Pesquisar
Pesquisar
Luiz Gonzaga Belluzzo e Cleonildo Cruz, diretores de "Operação Condor"

Série “Operação Condor” vai ampliar debate iniciado por “Ainda Estou Aqui”, apontam diretores

“Operação Condor” vai explorar crimes ditatoriais na América Latina e, assim como “Ainda Estou Aqui”, tem como tema central a luta por verdade, memória e justiça
Guilherme Ribeiro
Diálogos do Sul Global
São Paulo (SP)

Tradução:

No último domingo (2), o filme brasileiro “Ainda Estou Aqui” conquistou o Oscar de Melhor Filme Internacional.

A cerimônia era aguardada com grande entusiasmo no Brasil, considerando o alcance da produção a nível mundial, a expectativa pela primeira estatueta brasileira e o compromisso do longa-metragem em expor os crimes da ditadura militar no Brasil.

Agora, o audiovisual nacional se prepara para receber “Operação Condor”, série de TV dirigida por Cleonildo Cruz e Luiz Gonzaga Belluzzo. A produção vai retratar de forma inédita os aspectos sombrios da aliança repressiva entre Chile, Brasil, Argentina, Bolívia, Peru, Paraguai e Uruguai na segunda metade do século 20.

“Ainda Estou Aqui”, dirigido por Walter Salles, se concentra no Brasil e na experiência de Eunice Paiva, interpretada pela brilhante e talentosa Fernanda Torres. Após o desaparecimento de seu esposo, Rubens Paiva — interpretado de maneira igualmente esplêndida por Selton Mello —, Eunice se vê forçada a lutar por verdade, memória e justiça e a provar que Rubens foi sequestrado e assassinado pela ditadura militar.

“Operação Condor”, por sua vez, vai explorar as atrocidades que atingiram tanto o Brasil, como toda a América Latina, com sete episódios cujas gravações começam neste mês de março.

Para os diretores, Cruz e Belluzo, o primeiro Oscar de Melhor Filme Internacional para “Ainda Estou Aqui” deve ser comemorado: “É tempo de celebrar e colocar o pé na estrada da América Latina, junto ao amigo e economista Luiz Gonzaga Belluzzo”, afirma Cleonildo Cruz. Vale lembrar que as filmagens de “Operação Condor” vão rodar em todos os sete países vítimas da manobra golpista.

“A produção buscará revelar os detalhes dessa colaboração que resultou em graves violações aos direitos humanos, como torturas, assassinatos e desaparecimentos forçados, com apoio logístico e financeiro dos Estados Unidos e a também com a participação de nações europeias”, acrescenta Cruz. 

Um aspecto importante, também investigado em “Operação Condor”, são as conexões econômicas que sustentaram essa aliança repressiva. Belluzzo, especialista no tema e co-diretor da série, destaca a importância de compreender o papel daqueles que foram os sustentáculos financeiros da aliança, bem como a política econômica utilizada pelos regimes.

Verdade, Memória e Justiça

“Operação Condor” assume o propósito de dar continuidade ao debate iniciado por “Ainda Estou Aqui” para permitir ao público compreender com profundidade as consequências da colaboração transnacional autoritária. Neste sentido, ambas as produções tem como tema central a luta por verdade, memória e justiça, o que as tornam peças importantes no processo de reconstrução da memória histórica e na busca pela responsabilização dos crimes cometidos pelas ditaduras militares.

A série pretende ampliar a compreensão de como os regimes nos diferentes países atuaram conectados e coordenados para silenciar opositores, levar a cabo um genocídio político e cravar um capítulo sombrio na história da América Latina.

“Operação Condor” já é aguardada com grande entusiasmo e credibilidade, graças ao apoio de importantes instituições nacionais e internacionais nas áreas de educação, direitos humanos e engenharia, incluindo o Parlamento do Mercosul, o Instituto de Políticas Públicas em Direitos Humanos do Mercosul (com sede em Montevidéu), o Museu de Memória e Direitos Humanos do governo do Chile, a Internacional de la Educación (IE) e a Internacional de la Educación América Latina.

Para saber mais, confira nossa seção especial: “Série Operação Condor”.

João Vicente Goulart declara apoio à reabertura da investigação sobre a morte de Jango


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul Global.

Guilherme Ribeiro Jornalista graduado pela Unesp, estudante de Banco de Dados pela Fatec e colaborador na Revista Diálogos do Sul Global. Mais conteúdos em guilhermeribeiroportfolio.com

LEIA tAMBÉM

Jornalista brasileiro denuncia perseguição por agentes da Ucrânia no Brasil
Jornalista brasileiro denuncia perseguição por agentes da Ucrânia no Brasil
Literatura foi 'campo de batalha' para mulheres no século 19, analisa historiadora
"Literatura foi 'campo de batalha' para mulheres no século 19", analisa historiadora
DALL·E 2025-03-14 17.56
A ruína dos EUA vista por dentro: desemprego, violência e um futuro sem esperança sob Trump
papa-franesco-standard
Frei Betto | Retrocesso na Igreja: por que a sucessão do papa Francisco preocupa em eventual renúncia?