“O Sul Global tem tudo para derrotar o império.” A afirmação de Dilermando Toni, jornalista, ex-editor do jornal A Classe Operária e membro histórico do PCdoB, lança luz sobre o ponto central de sua análise durante entrevista ao programa Dialogando com Paulo Cannabrava, no dia 8 de maio.
Na conversa, Toni resgata o papel da União Soviética na derrota do nazismo e critica a tentativa do Ocidente, especialmente dos EUA, de reescrever a história da Segunda Guerra Mundial, apagando o protagonismo comunista.
Para ele, a política externa dos Estados Unidos, agravada durante o governo Trump, já não tem a mesma força sobre o Sul Global. “Trump tenta restaurar a hegemonia perdida dos EUA, mas o mundo já mudou. Vivemos o início de uma nova ordem multipolar, onde potências como China e Rússia desafiam a lógica de dominação”, afirma.
O Brics, segue o especialista, é a expressão concreta dessa mudança: “Se torna um polo de atração para países que buscam autonomia. A aliança entre Rússia e China é central, e a presidência do Brasil nesse bloco abre uma janela de oportunidade que não podemos desperdiçar.”
Criar alternativas ao dólar e aos sistemas financeiros dominados pelo Ocidente é outra questão enfatizada por Toni: “A dominação do dólar é uma questão de tempo. As transações entre países com moedas locais e o fortalecimento de instituições como o Novo Banco de Desenvolvimento indicam que há alternativas reais”, explica.
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Sobre o cenário brasileiro, Dilermando analisa as limitações do Lula 3 diante de uma correlação de forças desfavorável, na qual não há um governo revolucionário e nem forte movimento de massas nas ruas. Porém, acrescenta: “O grande mérito do governo Lula é a defesa da democracia. Isso precisa ser valorizado.”
Nesse sentido, ele critica também a visão de setores da esquerda que atacam o ministro da Economia como neoliberal. “Haddad não é o ápice do pensamento progressista, mas está longe de ser neoliberal. O problema é que o governo enfrenta um Congresso hostil, um Banco Central herdado e uma base social fragilizada”, avalia.
Com otimismo, Toni encerra apontando o futuro: “O Sul Global tem a maioria da população, dos recursos naturais e das economias em crescimento. A vitória nos pertence, mas é preciso consciência, unidade e projeto político.”
A entrevista completa está disponível no canal da TV Diálogos do Sul Global no YouTube: