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Senado chileno barra juiz direitista nomeado por Boric para Procuradoria Nacional

José Morales Opazo, conhecido como "coveiro" de investigações, precisava de 33 votos, mas obteve apenas 31 dos 50 senadores em exercício
Aldo Anfossi
La Jornada
Santiago

Tradução:

O Senado do Chile recusou a controversa candidatura do advogado José Morales Opazo para ocupar o cargo de procurador nacional durante os próximos oito anos, cujo nome havia sido proposto pela presidente da república, Gabriel Boric, infringindo assim uma derrota política ao governo.

Morales, atual chefe adjunto da procuradoria Santiago Norte, obteve o respaldo de 31 dos 50 senadores em exercício, mas sua ratificação requeria um mínimo de 33; seis parlamentares votaram contra e oito se abstiveram. 

Os votos contra e as abstenções foram de senadores dos partidos opositores Democracia Cristiana (DC), Renovação Nacional (RN), e dos oficialistas Socialista e Frente Regionalista Verde Social (FRVS) e independentes.

José Morales Opazo, conhecido como "coveiro" de investigações, precisava de 33 votos, mas obteve apenas 31 dos 50 senadores em exercício

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Com tão má reputação, muitos se perguntavam por quê Boric escolheu o nome de José Morales Opazo

O nome de Morales, favorito da direita e também de setores da centro-esquerda, suscitava suspeitas e resistências porque tem a reputação de “enterrar” acusações penais nas quais foram imputados penalmente figuras da política e do grande empresariado, ao ponto de que nos ambientes judiciais é conhecido pelo apelido de “coveiro” pela lentidão excessiva e injustificada de suas investigações. 

Sabas Chahuán, um ex-procurador nacional que dirigiu o Ministério Público entre 2007 e 2014, atacou fortemente a candidatura de Morales quando há alguns dias disse que ele “não tem o perfil nem as competências necessárias” para o cargo, porque “atrasa os casos ou as abrevia ao extremo, não realiza todas as diligências que são pertinentes. Nunca tive a impressão de que o senhor Morales seja particularmente diligente, rápido nem minucioso; e também não é isento de reprovações, ele foi amplamente reprovado”. 

Com essa reputação, muitos se perguntavam por que o presidente Boric escolheu seu nome entre os cinco que selecionou e apresentou para a Corte Suprema, entre 17 aspirantes examinados. 

As explicações apontam no sentido de que gerava consenso amplo entre setores governistas e opositores, pelo menos justo e necessário para que fosse aprovado. O cálculo mal feito e que finalmente falhou causa uma derrota política grave a Boric e particularmente às suas ministras do Interior, Carolina Tohá; de Justiça, Marcela Ríos; e da Secretaria Geral da Presidência, Ana Lya Uriarte, que foram responsabilizadas por praticar um forte lobby promovendo-o. 

Na hora de justificar seu voto contrário, o senador independente Karim Bianchi, argumentou que “há uns aqui endossaram o financiamento ilegal da política e apoiam Morales. E isso me faz duvidar. Eu não quero que com um voto se tenha uma apólice de seguro. O que o Presidente Boric quis fazer foi evitar um fracasso político e conversou com a (direitista) UDI (União Democrata Independente). Nem o melhor “coveiro” pode enterrar o sistema binominal”, aludindo assim à contagem política. 

Assim, cabe agora ao Supremo Tribunal enviar a Boric um novo grupo de nomes – obviamente sem o do falido Morales – para que se repita o processo. 

O Ministério Público é uma instituição severamente questionada por sua lentidão de atuação ou total morosidade na justiça, e há consenso de que necessita de profundas transformações.

Aldo Anfossi | Correspondente do La Jornada em Santiago do Chile.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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