A crise que Porto Rico atravessa há cinco anos se agrava hoje com os danos causados pela explosão causada no sudoeste do país pelo furacão Fiona.
O problema foi agravado pela incapacidade do consórcio privatizador canadense-estadunidense LUMA Energy de responder às necessidades do povo porto-riquenho, particularmente nas áreas mais remotas de cidades como Ponce (sul) ou Mayagüez (oeste), que ficaram sem energia elétrica desde 18 de setembro.
Embora a empresa norte-americana tenha afirmado que restaurou 99% do serviço aos 1,5 milhão de assinantes absorvidos da Autoridade de Energia Elétrica (AEE), a realidade é que muitos prefeitos continuam exigindo atenção para suas cidades.
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Não é, em muitos casos, a falta de energia elétrica, mas dado o número de idosos acamados, muitos necessitam do serviço para sua sobrevivência.
Ao mesmo tempo, existem setores que, por falta de energia elétrica, ficam privados do serviço de água potável fornecido pela Autoridade de Aquedutos e Esgotos (AAA).
O governador de Porto Rico, Pedro R. Pierluisi, justificou os problemas durante uma reunião pública com os membros da Junta de Supervisão Fiscal (JSF) – organização criada por Washington diante da falência fiscal do governo – dizendo que as plantas de geração da AEE “sofreram danos significativos”.
Pierluisi estimou preliminarmente em 10 bilhões de dólares os danos causados pelo Fiona, um furacão de categoria um, que causou principalmente inundações e danos às estradas, mas que por 23 dias manteve a ilha caribenha de 3,2 milhões de habitantes desligada, sob o domínio colonial dos Estados Unidos.
Prensa Latina
Vários setores, “desde sindicatos a aposentados”, pedem a suspensão da privatização de serviços essenciais
O presidente expressou que seu governo está trabalhando em conjunto com a Agência Federal de Manejo de Emergências (FEMA) para garantir a reconstrução após o furacão María, que avançou muito pouco desde que atingiu Porto Rico em 20 de setembro de 2017.
Aos males naturais ocorridos, incluindo os terremotos ocorridos no sul do país em dezembro de 2019 e janeiro de 2020, somam-se agora os problemas de geração nas usinas de Aguirre e Costa Sur, e a interrupção da EcoEléctrica e AES Puerto Rico devido à falta de matéria-prima, principalmente gás.
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“Apesar de a geração estar disponível na semana passada, não é menos verdade que há problemas adicionais, como danos às usinas de Aguirre e Costa Sur, ao terminal de gás natural da EcoEléctrica e ao sistema de injeção de carvão AES”, explicou Pierluisi.
Esta combinação de problemas tem causado suspeitas porque, segundo alguns setores, o que se pretende agora é acelerar a privatização da geração de eletricidade, que a AEE controla em coordenação com as empresas privadas EcoEléctrica e AES Puerto Rico.
Apesar das cifras multimilionárias que o governo dos Estados Unidos destinou para a reconstrução do país, a Junta pretende impor maiores encargos ao povo porto-riquenho para o pagamento da dívida de nove bilhões de dólares do AEE nos próximos 50 anos.
Precisamente, esse passo foi dado na última semana no que diz respeito à aprovação do Plano de Ajuste da Dívida (PAD) da Autoridade de estradas e Transportes (ACT) pela juíza federal Laura Taylor Swain, que trata da falência fiscal da ilha. O governador Pierluisi garantiu que o plano é necessário e que reduz essa dívida em 80%, mas desaprova a intenção do Conselho de aumentar os custos de pedágio anualmente pelos próximos 30 anos.
Ele sugeriu que o governo e a Junta Fiscal, criticados pelo desperdício de milhões de dólares, possam gerar receita de forma mais eficaz, sem a necessidade de impor aumentos tão drásticos nos pedágios.
“A lógica e o dever devem prevalecer em todos os momentos e é por isso que o governo e a diretoria devem explorar outras alternativas”, disse ele.
Enquanto isso, vários setores, “desde sindicatos a aposentados”, pedem a suspensão da privatização de serviços essenciais, como eletricidade, para evitar o colapso de Porto Rico, cuja era, de suposta prosperidade sob o governo dos Estados Unidos, chegou a um fim desbotado.
Nestor Rosa-Marbrell | Correspondente do Prensa Latina em San Juan, Porto Rico.
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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