“Me preocupa mais o nosso silêncio do que o que eles fazem”, afirma o cineasta e agitador cultural Silvio Tendler sobre a urgência de reagir à ofensiva ideológica da extrema-direita no Brasil.
Em entrevista ao jornalista Paulo Cannabrava Filho, no programa “Dialogando com Paulo Cannabrava” da última quinta-feira (10), Tendler aponta que a esquerda e o campo democrático estão perdendo a guerra cultural, e alerta: “Se não nos organizarmos rapidamente, temos muitas chances de perder a próxima eleição e voltarmos a ser governados por fascistas.”
O diretor denuncia o abandono da comunicação estratégica por parte do governo: “Desde o 8 de janeiro, nós não temos um filme, um documentário, nada produzido de forma ampla para explicar o que aconteceu e quem são os apoiadores do fascismo.” Para ele, enquanto a direita investe em produtos audiovisuais de qualidade para romantizar os criminosos, “nós ficamos num bate-boca estéreo pelas redes sociais”.
Tendler critica também a ausência de políticas públicas consistentes para a cultura e para a preservação da memória. “Estamos sem política de comunicação, sem política cultural, sem estratégia. A Ancine está abandonada, a TV Brasil não valoriza o cinema brasileiro.” Ele revela que um de seus filmes ficou anos engavetado, mesmo após a volta de um governo progressista.
Ao comentar a tentativa de anistiar os responsáveis pelos atos golpistas, ele é direto: “É uma maluquice você anistiar alguém antes mesmo de ser julgado.” Para Tendler, o Supremo Tribunal Federal tem atuado de forma correta, mas o Congresso “joga pesado para garantir a impunidade”.
Ele ainda reforça a importância do cinema político e da educação cultural desde a infância: “A escola é a raiz. Se inserirmos a cultura sem medo nas escolas, formaremos adultos melhores.” E defendendo o papel do cinema como ferramenta de transformação, sugere: “A arte pode e deve combater as fake news. O cinema muda a vida.”
Silvio encerra com um chamado à resistência e à produção cultural engajada: “A única batalha que a gente perde é a que não se combate.” A entrevista completa está disponível no canal da TV Diálogos do Sul Global no YouTube: