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Sequestro de María Corina Machado é mentira para gerar caos na Venezuela antes da posse de Maduro

Nesta quinta circularam de boatos de que María Corina Machado teria sido sequestrada. Meios de comunicação e políticos ajudaram a espalhar a mentira rapidamente desmentida

Vanessa Martina-Silva
Diálogos do Sul Global
Paraty (RJ)

Tradução:

A rede de desinformação e manipulação em torno da reeleição do presidente Nicolás Maduro, na Venezuela, voltou a ser ativada. Na tarde desta quinta-feira (9), circulam de boatos de que María Corina Machado, figura da extrema-direita venezuelana, teria sido sequestrada pelo governo venezuelano. Meios de comunicação internacionais e políticos ligados à direita e à extrema-direita têm ajudado a espalhar a mentira.

De acordo com o jornalista Jorge Gestoso, às 15h37, uma agência de informação argentina publicou a notícia do suposto sequestro, e às 17h05 a mesma fonte afirmava que ela havia sido liberada. Pouco depois, a própria María Corina gravou um vídeo afirmando que está bem e que apenas perdeu sua bolsa, onde estavam pertences pessoais.

Analistas internacionais ouvidos pela CNN Chile e pela TV Caracol, colombiana, tiveram dificuldade para explicar os supostos motivos pelos quais o governo bolivariano teria sequestrado Corina Machado por tão pouco tempo para depois libertá-la. A aposta estaria na suposta divisão interna do governo repressivo.

Imagem nas redes sociais mostra Corina Machado gravando vídeo enquanto estava supostamente sequestrada @RoiLopezRivas

Na esteira da repercussão internacional, o presidente chileno, Gabriel Borich, que se autointitula de esquerda, aproveitou o momento para tentar melhorar sua imagem interna e fez um discurso inflamado chamando Nicolás Maduro de ditador e o regime de repressor.

Como funciona a manipulação:

Esse episódio segue o modelo clássico de fabricação de fake news para desestabilizar processos políticos legítimos, como as eleições realizadas em julho de 2024, vencidas por Nicolás Maduro.

Divulgação X
  • Boato inicial: Informações sem comprovação são divulgadas por agências ou figuras alinhadas à oposição, como Edmundo González, que se autodenomina “presidente eleito” da Venezuela.
    Amplificação por aliados: Políticos de direita e extrema-direita, como Iván Duque, Juan Manuel Santos e Rick Scott, replicam a falsa narrativa, dando a ela uma aparência de legitimidade.
  • Propagação pela mídia: Grandes veículos de comunicação ajudam a espalhar a desinformação, muitas vezes sem checar os fatos, até que a mentira alcance o grande público e pareça verdade.
Foto da chamada do canal Globo News na tarde desta quinta-feira

Quem é María Corina Machado?

María Corina Machado é uma política e empresária venezuelana conhecida por seu alinhamento com a extrema-direita e sua atuação golpista contra o governo bolivariano em diversas ocasiões.

Foi desqualificada para concorrer às eleições presidenciais de 2024 por irregularidades e processos judiciais. Mesmo assim, encontrou um fantoche, Edmundo González, para levar adiante seu plano de tomada do poder.

Em sua trajetória, chegou a defender as sanções impostas pelos Estados Unidos que agravaram a crise econômica do país e promoveu discursos que favorecem elites locais e interesses estrangeiros.

Fracasso da mobilização da direita:

Enquanto a desinformação circulava nas redes sociais e entre apoiadores internacionais, a realidade nas ruas da Venezuela era outra. A oposição, que apostava em mobilizações massivas às vésperas da posse de Nicolás Maduro, não conseguiu atrair apoiadores. As ruas permanecem vazias, em contraste com o apoio popular registrado em favor do governo bolivariano.

Apoio a Nicolás Maduro

Enquanto a oposição enfrenta dificuldades para mobilizar seus apoiadores, milhares de venezuelanos tomaram as ruas de Caracas e outras cidades do país, em caravanas, marchas e manifestações populares em apoio à Revolução Bolivariana.

A mobilização demonstra não apenas o respaldo ao governo reeleito, mas também a defesa de um projeto político que prioriza a soberania nacional, a justiça social e a paz, mesmo diante de sanções internacionais e tentativas de desestabilização.

Desestabilização planejada:

Essa campanha de desinformação ocorre em um momento estratégico: às vésperas da posse de Nicolás Maduro, que será realizada nesta sexta-feira, 10 de janeiro de 2025. O objetivo mais uma vez é desacreditar o governo internacionalmente e fomentar caos político internamente. No entanto, o desmascaramento rápido da mentira enfraquece essas tentativas.

* Este texto foi produzido com o auxílio de inteligência artificial


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul Global.

Vanessa Martina-Silva Trabalha há mais de dez anos com produção diária de conteúdo, sendo sete para portais na internet e um em comunicação corporativa, além de frilas para revistas. Vem construindo carreira em veículos independentes, por acreditar na função social do jornalismo e no seu papel transformador, em contraposição à notícia-mercadoria. Fez coberturas internacionais, incluindo: Primárias na Argentina (2011), pós-golpe no Paraguai (2012), Eleições na Venezuela (com Hugo Chávez (2012) e Nicolás Maduro (2013)); implementação da Lei de Meios na Argentina (2012); eleições argentinas no primeiro e segundo turnos (2015).

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