo, mas agora a ofensiva se volta também contra a Colômbia, cujo presidente, Gustavo Petro, foi insultado publicamente e acusado de chefia do narcotráfico.

Esse discurso agressivo tem respaldo em setores do Congresso e da mídia, que naturalizam o intervencionismo estadunidense sob a capa da guerra contra as drogas. Mas é evidente que se trata de uma estratégia de dominação regional, com interesse em recursos e controle político. A militarização das relações internacionais é a marca do governo Trump.

Ao mesmo tempo, assistimos ao agravamento do genocídio palestino. A guerra do Trump é também a guerra dos sionistas de Israel. Como era previsível, Israel não respeitou o cessar-fogo e voltou a bombardear Gaza. Centenas de palestinos voltaram a ser assassinados sob os olhos omissos da comunidade internacional, enquanto os EUA bloqueiam qualquer avanço na ONU.

Milhares protestam no centro de Minneapolis no sábado, 18 de outubro de 2025, como parte do protesto nacional “No Kings!”. (Foto: Chad Davis / Wikimedia Commons)

No caso de Gaza, a situação se agrava ainda mais. A violação do cessar-fogo por Israel não é apenas um ato isolado, mas parte de uma política sistemática de opressão. O povo palestino, já exausto de décadas de conflito, enfrenta novos bombardeios que ceifam vidas inocentes e destroem infraestruturas vitais. Enquanto isso, a comunidade internacional hesita, e os EUA, sob Trump, bloqueiam qualquer tentativa de mediação real. Assim, a tragédia palestina se aprofunda, tornando-se um símbolo doloroso do preço da inação global e do apoio incondicional ao sionismo.

O autoritarismo é interno e externo. Trump silencia o povo em casa e promove a violência lá fora. Mas os protestos crescem, e o grito “Sem reis” ecoa como um lembrete de que a democracia ainda respira.

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul Global.

Paulo Cannabrava Filho Iniciou a carreira como repórter no jornal O Tempo, em 1957. Quatro anos depois, integrou a primeira equipe de correspondentes da agência Prensa Latina. Hoje dirige a revista eletrônica Diálogos do Sul Global, inspirada no projeto Cadernos do Terceiro Mundo.

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